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EXCLUSÃO DO ENSINO SUPERIOR
Dos 1000 melhores do ENEM 49% são homens brancos e 6% são mulheres negras
Silas Pereira
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A análise dos dados dos mil melhores colocados no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2016 mostrou diversas disparidades, provas da continuidade das desigualdades capitalistas.

O vestibular não é uma forma de acesso à universidade, mas responsável por impedir que se veja o verdadeiro problema na educação: a exclusão pelo limite de vagas públicas. A ilusão de que pelo esforço se consegue cursar uma universidade pública e a competitividade imposta pelo processo é fundamental para deturpar a visão sobre o problema da exclusão. A formação dos grandes monopólios da educação que se beneficiam como alternativa. A leitura desses dados serve para realçar quanto o racismo e a machismo influenciam no desempenho dessas minorias.

O grupo dos mil é muito homogêneo, composto por jovens entre 17 e 19 anos, em que a maioria estudou em escolas particulares e possui renda familiar acima de R$ 10 mil. Todos tiraram notas acima de 781, em uma escala de zero a 1.000. Apresentando um perfil salarial discrepante se comparado à população brasileira, quando se tem mais meios materiais de financiar seus estudos é bem mais fácil conseguir estar entre os melhores classificados.

O conjunto é majoritariamente masculino 72%, sendo que dos mil quase 49% é branco. Do total de inscritos no exame garotos brancos correspondem a 15%, portanto constituem uma elite privilegiada. Em comparação, o que revela as diferenças, garotas negras (pretas e pardas) são a maioria dos inscritos no Enem, só representam 6% das notas mais altas. Já asiáticos, indígenas ou outras etnias assumem 11% dos mil.

Os resultados indicam que na Matemática, a pontuação de meninos brancos é 52 pontos a mais que a de meninas brancas, tidas como 18% dos mais notáveis. Já em relação às negras, são 81 pontos. Os negros também têm desempenho melhor em Matemática e em Ciências da Natureza do que as brancas e as negras.

Estudos mostram que estereótipos de gênero afetam negativamente a saúde física e mental de adolescentes. Essa constatação é resultado de uma limitação desde a infância no qual somos obrigados a nos adaptar a um padrão. Dentre vários rótulos se destaca o de que ’matemática é para garotos’. A partir do momento em que uma caracterização se torna uma característica aceita pelo indivíduo começa a modificação de suas perspectivas.

Andrew N. Meltzoff, Ph.D. em Oxford, é especialista em desenvolvimento infantil. Em um estudo publicado em 2011, constatou que no segundo ano escolar (entre seis e oito anos) já se desenvolve esse preconceito, porém na mesma idade o desempenho em matemática é semelhante para todos. Existe uma expectativa social ampla de que matemática não é para garotas e desde cedo começam a internalizar isso. Consecutivamente ocorre um cerceamento de possibilidades envolvendo o tema, surgem como processo expressões difundidas entre as crianças “meninas não são boas em matemática” e outros derivados. Essa aspiração sobre elas e delas mesmas influencia muito na aprendizagem.

Como resultado dessa cultura historicamente machista e patriarcal – onde das mulheres era desejado que fossem melhores em comunicação e em se expressar e que não se saíssem bem em matemática já que era atividade masculina cuidar das finanças num contexto familiar; afasta meninas da tecnologia e prejudica o rendimento massivamente em áreas exatas.

Cursos de engenharia de computação nas principais universidades do Brasil tiveram cerca de 10% de mulheres aprovadas nos vestibulares de 2015.

Os dados se repetem nos dois anos anteriores, 2014 e 2015. Prova de que a falácia da meritocracia funciona como justificador de um massacre, para a maioria dos candidatos, que é o processo seletivo. Para que todos possam ter uma universidade de qualidade devemos lutar pela estatização das universidades privadas e que sejam administradas pelos professores, trabalhadores da universidade, comunidade universitária com maioria estudantil.

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Informações do Estadão

 
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