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FSA
Lições de 13 dias de ocupação: em defesa da FSA para os trabalhadores!
Virgínia Guitzel
Travesti, trabalhadora da educação e estudante da UFABC
Rafael Magrão - Estudante de Geografia FSA

A luta em defesa da Fundação Santo André está cada vez mais em seus momentos decisivos. A profunda crise financeira, que a anos veio aumentando, reitoria após reitoria, demonstra que o desmonte dos cursos de licenciatura, a precarização e o risco de fechar a universidade são um projeto que tem expulsado os estudantes trabalhadores das salas de aula, a partir do aumento de mensalidades, e também impondo dívidas exorbitantes aos que conseguem se formar a duras penas. Foram os estudantes que mostraram que é possível um projeto alternativo de universidade, que atenda os interesses dos trabalhadores e da população da cidade, mas para isso é preciso vencer a reitoria e a prefeitura que fazem de tudo para destruir a FSA.

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Após 13 dias de ocupação, a reitoria se comprometeu a convocar a reunião do Conselho Diretor para pautar as reivindicações dos estudantes. Mas até agora, o maior ganho deste movimento foi o fortalecimento da vanguarda dos estudantes e da experiência que permitiu superar ilusões nos Conselhos e na própria Reitoria, ajudando a um setor mais amplo dos estudantes a se mobilizarem e a luta contra o aumento das mensalidades se transformar numa luta pela defesa da universidade.

A primeira ocupação realizada na quinta-feira dia 09, as vésperas do ENEM (Exame Nacional de Ensino Médio) demonstrou as energias para defender a universidade e a partir da traição dos Conselheiros do Conselho Universitário que se comprometeram em atender as reivindicações, o movimento se ampliou e ganhou ainda mais força. Foram então mais 10 dias de ocupação do prédio da FAFIL que adiou o calendário de provas e colocou nos jornais da cidade a luta dos estudantes. Com uma importante renovação de ativistas, o movimento conseguiu dialogar com estudantes de outros prédios e conquistou apoio na reivindicação da luta contra o aumento das mensalidades e da rematricula dos inadimplentes, que hoje representam 50% da universidade.

Em apenas 2 dias de ocupação da Reitoria, a máscara da reitora em exercício Simone Ydi caiu. A mesma que em meio a negociações, tentou incitar confronto entre estudantes com um e-mail institucional dizendo que haveria aula normal mesmo com o prédio ocupado pelos estudantes, depois tentou dividir alunos e professores colocando nas costas dos professores a crise da universidade e por fim chamou a polícia militar para realizar a reintegração de posse, o que poderia ter resultado num grande massacre dentro de um prédio tombado, que é a Casa Amarela.

Pela importância dessa luta em defesa de uma FSA à serviço dos trabalhadores, nós do Movimento Revolucionário dos Trabalhadores que atuamos com nossas forças para garantir a vitória desta luta, colocamos também o Esquerda Diário à disposição dos estudantes e fomos com muito orgulho a primeira mídia a noticiar os principais momentos deste conflito. Agora, colocamos algumas primeiras reflexões que tem como objetivo pensar os próximos passos desta luta.

1) Nenhuma confiança na Reitoria e nos Conselhos: FSA na mão dos estudantes!

Após a promessa dos Conselheiros na assembleia do dia 10.11 de votar pela revogação do aumento, sua traição no dia 14.11 e o pedido de reintegração de posse, primeiro para o prédio da FAFIL e depois para a Reitoria ocupada, demonstram que os interesses desta casta nada tem a ver com os dos estudantes, professores e funcionários.

A crise é a própria reitoria, e é preciso lutar pelo fim da reitoria e dos Conselhos Universitários, para pensarmos um governo dos três setores (estudantes, professores e funcionários) com maioria estudantil, já que somos a maioria da universidade.

2) É preciso lutar pela rematricula de todos os inadimplentes com a anistia das dívidas e redução radical das mensalidades para que todos possam concluir seus cursos

Centenas e talvez milhares de ex-alunos largaram seus estudos por conta das dívidas contraídas pelo aumento abusivo das mensalidades ano a ano. A universidade já trata como natural a evasão dos estudantes trabalhadores, mas depois usa de toda sua demagogia para atacar o movimento estudantil dizendo que queríamos impedir a realização da prova do ENEM e da FUVEST. Porém todos sabem, que a realização das provas não garante uma vaga nas universidades. Pelo contrário, os vestibulares como filtros sociais que são, impedem a entrada da classe trabalhadora nas universidades publicas e no caso das privadas as altas mensalidades. Por isso, é preciso que o movimento estudantil levante a demanda de fim do vestibular e estatização da FSA, anistiando todos as dívidas e que todos os estudantes possam retornar seus estudos. Mas isso ainda é insuficiente para garantir o acesso e a permanência, por isso é um grande acerto a demanda de redução de 50% da mensalidade, pois assim seria possível triplicar o número de alunos ingressantes aula,e garantir que os que já estão possam pagar e concluir seus cursos.

3) A Prefeitura é responsável pela crise e precisa responder aos estudantes

Desde 2004, a Prefeitura lavou suas mãos com a responsabilidade com a FSA e deixou de contribuir com a subvenção. Depois de receberem por anos dinheiro indevido, negam-se a pagar a universidade. Foram anos de gestão petista que ano após ano assistiram a crise da universidade. O atual prefeitoPaulo Serra (PSDB) em sua campanha eleitoral disse sobre "recuperar a FSA", mas sabemos que seu partido é o inimigo número 1 da educação.

O prefeito além de não se manifestar, finge que nada que acontece lá é com ele, apesar de ter seus representantes no Conselho Diretor, inclusive ocupando mais cadeiras do que os próprios estudantes. É este prefeito que escolhe o próximo reitor, cuja a eleição é meramente consultiva para os estudantes, com peso significativo apenas dos professores.

O ato aprovado no Conselho de Representantes de Classe (CRC) no próximo dia 07 de Dezembro, é um passo importante para responsabilizar esta prefeitura, sem depositar qualquer ilusão que será possível negociar nossos direitos, senão for pela via da imposição de nossas pautas pela força de nossa própria mobilização.

4) O racismo, o machismo e a LGBTfobia é um combate do movimento estudantil

A luta em defesa da FSA também demonstrou que o movimento estudantil precisa se enfrentar com todos os preconceitos fruto da sociedade de classes, que vivemos para fazer a luta triunfar. Foram diversos ataques racistas contra estudantes que ocupavam em defesa da universidade e também contra os movimentos que apoiavam a luta, como o MTST. Assim como durante a Assembleia houve piadas e ironias quando uma estudante do quarto ano de psicologia dizia que somente a luta havia garantido direitos fundamentais como o direito ao voto das mulheres e também o casamento entre homossexuais. O machismo foi um debate que o próprio movimento precisou encarar, já que as mulheres eram linha de frente de todo o processo de luta em defesa da FSA.

Contra algumas visões dos movimentos de combate a opressão que buscam isolar os setores oprimidos em guetos de resistência parcial ao machismo, a LGBTfobia ou o racismo, os estudantes conseguiram fazer com que todos que estavam em luta tomassem em suas mãos o combate as opressões e segue como uma batalha fundamental para que esse movimento se amplie, para que a universidade também seja um espaço de combate a ideologia dominante que busca oprimir para explorar melhor os trabalhadores.

5) Somente a auto-organização não burocrática aliada aos munícipes pode nos levar a vitória

Dentro do movimento houveram diferenças naturais das distintas concepções teóricas que atuam conjuntamente para derrotar o projeto de privatização e desmonte da FSA. O Conselho de Representante de Classe (CRC) demonstrou a poderosa força que tem a auto-organização dos estudantes, que a partir destas reuniões conseguiu ouvir e entender as distintas posições dos estudantes e concluir que a forma mais eficaz de ganhar apoio dos demais alunos que não participavam ativamente do movimento era se enfrentar diretamente com a reitoria, o que foi atendido com a desocupação da FAFIL e a ocupação da Casa Amarela, onde fica a reitoria.

Os movimentos que atuam na FSA e no entorno como o MTST tem muita importância na luta em defesa da FSA, assim como nós do MRT dedicamos nossas forças a atuar no conflito, pois a luta em defesa da educação publica, gratuita e a serviço dos trabalhadores também é nossa. A UNE que tem peso no movimento estudantil nacional, que tem na FSA inclusive um dos diretores da entidade, poderia ter jogado suas forças a atuar nesse conflito e garantir então a vitória desse movimento, mas sabemos também que a UNE ao contrário de defender os interesses dos estudantes, tem a anos atuado contra o movimento estudantil, com o monopólio das carteirinhas e alianças com prefeitos, negociou as ocupações nas costas dos secundaristas, negociou em 2013 contra o movimento que estava em luta contra o aumento das passagens, a UNE é uma entidade que precisa estar na mão dos estudantes lutadores, que precisa combater o nível de burocratismo da entidade, assim como o M.E combateu aqueles que queriam negociar por fora do movimento com a reitoria.

Mas sendo a ocupação, apenas um dos métodos de luta, que serviu para criar um grande fato político na universidade e também na cidade, dando visibilidade aos momentos decisivos para se decidir os rumos da universidade, agora é hora de pensarmos como seguir a luta, combinando diversos métodos que permitam canalizar a poderosa força que se reunia na ocupação para disputar centenas de estudantes não apenas da FSA, mas de outras universidades da região e ex-alunos, e jovens que tem o sonho de chegar ao ensino superior, numa única luta em defesa da FSA pública, gratuita e que atenda aos filhos dos trabalhadores.

Viva a luta por uma FSA à serviço dos trabalhadores!

Confira a cobertura do Esquerda Diário:

http://www.esquerdadiario.com.br/Predio-da-FAFIL-ocupado-por-estudantes-contra-o-aumento-das-mensalidades

http://www.esquerdadiario.com.br/Ocupacao-da-FAFIL-faz-reitoria-prometer-a-revogacao-do-aumento-das-mensalidades-de-6-5

http://www.esquerdadiario.com.br/URGENTE-Conselheiros-traem-negociacao-e-mantem-aumento-de-mensalidade-na-FSA

http://www.esquerdadiario.com.br/Estudantes-da-FSA-denunciam-manobras-de-professores-e-reitoria-contra-movimento-estudantil

http://www.esquerdadiario.com.br/Ata-do-Conselho-Diretor-prova-traicao-dos-Conselheiros-e-cinismo-da-Reitoria-com-os-estudantes-da

http://www.esquerdadiario.com.br/Por-que-apoiar-a-luta-dos-estudantes-do-Centro-Universitario-Fundacao-Santo-Andre

http://esquerdadiario.com.br/Mesa-sobre-intelectuais-negros-na-Fundacao-Santo-Andre-e-hostilizada-por-declaracoes-racistas

http://www.esquerdadiario.com.br/Fundacao-Santo-Andre-Reflexoes-sobre-a-luta-dos-estudantes-da-FAFIL

http://www.esquerdadiario.com.br/Carta-aberta-para-a-Fundacao-Santo-Andre

http://www.esquerdadiario.com.br/Urgente-Reitoria-da-Fundacao-Santo-Andre-e-ocupada

http://www.esquerdadiario.com.br/URGENTE-Ocupacao-da-FSA-sitiada-pela-Tropa-de-Choque-e-ameacada-de-reintegracao

 
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