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CAXIAS DO SUL
Reitoria da UCS ataca a qualidade de ensino da universidade
Ricardo B
Steffany Cardoso

A reitoria da Universidade de Caxias do Sul vem aplicando uma série de ataques que visam precarizar a qualidade de ensino da universidade e a permanência dos estudantes na instituição. Como combater esses ataques?

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No último mês os estudantes da UCS vêm sendo bombardeados com o surgimento de mudanças que não pediram: nova grade curricular, ensino à distância, aumento da mensalidade, fim do PIBID e PIBIC, fim da UCS TV, e por aí vai.

Todas essas mudanças estão sendo decididas e implementadas de forma unilateral e a portas fechadas, no máximo em diálogo com o DCE que não passa essas informações para os estudantes e muito menos promove uma resistência a esses ataques.

Seguindo a agenda do Conselho Diretor da UCS, com o descarado lema de “Empreendedorismo e Inovação”, o reitor Antonio Kuiava não hesita em afirmar que a UCS foi criada especificamente para atender a demanda local e que vai passar a fazê-la.

As mudanças impostas por meio da nova grade curricular servem exclusivamente a um ensino técnico de resultados imediatistas que atendam melhor à demanda do mercado. Com ampliação da oferta do ensino à distância (que será obrigatório), hibridização de cadeiras, obrigatoriedade de horas de extensão.

Dentre os ataques impostos pela Reitoria, destacam-se não só o aumento de 4,28% nas mensalidades; mas também uma série de medidas que colocarão até 20% das cadeiras específicas na modalidade obrigatoriamente à distância; com mais de 120 alunos por turma para apenas um professor. E colocando também o restante do currículo sendo “híbrido” – que nada mais é do que cadeiras semipresenciais –, somando ainda com uma redução de 21 encontros ao total do semestre para 19; sob a afirmação da implantação do TDE (Trabalho Discente Efetivo) que vêm como forma de substituição desses encontros presenciais, e pela obrigatoriedade de horas de cursos de extensão que por si só já são taxados a custos absurdos para a condição econômica dos estudantes.

A falta de diálogo escancara o caráter antidemocrático e autoritário presente em uma universidade que se diz “comunitária” e “filantrópica”. A nova grade foi imposta, mas divulgada apenas semanas depois.

Enquanto há ameaças e indícios de fechamento de bolsas como o PIBID (iniciação à docência) e PIBIC (iniciação a pesquisas científicas), novos cursos voltados ao comércio vêm sendo abertos, como por exemplo, pasmem, “gerência comercial de supermercados”.

O que mais vale lembrar a respeito do PIBID e PIBIC é que muitos estudantes, principalmente das licenciaturas, dependem dessas bolsas para pagar a abusiva mensalidade da UCS (que vai aumentar), e que caso percam essa renda terão de trancar ou abandonar o curso. Num momento de crise e desemprego imenso entre jovens, é frequente ouvir relatos de estudantes que estão passando duras dificuldades para manter os estudos.

A evasão atinge principalmente alunas que são mães e se encontram obrigadas a trancar seus cursos pela falta de uma creche comunitária dentro da universidade. Para uma instituição em que a maioria dos cursos de graduação são oferecidos majoritariamente no noturno, é impensável não existir um local adequado em que as mães se sintam seguras em deixar seus filhos. Percebe-se frequentemente o dilema de abandonar a graduação ou levar os filhos para as aulas; e a falta se preparo dos professores ao lidar com estas situações. A UCS possui uma única creche que atende apenas em horário comercial e é destinada exclusivamente à filhos de funcionários que passaram a pagar uma mensalidade abusiva recentemente.

Quem manda na UCS?

Dentro da UCS atuam diferentes organismos: o Conselho Diretor, o Conselho Curador, Conselho Universitário, Coordenadoria de Relações Universitárias (CRUM), Coordenadorias de Curso, DCE e DAs. Mas de todos esses órgãos, o único que tem real poder de deliberação sobre os rumos da Universidade é o primeiro, o Conselho diretor.

O Conselho Diretor é formado pelas entidades fundadoras e “mantenedoras” da Universidade: Câmara da Indústria e Comércio (leia-se, empresariado), Mitra Diocesana (Igreja), Hospital Virvi Ramos, Governo Estadual, Municipal e Reitoria. São 7 cadeiras, 2 ocupadas pela CIC, as demais ocupadas uma por cada entidade.

Isso é absurdo! Estudantes, funcionários e até professores não tem o menor direito a decidir os rumos da universidade em que estudam e trabalham. Sete pessoas, nenhuma eleita pelos estudantes, controlam uma instituição com dezenas de milhares de alunos.

Como vemos nas recentes mudanças e no discurso do reitor, o resultado disso é uma universidade a serviço dos empresários bilionários que mandam em Caxias do Sul. Como em quase todas as universidades do país, a grande maioria das pesquisas e cursos da UCS são destinados a suprir a demanda do mercado.

Paralelamente, como relatam estudantes, diversos projetos de pesquisa independentes foram negados pela fundação. As universidades no capitalismo servem fundamentalmente para suprir a demanda dos capitalistas, para formar os jovens trabalhadores para o mercado, e não para suprir as demandas mais sentidas pelos trabalhadores e população pobre - jovens estes que são historicamente excluídos do ensino superior no Brasil.

Qual nossa alternativa?

Chegou a hora dos estudantes questionarem toda a estrutura da UCS: a mensalidade é abusiva e todo ano aumenta; a CIC e a igreja tem poder de decisão, mas nós não; o RU é privado e caro; as pesquisas de estudantes são quase sempre negadas; a evasão por falta de condições de se manter estudando é imensa. Precisamos de um programa para a universidade que resolva esse problema, um programa que coloque a UCS nas mãos dos estudantes para construirmos uma universidade humana, inclusiva e a serviço da classe trabalhadora, e que só será alcançada com uma ampla mobilização dos estudantes, professores e funcionários da universidade.

A barganha com os elementos reacionários do conselho diretor não é uma alternativa, o jogo institucional está ao lado deles e jamais conseguiremos tencionar as decisões dos patrões e governos a nosso favor. Nós da Faísca - Juventude Anticapitalista e Revolucionária propomos mudanças radicais em prol dos estudantes.

Defendemos o aumento zero da mensalidade para que mais jovens não sejam excluídos da universidade, a anistia dos estudantes endividados que estão ameaçados de expulsão ou evasão e abertura dos livros de conta da UCS para sabermos para onde vai o dinheiro. Exigimos o fim imediato dos Conselhos Diretor, Curador e Universitário, a UCS tem que ser gerida por um conselho de estudantes, professores e funcionários, proporcional ao peso de cada categoria.

Essas medidas podem combater o caráter burguês que tem a UCS e construir uma universidade a serviço dos jovens, dos trabalhadores e do povo pobre, para avançarmos em uma luta pela estatização da UCS sob controle da comunidade universitária, professores, estudantes e funcionários.

Chamamos os estudantes que querem um movimento estudantil subversivo, anticapitalista e a serviço da classe trabalhadora a se somarem com a Faísca para construir essa alternativa.

 
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