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100 ANOS DA REVOLUÇÃO RUSSA
100 anos da Revolução Russa: a maior transformação da história do mundo
Iuri Tonelo
Recife

Há 100 anos milhões de mulheres e homens na Rússia recolocavam a história sobre trilhos corretos: sob os caminho da coragem, da esperança e da paixão por uma vida em que os trabalhadores pudessem se associar livremente e construir a verdadeira história da humanidade.

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Tratava-se do inicio da terceira Revolução Russa de 1917 e a primeira revolução proletária efetivamente vitoriosa. Como toda revolução tratava-se de uma bancarrota política de uma classe e ascensão de outra, um gesto político, marcado pela tomada do palácio de inverno em Petrogrado (São Petesburgo) na Rússia.

Mas também como toda revolução tratava-se do irromper do grito não de alguém, mas do conjunto da sociedade. A revolução é o grito da sociedade oprimida contra as mazelas que a sufoca.

Tudo o que os trabalhadores vão engolindo nas esteiras da frenética exploração, eles cospem fora no furacão da revolução social. Toda a alienação do trabalho que lhe é imposta converte-se no mais espetacular gesto criativo, a ação de massas em recolocar o destino da história em suas próprias mãos.

Mas não é só ao corpo, com a exploração capitalista, que se maltrata nesse sistema. As vezes o que dói mais é na alma: o machismo e as formas de violência à mulher, a sexualidade reprimida por cada gesto do sistema, o desmanchar da palavra liberdade a cada expressão racista nas lojas, restaurantes, shoppings. Ou até mesmo o passeio que o jovem quis fazer, mas não tinha o trocado pra pegar o ônibus e se viu trancafiado no seu “doce lar”. Na alma, as formas íntimas da violência calam dentro aos poucos, a cada dia, e causam a angustia das pequenas coisas, aquela dor que se sofre solitário, em silêncio, aquela angustia que invade sem ser chamada, aquele olhar que nos pegamos dando com certo ceticismo com o mundo e as pessoas.

A revolução vem pra estilhaçar qualquer sombra desses sentimentos. Antes trabalhador humilhado no trabalho, agora, militante da linha de frente das páginas do livro de história. Antes oprimido e angustiado, agora mulheres e homens a frente do irromper de um vulcão contra a moral burguesa (bem como as morais imperiais, tzaristas, como enfrentou a revolução russa).

A revolução põe tudo de cabeça pra baixo: os trabalhadores agora gerenciam as fábricas, os alunos se tornam professores nas escolas, as armas que atiravam contra o povo ontem se tornam do povo e perdem o sentido de existirem entre si.

Os artistas, esse ar fresco que entra pela janela, resolvem abrir a janela, buscar um martelo, derrubar todas as portas que impedem que todos os seres humanos produzam e fruam do mais intenso nos seus sentimentos, no drama e na comédia da arte humana.

A democracia verdadeira, que não se conhece no capitalismo, mas é ensinada na teoria nas escolas de Paris, Berlim ou Londres, se torna obra real da massa da população: todos são os políticos, atuam nos conselhos de trabalhadores (sovietes) do bairro ou da cidade, fazem as leis, organizam a vida social e a produção, repensam os transportes, cuidam das necessidades de água e vinho, pão e diversão, necessidade e fantasia. “O poder soviético é um milhão de vezes mais democrático que a mais democrática república burguesa ocidental".

A revolução é esse emblema apaixonante de que vale a pena despejar todas as energias, todas os anseios e também todo aquele ódio acumulado em torno de um processo de transformação, que atinge o cume em poucos dias, mas só pode se desenvolver em muitos anos, irrompendo as fronteiras do próprio país e convidando o mundo inteiro a abraçar a ideia da emancipação.

E a Revolução Russa foi então a pista desse mistério, o mistério da transformação da história no mundo no caminho da liberdade e emancipação da humanidade. Como em todos os grandes desafios, a Revolução Russa sofreu dos obstáculos internos, externos, do ódio dos inimigos, ódio esse que virou guerra, sangue, cansaço e lágrimas. Mais que isso, pelo atraso social, as invasões imperialistas, o isolamento e outros fatores, a revolução se viu sob a pressão termidoriana (burocrática), inimigos da revolução se fortaleceram, e ela sentiu o corpo e a alma se degradarem: afetada por uma doença chamada stalinismo, se degenerou e saiu de seu caminho emancipador. Se perderam nas sombras da história a democracia operária das bases, a vanguarda promissora, o canto dos artistas, a liberação da mulher, enfim, o desgarrar do corpo e do espírito da velha tranqueira capitalista.

Mas de tudo o que essa “doença” e todos os detratores da revolução fizeram, em uma coisa não atingiram o seu objetivo: não conseguiriam afogar em sangue a palavra revolução e, mais que isso, não conseguiram tirar nem mesmo seu poderoso brilho.

Em cada coração jovem hoje que olha para as mazelas do capitalismo, a revolução aparece ontem, hoje e amanhã como a mais furiosa, esplendorosa e encantadora tarefa histórica, o mais entusiasmante projeto de vida.

“Vivi para viver uma revolução” – consegue imaginar projeto de vida melhor? Incompreensível para os pequeno-burgueses que se deleitam se iludem e se perdem nas miseráveis “felicidades da vida cotidiana”.

Para nós, não! O legado da Revolução Russa é mais vivo do que nunca. E os obstáculos que sofreu no caminho nós guardamos todos em nossos estudos, nossa reflexão estratégica, nossa construção partidária.

A história da revolução socialista do século XXI será mais desafiadora. A poesia que a impulsiona se encontra no futuro, as letras que escrevem o caminho dessa história se encontram no presente e seu conteúdo se encontra no vivo embate diário dos trabalhadores contra seus patrões, do trabalho contra o capital.

Nós estamos aqui, militantes pelo socialismo. Nós existimos e estamos brindando a Revolução Russa. Temos certeza que em cada país desse mundo tem um, dois, três, dezenas, milhares ou milhões de jovens e trabalhadores fazendo o mesmo brinde nesses 100 anos de 1917.

Como disse um dos grandes mestres (ou o maior) do proletariado russo: “é mais agradável e útil viver a experiência de uma revolução do que escrever sobre ela”. Anotado, Lenin. É nesse espírito que deitamos a caneta aqui e preparamos o grito da revolução nas ruas do amanhã.

 
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