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EDUCAÇÃO
Propaganda da SEEDUC-RJ parodiando filme de terror é mais real do que gostaríamos
Ronaldo Filho
Professor da rede estadual do RJ
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Já diz o dito popular “Toda brincadeira tem um fundo de verdade”. Assim é a propaganda da SEEDUC que chama pais e estudantes à realizarem matrícula para ano letivo de 2018 na rede estadual de ensino do Rio de Janeiro. A mesma rede que vem fechando centenas de turmas e escolas, só no ano de 2017.

Alguns podem achar a denúncia um exagero e que a SEEDUC está apenas usando como inspiração para o post a recente fama entre os jovens do filme “It, a coisa”, relançado em outubro de 2017 e que foi grande sucesso em 1990. O filme baseado na obra de Stephen King, conta a história de uma criatura maligna que se apresenta em forma de um palhaço bizarro para assassinar crianças. Para quem está no cotidiano da rede estadual, no chão da escola, considerando nosso atual cenário de abandono e repressão institucional a professores, estudantes e funcionários, a rede se assemelha cada vez mais a um buraco escuro, fétido e sem esperança, onde uma presença maligna, o secretário Wagner Victer, espera para recebe-los.

Vídeo de WAGNER Victer falando sobre a abertura do período de “matrícula fácil”:

Além do fechamento em massa já mencionado, reduzindo salas de aula e aglutinando alunos em espaços com estrutura, ventilação e climatização inadequados, a SEEDUC vem de fato aterrorizando as pessoas, a mando de seu super secretário Victer, persona não grata na CEDAE e na FAETEC (rede pública de ensino profissionalizante do RJ) já que destruiu internamente as instituições, principalmente a FAETEC, que não tem a menor condição de manter o funcionamento básico da maioria de suas unidades.

Na rede estadual as escolas estão sem porteiros, sem inspetores, sem serventes, com manutenção tanto dos prédios quantos dos equipamentos reduzida ou zerada, entregues a violência pública e interna, invasões e assaltos.

Diretores das unidades escolares, secretários, agentes de DP, coordenadores, que não se alinham de bom grado a política educacional atual sofrem muito assédio e pressões para realizarem as medidas mais absurdas. Terceirizados trabalham com salários atrasados, recebendo muitas vezes só valores referentes a passagem e refeição para continuarem indo e com ameaça constante de demissão caso se neguem.

Professores se veem cada vez mais ocupados com demandas burocráticas, pressões por aprovação de estudantes para manter os índices altos, tendo que se deslocar cada vez mais longe de casa para conseguir trabalhar, se dividindo em várias escolas com salas superlotadas, recebendo seu salário sempre a partir do 14º dia corrente do mês, com ameaça de não receberem seu 13º salário deste ano e com perspectiva de piora desta situação para o próximo ano. E ainda tem o problema desesperador dos aposentados, que como os de outras categorias, seguem com 4 salários atrasados, incluindo o 13º de 2016. São vários casos de aposentadas e aposentados que estão falecendo a espera de seus remédios ou sucumbindo a depressão neste período. É difícil conseguir fazer uma ligação material entre a política cruel do governo do Pezão/PMDB com as mortes para uma responsabilização criminal, mas para quem vive isso, a culpa do governo é muito clara.

Já estudantes, assim como professores, precisam enfrentar todos os problemas de falta de estrutura material e de pessoal e os casos de violência. Para os que estudam à noite nas escolas de periferias é ainda mais complicado. E se não bastasse, muitos nesse ano enfrentaram grandes problemas com transporte escolar. Atraso na entrega dos cartões de passagem, falta de recargas, cancelamentos indevidos, problemas nas máquinas de recarga que ficam nas escolas e custam R$ 1000 para serem trocadas quando param de funcionar (segundo informação de uma diretora de escola), custeado pela própria unidade escolar, já com sua verba reduzida. Uma punição as direções (e aos estudantes) que permitem a quebra das mesmas. A última medida do Pezão para resolver o problema do transporte foi instituir a lei nº7707 de 04/10/2017 que busca incentivar o uso de bicicletas pelos alunos, indicando que os professores podem usar isso como instrumento de avaliação como a própria lei indica, além de concursos e projetos. Mais um ataque a autonomia docente e a qualidade da educação. Para não mexer no lucro dos empresários de transporte é mais fácil fazer isso e não garantir o direto dos estudantes de ir e vir e ao transporte para escola.

O post, no fim, acaba mostrando a realidade. Trabalhar para o governo do estado do Rio de Janeiro, estudar nas escolas ou na UERJ ou ainda ser paciente da rede de saúde por exemplo, é participar como vítima de uma história real de terror.

A única saída a esses ataques é a luta por uma educação pública, gratuita, de qualidade e popular onde professores, estudantes e pais tomem a decisão sobre que escola querem. Para isso, a luta contra o “escola sem partido”, a reversão dos ataques do Pezão e do Wagner Victer, assim como a luta contra as reformas do Temer, não pagamento da dívida pública e taxação das grandes fortunas, são exigências e ações fundamentais para garantir a escola que queremos e um financiamento suficiente para isso, fazendo os capitalistas pagarem pela crise e pondo nas mãos dos trabalhadores e estudantes as rédeas da situação.

Link da página com foto da capa original pode ser visto neste link.

 
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