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ELEIÇÕES ARGENTINA
Nicolas Del Caño (PTS) encabeçou a melhor eleição na história da esquerda em Buenos Aires
Lucho Aguilar

Em um cenário polarizado, a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores (FIT, na sigla em espanhol) alcançou quase 500 mil votos em seus Deputados, conquistando pela primeira vez duas cadeiras: Nicolás Del Caño e Romina Del Pla. Algo como 25% a mais que em 2015. Em seus Senadores alcançou 445mil. Os desafios da esquerda.

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As eleições na Província de Buenos Aires haviam se tornado a de maior importância política. A “mãe de todas as batalhas”. Isso é comum, mas nesse caso, havia dois ingredientes extras: por um lado, um alto nível de polarização entre ‘Cambiemos’ e ‘Unidad Ciudad’, que tiveram 41% e 37%, respectivamente. Por outro lado, para as principais candidaturas se apresentavam – ou encabeçavam a campanha – algumas das mais importantes figuras da política nacional. Cristina Kirchner, Sergio Massa, Florencio Randazzo, Felipe Solá e o ministro Bullrich com a sombra de María Eugenia Vidal.

Nesse marco, a Frente de Esquerda realizou uma grande eleição. Na fórmula de Senadores, Néstor Pitrola conseguiu cerca de 450 mil votos, ou 4,75%.

Na categoria de Deputados, Nicolás Del Caño (PTS) conquistou quase 500 mil votos, o que permitiu alçar dois deputados nacionais pela primeira vez para uma força de esquerda. Sua companheira será Romina Del Plá (PO), que se somam à Nathalia González Seligra que ocupa a cadeira da FIT em Buenos Aires até 2019.

Del Caño ocupará a cadeira por 42 meses. Del Pla por 36 meses e Juan Carlos Giordano (IS) por 18 meses, graças ao método de rotatividade que tem as forças que integram a frente.

Esses números significam um aumento de 46% em relação às PASO (Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias) de agosto, e inclusive um aumento significativo em relação à melhor eleição desde que se havia constituído a FIT, as de 2013 (ver gráfico abaixo).

Uma das chaves da eleição foi a estratégica Terceira Sessão, onde o peronismo sempre aposta as maiores fichas. Isso permitiu também o ingresso de um deputado na Assembleia Legislativa de Buenos Aires. A ocuparam, rotativamente, Guillermo Kane (PO), Mercedes Trimarchi (IS) e Claudio Dellacarbonara (PTS).

As listas da FIT realizaram uma importante eleição em distritos como La Matanza, onde esta o maior partido e “coração do peronismo”, em que alcançou 5,67%. Também no centro político da província, La Plata, onde obteve 7% para Deputados. De conjunto, na Grande Buenos Aires, a lista da esquerda superou a Frente Justicialista de Florencio Randazzo.

A FIT realizou durante esses meses uma intensa campanha, percorrendo as grandes concentrações operárias e populares da Grande Buenos Aires, mas também as grandes cidades do interior como Mar Del Plata, Bahía Blanca, La Plata, C=ampana-Záratem, entre tantas outras.

Uma campanha que levantou a luta contra o ajuste, contra as demissões, contra o pacto da CGT com o governo, pelos direitos da mulher e da juventude, em defesa da educação e saúde pública. Mas que também aproveitou a tribuna eleitoral para defender as ideias anti-capitalistas que desde o PTS na Frente de Esquerda queríamos aproveitar para transmitir: a redução da jornada de trabalho e a repartição das horas de trabalho. Ou seja, uma saída de fundo contra o desemprego e as jornadas esgotantes que os empresários e governo querem nos impor.

Uma das bandeiras que levantamos com mais força estes meses foi a demanda pela aparição com vida de Santiago Maldonado, denunciando a responsabilidade da Gendarmería (força militar nacional de segurança) e do Estado, e nos últimos dias a demanda de verdade e justiça.

Esse conteúdo se expressou não apenas nas propostas e consignas, como também na composição das listas, que estiveram repletas de candidatos operários, professores, referências do movimento de mulheres e dos direitos humanos, jovens estudantes e trabalhadores.

Essa campanha alcançou uma enorme simpatia nos locais de trabalho, nas praças e feiras onde se realizava a campanha. Nas escolas, nas ruas onde milhares de militantes e colaboradores deram a batalha política contra os aparatos dos partidos tradicionais. Foi uma gigante campanha militante cheia de paixão por transmitir as ideias da esquerda em cada canto da província.

Mas, sobretudo, a candidatura de Nico e as propostas da esquerda tiveram um crescente impacto entre milhares e milhares de jovens. É um dos fatos mais importantes destes meses de campanha. Eles são a força que ajudará, sem dúvida, a empurrar e renovar as ideias da esquerda entre os trabalhadores e estudantes. Como disse o novo deputado na noite de domingo: “Para esses jovens a mensagem é que é realmente necessário construir uma grande força anti-capitalista e socialista”.

Essa histórica eleição, a primeira vez que a esquerda classista consegue dois deputados nacionais na Província de Buenos Aires, é também um enorme desafio. Assim falou o próprio Nicolas Del Caño na Conferência de imprensa da Frente. “O governo já esta buscando como utilizar desse resultado eleitoral para seguir aplicando os ajustes, mas ele se equivoca se acredita que tem um cheque em branco. Muitos setores não votaram, o ajuste permanente, a repressão e a impunidade. Por isso insisto na convocatória. Não somente àqueles que votaram em nós. Convidamos a lutarem junto com a Frente de Esquerda para recuperar os sindicatos, a lutar em cada centro acadêmico e colégio por educação pública, pela punição dos responsáveis pelo crime contra Santiago Maldonado, às companheiras do movimento de mulheres que lutam por Ni Una Menos. Em todos esses setores, a FIT vai dar essa batalha. Convocamos os trabalhadores, jovens e mulheres, a fazermos essa luta juntos”.

 
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