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PROFESSORES RIO GRANDE DO SUL
Depoimento de professora grevista do RS, contratada do estado há 20 anos
Maria Abreu - professora do I.E.E. Paulo da Gama - Zona Leste/Porto Alegre

Relato da professora grevista Maria Abreu, da escola Paulo da Gama de Porto Alegre. Há 20 anos a trabalhadora sente na pele a precarização imposta pelo estado do Rio Grande do Sul aos contratados, que agora estão ameaçados de demissão pelo governo Sartori por lutar pelos seus salários, pelos seus direitos e em defesa da educação pública.

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"Nossa caminhada enquanto contratados é diversificada ou poeticamente falando, um "retalho de cetim".

O fono que é um documento expedido pela SEC, já saia envolvido em "perfume de acácia", pois eles davam 3 fonos, cada um com as horas atividades diferentes. Relato sim que me deram um fono "perfumado".

Lembro bem, que fiquei em 3 escolas: uma na zona sul com 5 horas e as demais, na ilha Pintada e Lami.

Só viajava. Dava pra dormir, sonhar e até fazer um lanche no ônibus, pois almoçar, quem me dera, esse privilégio.

Nesse período, fiquei 8 meses sem receber salário, mas enfim, um dia depois do tempo, colocaram na minha conta 2 mil reais e, fui assaltada. Isso é quase obra do destino, pois ainda hoje no ano de 2017 estão me assaltando.

Sou assaltada pelos juros do banco, e humilhada pelo mísero salário que recebo.

Faço reflexões e volto na história dessa caminhada.

Primeiro ganhei um fono itinerante há 20 anos. Em 2017 sou e todos os trabalhadores da educação, recebido por "anfitriões", deixar claro que é a polícia de choque, com todos os seus aparatos que tem direito. E somos ameaçados com o corte de contratados.

O contrato é um registro já carimbado, deixando claro a função temporária, mas o governo mantém o vínculo, porque economicamente é mais viável. Além do que, ao se sentir ameaçado, vai na mídia local nos assustando, contrariando o direito de greve com represálias.

E lá vamos nós "caminhando e cantando e seguindo a missão".

Já em 2005 fiz concurso e fui classificada, deixo dito que essa prova não nos habilita pedagogicamente. Não constrói parâmetro de conhecimento em nossa área de especialização, mas enfim a prova é um mero documento comprobatório.
E o tempo passando, já estamos em 2017. Em tempo certo, fui a procura de meus direitos no jurídico do Cpers, o processo se materializou nas mãos do advogado. Meu processo andou, circulou e voltou.

Expedida nota de expediente; processo aguardando juntada; recebidos autos juntar documentos; carga advogado do autor; remetidos os autos em grau de recurso para turma recursal. E o processo andou, circulou e...?

Pensem em papéis agora com carimbos, ou fono que levamos as escolas que muitas vezes quem os recebe, nem olha pra gente ou que nem afinidade temos com o corpo diretivo. Hoje o que este governo quer fazer com os contratados é sermos papéis, só rascunhos que assim possam apagar as nossas vidas. Nossas digitais, ou quiçá jogá-los no lixo.

Ontem, 4 de outubro de 2017 recebo a noticia pelo advogado do Cpers, perdi o processo, sobre alegação de não existir na minha disciplina, número suficiente de vagas. A SEC demonstrou essas informações e o juiz acatou, em benefício do estado.

Eu acredito também que Papai Noel existe, vindo de trenó com neve caindo pela sua cabeça. Todos sabem que é significativo o número de contratados no estado, talvez esteja havendo informações distorcidas para poder contemplar a efetivação, daqueles professores, no contrato.

E meu processo, andou, circulou e parou. Ele parou nas mãos do jurídico da SEC e acordei para uma realidade opressora, autoritária e ditadora, pois ensinar cidadania aos meus alunos sei fazer e exemplificar, até porque minha missão dura 20 anos e acreditar que no futuro nossos alunos sejam melhores que esses políticos, ah! Isso temos certeza.

E é nesse momento crítico que devemos permanecer unidos, e se os contratos são para cobrir funções temporárias, que lutemos para efetivação imediata sem concurso dos contratados com mais de 3 anos de trabalho.

Meus companheiros, não escondo que sou grevista, contratada e luto pela nossa dignidade e pela educação pública de qualidade."

 
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