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RIO GRANDE DO SUL
Sartori, cadê o dinheiro dos servidores?
Thiago Flamé
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Na conferencia de imprensa dessa segunda-feira (25) o governador Sartori anunciou uma nova forma de parcelamento para outubro, um escalonamento dos salários, numa tentativa de dividir e isolar a greve dos professores. Nessa terça, reconhecendo a força da greve, ofereceu pagar multa sobre os atrasos de salários em troca de mais cortes em outras áreas e da aprovação da negociação da dívida. Uma chantagem contra os professores, mas que mostra a força da mobilização.

Segundo o governo Sartori, se tudo correr bem, o estado fechará o mês de outubro com 60 milhões em caixa, começando o pagamento pelos salários mais baixos. Uma tentativa baixa de dividir os professores, mudando em outubro a forma de parcelamento, mas sem dar resposta a nenhuma das demandas da greve dos professores, cuja primeira e mais elementar é a regularização no pagamento dos seus salários. Isso se tudo correr bem...

É preciso fazer um diagnostico realista do momento atual, de como chegamos a ele e de como sair do buraco. Não basta apenas dizer que o dinheiro existe, pois a crise é real. Mas não foram os servidores, nem o povo gaúcho que a criaram. O que nos trouxe a esse momento grave foi um acumulo de medidas em favorecimento de políticos e empresários que, em troca de seus lucros no presente, foram hipotecando nosso futuro. Os déficits que ano após ano financiaram as grandes empresas via isenções e sonegação e que financiam os altos salários e privilégios das cúpulas da burocracia estadual foram sendo jogados adiante, através do mecanismo da divida. Um mecanismo de transferência de renda das mãos dos trabalhadores e do povo para os controladores da dívida pública federal, inclusive as parcelas das dívidas estaduais vão diretamente para o pagamento das dívidas do governo federal. Desde a renegociação da dívida em 1998, num montante inicial de 9,56 bilhões de reais, foram pagos até dezembro de 2015 R$24,8 bilhões e o estado ainda devia para o governo federal R$51,6 bilhões.

Foi a recessão e a crise econômica que transformaram o futuro em presente. Com uma dívida impagável, com a receita em queda e sem a possibilidade de contratar novos empréstimos, as finanças estaduais foram para a lona. O governo Sartori congelou e vem parcelando o salário dos servidores, até chegar ao absurdo de fechar o mês com apenas 60 milhões em caixa, quando deveria ter, ao menos, 1,4 bilhão para pagar a folha de servidores. Atrasar e postergar os pagamentos, porém, não resolve o problema dos déficits. O objetivo do governo Sartori com essas medidas é chantagear os servidores e a população para que sejam aceitas medidas ainda mais amargas. Está descarregando as crise em cima dos servidores para obrigar todos a dividirem os custos.

O acordo com o governo Temer prevê uma série de medidas contra os trabalhadores e o serviço público, como congelamento de salários até 2020 e nenhuma nova contração de servidores. As privatizações serviriam de garantia para um novo empréstimo de 3 bilhões. Apesar de todo o sacrifício que seria exigido da classe trabalhadora gaúcha, até mesmo integrantes do governo admitem que as medidas não levariam ao equilíbrio nem em 2020. A solução para a crise que eles propõem é atacar nossos direitos e esperar por tempos melhores. O exemplo do que significa esse acordo com o governo Temer é o Rio de Janeiro, onde se discute inclusive fechar uma universidade da importância nacional da UERJ. O povo gaúcho não pode aceitar esse projeto.

Um programa de emergência para o pagamento dos salários dos servidores

Esse porém, não é o único caminho. Ao invés de atacar direitos, deixar de contratar novos professores e médicos e privatizar empresas estatais, é necessário atacar os privilégios da casta política e os lucros de empresários, banqueiros e latifundiários.
Contra o pacote de ataques de Sartori e Temer, propomos um plano de emergência para o pagamento dos salários: a taxação imediata sobre as grandes fortunas, por exemplo dos bilionários gaúchos, como os Gerdau, Randon, Grendene, Taurus e outros, para que os ricos paguem pela crise que eles criaram. Contra os grandes sonegadores, as medidas populares precisam ser implacáveis: confisco imediato dos seus bens sem indenização. O fim imediato das isenções de impostos para as grandes empresas também teria consequências imediatas sobre a folha de pagamento. Basta de professores se humilhando nos bancos todo início de mês, enquanto os empresários lucram com os favores do estado.

Essas medidas poderiam garantir, no imediato, a regularização do pagamento dos salários, e junto com o não pagamento da divida ao governo federal, garantir os poucos direitos que temos hoje, mas se enfrentariam com a resistência das casses dominantes. Por isso, só poderiam ser impostas através de uma forte luta unificada, primeiramente de todos os servidores públicos estaduais, partindo do ato unificado da próxima sexta (29) para iniciar uma grande greve de todo o serviço público do RS.

Para que essa luta tenha força para impor medidas radicais, que respondam à situação de calamidade que vive o estado, e que garantam não só os salários dos servidores, mas os serviços públicos prestados à classe trabalhadora do RS e a não privatização das estatais, é necessário uma mobilização ainda mais forte. Com a greve dos professores como ponto de apoio, é necessário que a centrais sindicais organizem um dia de greve geral no estado, mostrando a força da classe trabalhadora gaúcha, e mostrando que não vamos pagar pela crise dos capitalistas. A partir de uma mobilização unificada dos professores, servidores públicos e de outras categorias, é possível fazer com que os capitalistas e a casta politica paguem pela crise. Uma mobilização que pode canalizar a indignação contra Sartori e servir de exemplo para os trabalhadores de outros estados que sofrem com a crise, como o Rio de Janeiro.

 
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