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DEBATE SOBRE ESQUERDA
A quem o discurso de “pacifismo da esquerda” favorece?
Sagui

Vivemos em tempos de crise econômica, política e social. Tanto a esquerda, quanto a direita, buscam dar respostas aos problemas dados. Sendo elas reacionárias, reformistas ou revolucionárias, todos propagandeamos. Mas isto não basta, temos de expor nossas diferenças.

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Partindo da atual conjuntura, o PT que por anos foi aliado da burguesia e traidor da classe trabalhadora, agora levanta sua bandeira de “Diretas Já” para fazer propaganda do Lula 2018. E a classe trabalhadora que sofreu com o golpe e saiu às ruas contra as reformas trabalhistas e da previdência, sofre com a burocracia sindical e com a falta de alternativas que de fato demonstrem seus descontentamentos.

Os trabalhadores, historicamente no Brasil construíram dois grandes partidos; o PCB, que não fez luta contra o golpe militar, e o PT, que foi um grande obstáculo nas greves operárias do fim da ditadura, impedindo à auto-organização dos trabalhadores e uma saída revolucionária. Assim como, o PT antes e pós-golpe, continua com o mesmo discurso “não é momento de incendiar o país”.

Incrivelmente, mesmo quando grande parte da esquerda já havia entendido o sentido do Impeachment e inclusive da lava-jato, houveram setores que gritaram pelo golpe e que hoje aplaudem a lava-jato. E agora, existem outros setores que realmente acreditam que as “Diretas Já” está cravada e que pode levar a uma saída para os trabalhadores, ou que, não é um momento propício para novas saídas.

Independente, é claro que temos – entre a esquerda – diferenças táticas, e às vezes, estratégicas. E mesmo que hoje não consigamos aplicá-las totalmente na realidade, seja pela correlação de forças da esquerda ou da burocracia, a força da propaganda pode e deve ser uma forma de agir na realidade.

Além disso, para nós que reivindicamos o bolchevismo, reconhecemos que a estratégia – claro, que não por fora dos acontecimentos e outros fatores pré-revolucionários – é essencial para estar ao lado dos trabalhadores, a juventude e todos os setores oprimidos nos momentos decisivos. Logo, debater e fazer parte da crítica de táticas de outras organizações também é uma tarefa militante, que por sua vez, auxilia tanto no debate interno que pode levar a própria organização rever suas posições e desvios, quanto externos, para os trabalhadores e ademais não organizados poderem sentir o as diferentes organizações.

Não reivindicar a crítica e debate entre a esquerda, pode ter consequências sérias. Dentre elas, a “unidade da esquerda” que deixam suas diferenças heterogêneas e pode levar a um oportunismo e/ou diluição dos partidos. Além do que, ser um ambiente fértil para o discurso petista e reformista de “estamos todos do lado dos trabalhadores” e que esconde sua história de traições.

Em “Lênin: As três fontes e as três partes constitutivas do marxismo (1913)”, Lênin escreve:

“Os homens sempre foram em política vítimas ingênuas do engano dos outros e do próprio e continuarão a sê-lo enquanto não aprendem a descobrir por trás de todas as frases, declarações e promessas morais, religiosas, políticas e sociais, os interesses de uma ou de outra classe. Os que defendem reformas e melhorias se verão sempre enganados pelos defensores do velho enquanto não compreenderem que toda instituição velha, por mais bárbara e apodrecida que pareça, se sustenta pela força de determinadas classes dominantes.”

Por tanto, a prática de pacifismo dos debates acaba tendo um papel burguês, que é usado para diluir as massas quando necessário. Tanto que, o próprio “Escola Sem Partido” reivindica o neutralismo político, inviabilizando o debate em sala de aula das diferenças de pensamentos.

Também, em “Bolchevismo e Stalinismo”, Trotsky expõe:

“A tarefa da vanguarda consiste, antes de tudo, em não deixar-se arrastar pelo refluxo geral: é necessário avançar contra a corrente. Se as desfavoráveis relações de forças não permitem conservar antigas posições políticas, pelo menos se devem conservar as posições ideológicas, pois nelas se concentram a custosa experiência do passado. Aos olhos dos tolos, tal política aparece como “sectária”. Em realidade é a única maneira de preparar um novo e gigantesco salto para frente, impulsionada pela onda ascendente do próximo ascenso histórico.”

Sem dúvida, existe uma via terciária entre o pacifismo do debate, a não discussão, e a perseguição stalinista, que calava seus opositores. E esta via pode ser feita por meio do debate público e sério das diferenças. Preparando assim uma “escola” auto-educativa da esquerda, mais também, as massas ao entorno que podem se apropriar dos debates e se aprofundar nas perspectivas.

Mesmo assim, nossas diferenças não impedem de golpeamos juntas Temer e as reformas, tão pouco a burocracia, pois temos estas pautas em comum, mas quando tivermos objetivos que nos diferenciam, como o apoio a um projeto de pacto burguês ou às traições da burocracia sindical, que nunca reivindicaremos, nós marcharemos separados. E na prática, nossas táticas e estratégia se mostram eficazes como ferramenta real para os trabalhadores se livrarem da escravidão assalariada.

 
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