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VENEZUELA
A “greve cívica” da MUD: um lockout patronal para impor sua agenda reacionária
Milton D’León
Caracas

Para essa quinta-feira a oposição aglutinada na MUD (Mesa de Unidade Democrática, organização da direita venezuelana) convocou o que chamam de uma “greve cívica nacional” de 24 horas, declarando que ativam “a fase superior da luta cívica” contra o governo de Maduro.

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Para essa quinta-feira a oposição aglutinada na MUD convocou o que chamam de uma “greve cívica nacional” de 24 horas, declarando que ativam “a fase superior da luta cívica para a recuperação da democracia e governabilidade, é o momento para todos os venezuelanos fazerem causa comum e resgatarmos a Venezuela”, segundo as declarações de Fredy Guevara, dirigente da Vontade Popular.

Esta medida é parte de um plano que denominam “zero hora”, uma série de ações contra o governo de Maduro que começaram nesta quarta-feira com uma agenda de quatro pontos para esta semana, como antessala do que chamam historicamente de “escalada definitiva”, para frear a Constituinte convocada pelo governo. Como indicamos em um artigo recente, precisamente esses pontos, é que se sobressai na “greve cívica” de 24 horas pois, se são capazes de paralisar efetivamente o país como declaram, seria uma verdadeira demonstração de forças.

Mas essa greve cívica que convoca a MUD é claramente um lock-out patronal, bem ao estilo e semelhança da convocada pelos empresários de Fedecámaras em 2002/2003, com objetivo puro de promover seus objetivos reacionários, e que nada tem a ver com os trabalhadores. Infelizmente alguns setores da esquerda como o PSL tem chegado a afirmar que “a greve cívica começa a colocar a luta contra Maduro no terreno da classe trabalhadora”.

É mais claro que todo setor patronal aliado da oposição sairá claramente a fechar suas empresas, suas fábricas, as oficinas e baixar as portas dos negócios, instando seus trabalhadores e trabalhadoras que nesse dia não vá trabalhar. A depender de sua capacidade de ação, obviamente farão mais ações dentro de seu plano político. Uma greve cidadã como a chamam também, no que a MUD buscará sua efetividade mas na qual nenhuma demanda dos trabalhadores estará presente, pelo contrário. Cinicamente, o próprio Fredy Guevara tem dito que não se trata das empresas fecharem, mas de pessoas não irem trabalhar. Serão os próprios empresários que fecharão suas portas em um claro lock-out patronal.

O governo de Maduro, por sua parte, avança em seu plano de impor sua farsa de Constituinte como um mecanismo de continuar no governo no marco de todo um avanço bonapartista (reacionário) de ultra concentração de poderes, funcional para toda uma casta de burocratas corruptos, militares e empresários que se enriqueceram em todos estes anos, ao mesmo tempo em que avança em uma abertura à capitais estrangeiros de uma maneira acelerada e o pagamento pontual de uma dívida externa que sangra o país, e derrubar a crise paralisante que se arrasta por mais de três anos sobre o povo trabalhador.

Também são reacionários os planos da MUD, que com o apoio do imperialismo e de governos de direita da região, busca impor sua agenda funcional também aos grandes setores empresariais e do próprio imperialismo. Por isso, nada de progressista tem sua “greve cívica” que não busca nada além de ludibriar o povo trabalhador e setores populares, sendo parte de toda sua política de avançar no que chamam “governo de unidade nacional” que não é outra coisa que a integração dos partidos da direita, os grupos e associações empresariais, provavelmente alguns ex-funcionários do chavismo, que contará com a benção dos imperialismos estadunidense e europeu, e toda a direita continental.

Assim como rechaçamos sua manobra de seu plebiscito em que chamam inclusive a acionar as Forças Armadas para que forcem uma saída política para a crise no país. Os trabalhadores e setores populares nada tem a ganhar com esta “greve cívica”, tem que denunciar seu verdadeiro conteúdo reacionário, patronal e desejado pelo imperialismo. Enfrentar o governo de Maduro, que busca se manter no poder contra a vontade do povo e impor um superpoder desde o qual governar com sua “Constituinte” autoritária, não passa por juntar-se ao polo da MUD, como infelizmente tem feito alguns setores da esquerda. Se trata de avançar em forjar uma saída independente, levantando claramente "nem governo de Maduro nem a MUD", por uma alternativa operária e popular frente as crises no caminhos da luta por um governo dos trabalhadores e do povo pobre.

 
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