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CADÊ A LUTA, CUT?
Por que a CUT e CTB não movem um dedo contra as reformas?
Isabel Inês
São Paulo

A reforma trabalhista foi aprovada nessa terça e na quarta-feira o juiz Sergio Moro condenou Lula a 9 anos de prisão. Após esse último fato a CUT já soltou chamado a atos contra o ataque a Lula em várias cidades, mas ação semelhante não foi vista nesse dia 11 contra a aprovação da Reforma Trabalhista. O que explica essa aparente contradição? A CUT e a CTB estão sendo cúmplices da traição da Força Sindical e até agora não organizaram um plano de luta sério para derrotar as reformas.

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Nessa última terça-feira foi votado um duro ataque aos trabalhadores, a Reforma Trabalhista que deve afetar a vida de milhões de pessoas que vão se ver ainda mais sem tempo para aproveitar a vida, com mais instabilidade e dificuldades financeiras. Contudo essa aprovação não ocorre em cima de uma derrota da luta dos trabalhadores, mas sim em base à desmobilização das direções do movimento operário, das centrais sindicais como CUT e CTB, que atuaram como freio à revolta dos trabalhadores.

Vimos no dia 28 de abril, com a greve geral, uma primeira mostra da força das paralisações operárias, contudo por conta das direções sindicais essa luta não se desenvolveu até a derrubada de Temer e a anulação das reformas. A CUT e a CTB, junto à Força Sindical, deram tempo para o governo se reorganizar minimamente e impediram o desenvolvimento de novas greves. Dias antes do dia 30 de junho, quando estava marcada uma nova greve geral, a Força claramente traiu a luta, e as centrais petistas começaram a soltar noticias difusas que foram esfriando o movimento e, na prática, não mobilizaram a base dos trabalhadores.

As centrais atuam como braços de interesses de distintos setores da burguesia dentro do movimento operário. Assim, ainda não foi necessário para a burguesia usar de todos seus métodos repressivos para tentar derrotar a luta, uma vez que as centrais impediram que os trabalhadores levassem até o final sua revolta. Essa contradição faz com que, por um lado, seja uma tentativa de desmoralizar os trabalhadores, e por outro, estes ainda tenham muita sede de luta.

A CUT e a CTB, ligadas ao PT, querem transformar toda a força dos trabalhadores em um trampolim para eleger Lula em 2018. Não buscam elevar a luta contra as reformas mas sim já vinham com uma política de desvio, deixando as reformas de lado para se concentrarem na pauta das “Diretas Já”. Dessa forma, tirar a força dos métodos dos trabalhadores e levar a luta para o plano parlamentar, de reivindicações e pressão aos congressistas.

Com essa política a CUT e a CTB são cúmplices da traição da Força Sindical, mas também são parte de impedir que os trabalhadores derrotem Temer. E dessa forma acabam sendo também parte do fortalecimento da direita, que ganhou espaço durante o governo do PT, e que agora sofrem de pouca resistência. Uma vez que Lula, para voltar a governar, terá que seguir seus acordos com esse congresso podre, assim como para agradar a burguesia e os banqueiros terá que manter os ajustes “mais ou menos fortes”.

Segundo o jornal O Valor, ”A CUT aposta em recorrer à Justiça regional solicitando o reconhecimento da inconstitucionalidade da reforma e no fortalecimento da campanha pelas diretas, para tentar reverter a mudança da CLT com a eleição de um presidente contrário à medida. A estratégia difere das outras centrais sindicais, como Força Sindical e UGT, que ainda contam com vetos“.

O descalabro dessa posição é que, nas palavras da CUT, não existe greve ou luta, mas sim uma estratégia institucional onde os trabalhadores não existem como sujeitos e ficam reféns da política desse mesmo judiciário que proíbe greves e quer elevar cada dia mais seu autoritarismo.

Por outra medida depositam toda a confiança na eleição de outro presidente, ou seja, Lula. Por isso dão todo o peso na política de defesa de Lula agora. Em outra nota, o mesmo jornal mostra como a CUT, já nesta quarta-feira, estava chamando ato em São Paulo, “Eleição sem Lula é fraude! Contra o golpe! Contra o fascismo! Contra as prisões arbitrárias! Toda resistência no Masp!”, disse a CUT pelo Twitter.

O PT é incapaz de levar qualquer combate sério contra a Lava Jato e as reformas. É necessário organizar um plano de luta concreto que não esbarre em interesses de camarilha, de privilégios ou de acordos parlamentares, que mantêm o mesmo regime de exploração aos trabalhadores, jovens e setores oprimidos. Construir comitês de base e um plano de luta pode elevar os trabalhadores à ação política na sociedade, para derrubar Temer e as reformas, e avançando a um questionamento mais de conjunto ao regime e ao sistema capitalista.

Para isso é preciso organizar-se politicamente, com uma estratégia anticapitalista e revolucionária, como defendemos no MRT e no Esquerda Diário. Uma luta que não pare em medidas parciais, questione todo o sistema político (a eleição de representantes para uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana imposta pela luta contra os privilégios de políticos e juízes, para que os empresários e banqueiros paguem pela crise) e avance em pensar um novo “sentido de mundo”, onde a vida não seja só trabalho e miséria, mas sim que tudo aquilo que os trabalhadores produzem seja para atender as próprias necessidade, e não aos lucros de poucos. Cada dia que passa é visível a contradição dessa sociedade onde os políticos, banqueiros e capitalistas atacam os direitos mais elementares enquanto gozam a vida.

Essas centrais sindicais querem impedir que os trabalhadores e jovens avancem em outro sentido de mundo, onde a vida valha a pena, isso para atender seus interesses mesquinhos e burocráticos. Romper com esses freios está mais do que colocado na ordem do dia, porque nossas vidas valem mais que os lucros deles.

 
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