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DATAFOLHA
Cresce apoio a ideias próximas à esquerda, aponta Datafolha
Barbara Tavares

Segundo pesquisa realizada pelo Datafolha, cresceu o apoio da população a ideias identificadas com a esquerda do espectro político. Dados apontam que o avanço das ideias de esquerda ultrapassou o avanço de algumas posições conservadoras, típicas da direita. O resultado foi uma leve movimentação do perfil ideológico do brasileiro para a esquerda, retomando a situação de equilíbrio entre os dois polos.

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O Datafolha realizou uma pesquisa para medir a inclinação ideológica no país, com perguntas elaboradas aos entrevistados que buscavam demarcar as diferenças entre convicções associadas à ideias de direita e de esquerda em relação a temas econômicos e comportamentais. Com base nas respostas, os eleitores foram agrupados, segundo os critérios estabelecidos pelos realizadores da pesquisa, em uma escala ideológica dividida em cinco posições: esquerda, centro-esquerda, centro, centro-direita e direita. O instituto fez 2.771 entrevistas de 21 a 23 de junho.

Esses resultados que aproximam a população brasileira a ideias defendidas pela esquerda se dão provavelmente em razão dos efeitos da crise econômica e do alto desemprego que atingem o Brasil nos últimos anos, assim como em decorrência da total descrença da população nos políticos burgueses, em sua grande maioria envolvidos em escândalos de corrupção.

Na comparação com o levantamento anterior, realizado em setembro de 2014, nota-se que o brasileiro está mais sensível a questões envolvendo a igualdade de direitos a todos os setores da população. Subiu, por exemplo, de 58% para 77% o número de pessoas que acredita que a pobreza está relacionada à falta de oportunidades iguais para todos, o que indica que a crença no mito da meritocracia vem caindo por terra num país de possibilidades tão abissalmente distintas. Já a parcela que acredita que a pobreza é fruto da preguiça e falta de vontade de trabalhar caiu de 37% para 21%.

Os dados indicam que cresceram na população brasileira a tolerância à homossexualidade (64% para 74%), a aceitação de migrantes pobres (63% para 70%) e a rejeição à pena de morte (52% para 55%).

O direito do cidadão de possuir uma arma legalizada é defendido agora por 43% da população, apresentando um aumento de 8% em relação a 2014, quando era defendido por 35%. A opinião contrária ainda predomina, mas registrou declínio (de 62% para 55%). Sabemos que a defesa do armamento da população é feita sob um viés conservador pela maioria das pessoas.

Com relação à legalização das drogas, a opinião média nacional se manteve conservadora, prevalece a defesa da proibição por parte de 80% da população, o que expõe a necessidade de realizarmos a discussão de como a guerra às drogas é, na verdade, uma guerra contra a juventude pobre e negra nas periferias, justificando a ação violenta da polícia nos morros e favelas.

Nos aspectos econômicos a pesquisa aponta uma relativa estabilidade entre os grupos ideológicos, mas com movimentos contraditórios.

A maioria da população quer pagar menos impostos (51%) e depender menos do governo (54%), posições associadas pelos organizadores da pesquisa à direita, mas sabemos que a demanda por impostos mais baixos é conservadora apenas se colocada sob o viés dos empresários que querem expandir seus lucros - nesse caso, é progressista defender impostos progressivos sobre as grandes fortunas - e não sob o viés da população cansada de ver que paga impostos constantemente desviados nas mãos dos políticos corruptos, ou, por exemplo, sob o viés do trabalhador que financia as universidades públicas mas só vê os filhos da elite podendo estudar nelas.

Uma ampla maioria, 76% dos entrevistados, considera que o Estado deve ser o principal responsável por fazer a economia crescer.

Numa visão geral dos resultados da pesquisa, vemos que a alta nas opiniões de viés mais progressista reverteu a vantagem, constatada em 2014, da direita sobre a esquerda. E agora, com os novos dados, a Datafolha coloca que os dois grupos apresentam empate técnico.

No somatório, segundo a pesquisa, 40% da população defende posições de direita e centro-direita. Na pesquisa anterior eram 45%. Já a defesa das posições de esquerda e centro-esquerda aumentaram de 35% para os atuais 41%. O centro manteve-se com 20%.

Um ano após o impeachment de Dilma Rousseff, a pesquisa põe em dúvida a hipótese de que a direita teria se fortalecido com o declínio petista e do desgaste sofrido por algumas das principais lideranças do partido.

"As medidas de ajuste propostas após a queda de Dilma são muito duras e ainda não demonstraram efeitos nítidos para a população. Isso abalou a imagem da direita. E ficou comprovado que o PT não detinha o monopólio da corrupção", afirma Cláudio Couto, cientista político e professor do curso de administração pública da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

O que essa pesquisa nos mostra é a necessidade emergente de construir uma nova esquerda, revolucionária, que seja capaz de responder aos ataques e aos anseios mais profundos das massas. Diante desses resultados, fica clara a necessidade de construir uma alternativa dos trabalhadores e da juventude, verdadeiramente independente, que questione esse sistema político no qual a ordem é ataques, retirada de direitos e corrupção, e que seja capaz de dar uma saída para a crise política e econômica do país.

 
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