De acordo com a Folha de S. Paulo, um grupo de deputados pretende votar contra a denúncia de Temer na Câmara como forma de impor uma derrota ao Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot. Eles são investigados na Lava-Jato também.
O conflito que se abriu entre um setor do judiciário ligado à Lava-Jato, o que inclui também Janot, e a casta dos políticos - que como os membros do alto escalão do judiciário goza de inúmeros privilégios inacessíveis aos trabalhadores - não é novidade. Ele se expressou na discussão sobre a lei de abuso de autoridade e de combate à corrupção, que por trás de muita demagogia escondia uma disputa entre legislativo e judiciário.
Agora, a denúncia de Temer enviada à Câmara aparece como novo pivô do duelo entre esses dois grupos de privilegiados para ver quem manda mais. Para que a denúncia de Temer seja aceita e siga para o STF, é necessário que tenha 342 votos favoráveis entre os 513 deputados.
Quem colocou em palavras a intenção de votar para manter o golpista Temer no cargo como forma de "dar uma lição" em Janot foi o deputado Paulinho da Força, também líder da Força Sindical, uma das centrais mais abertamente responsáveis pelo enfraquecimento da greve do dia 30 de junho. Ele disse: "Há uma insatisfação muito grande entre os deputados com ele [Janot]. Enquanto corre no caso do Temer, nas investigações contra deputados ele abre [inquéritos] e deixa na geladeira. A tendência aqui é de os caras votarem não pelo Temer, mas contra o Janot".
Mais uma vez, fica claro que entre os de cima não existe nenhuma intenção de "combater a corrupção", mas sim de preservar seus privilégios e disputar por poder.
|