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CRISE DA DÍVIDA GREGA
A Troika recusa a oferta grega exigindo um ajuste maior
Guadalupe Bravo

A reunião realizada ontem (24) em Bruxelas para continuar analisando o caso grego, acabou com a recusa da última oferta apresentada na segunda-feira por Tsipras. A Troika fez uma contraproposta exigindo um ajuste maior nas reformas de pensões e do IVA.

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Na quarta-feira à tarde – 14:00 horário local – aconteceu novamente em Bruxelas uma reunião para analisar o problema da dívida grega. Nesta oportunidade estiveram presentes funcionários do BCE, os ministros de finanças do Eurogrupo e do FMI, inclusive sua diretora Christine Lagarde. Pelo lado grego, participou Alexis Tsipras, encarregado de defender a proposta realizada na segunda-feira, que incluía aumentos no IVA e corte de pensões.

Previamente, Tsipras tinha se referido com críticas aos credores via twitter, ressaltando que a recusa recebida pelas diferentes propostas feitas pela Grécia para conseguir um acordo não havia ocorrido com outros países em situações similares como o caso da Irlanda ou de Portugal.

Tsipras deixava entrever, deste modo, que a política de arrocho econômico que seus credores exercem sobre a economia grega poderia estar alentada por outros motivos.
A reunião de ontem, que foi convocada pela urgência de se chegar a um acordo com a Grécia e dissipar de uma vez o medo de um possível Grexit (ou saída da Grécia da zona euro por não pagamento da dívida), acabou outra vez sem acordo e recusando a última oferta grega.

A Troika aproveita sua posição ofensiva e frente a uma proposta que pela primeira vez contempla ajustes no sistema de pensões, como aumentar escalonadamente a idade de aposentadoria para 67 anos, combinada com um aumento do IVA, não só recusa a oferta senão que exige um maior esforço ao governo do Syriza; em poucas palavras: pedem mais ajuste.

Para o dia de hoje se prevê uma nova reunião que busque alcançar um acordo nas mudanças propostas pelos credores. No melhor dos casos, poderiam chegar a contemplar uma nova proposta para ser discutida e aprovada na próxima reunião do Eurogrupo na sexta-feira. Depois desta etapa de aceitação “da proposta”, a mesma deve passar à prova de ser votada positivamente no parlamento grego na próxima segunda-feira.

Essa não será uma tarefa fácil. Dentro do partido do governo Syriza convive uma ala de esquerda, com grande representação, que se opõe às reformas de ajuste e ao pagamento da dívida. Para se ter noção, um dirigente da Plataforma de Esquerda opinava sobre a proposta da segunda-feira: “a lista de medidas do novo pacote de austeridade proposto pelo governo do Syriza é absolutamente deprimente”.

É provável que no caso de ter que votar na segunda-feira a aprovação do ajuste, Tsipras não consiga alinhar todo seu partido detrás de sua decisão e por isso o Syriza vote dividido. Neste caso, a ala de Tsipras precisará dos votos dos partidos conservadores para fazer passar o ajuste pedido pela Troika.

A Troika pede um maior esforço

As novas modificações que os credores exigem para aceitar a proposta grega e destravar a situação implicam em aprofundar algumas reformas estruturais combinando a implementação de mudanças conceituais. Ou seja, os credores, e sobretudo o FMI, buscam aumentar o ajuste, mas o suficiente para que se sinta “o castigo” e ao mesmo tempo se consiga coletar o pagamento da dívida em cada vencimento.

Para conseguir isso propõem, por um lado, mais tesouradas nos gastos sociais e menos aumento de impostos, devido a que a economia grega está quase em recessão e por esse motivo veem como pouco provável um aumento da arrecadação fiscal. Além disso, pedem para suavizar os aumentos de impostos às empresas (de 29% a 28% em imposto de sociedades) e duplicar os cortes em defesa. Com respeito ao sistema de pensões, uma “linha vermelha” que começou a descolorir-se para Tsipras: o FMI quer pensões mais baixas. O governo propôs elevar as cotizações, endurecer as aposentadorias antecipadas e levar a idade de aposentadoria até os 67 anos. Isto não conforma os credores que insistem com demandas como a eliminação dos pagamentos suplementares aos pensionistas de baixa renda.

O acordo visto de duas maneiras

Se lemos os jornais do mundo, em sua maioria coincidem em afirmar e inclusive a festejar que o acordo está próximo, que só é questão de dias ou que talvez se a Grécia cede um pouquinho mais, se alcançará. O que para esta imprensa que aconselha para a Grécia com suas notas “a rendição total” como única saída para agradar seus credores em troca de manter-se dentro da Zona do Euro, como uma vitória, para o povo trabalhador grego implicará novos anos de ajuste econômico.
Mas não só a imprensa quem festeja “o triunfo” da Troika que impõe um brutal ajuste aos gregos, cobrando uma dívida usurária que os trabalhadores não contraíram; também desde o próprio governo do Syriza começaram a capitulação. O próximo episódio, determinante, terá lugar em Atenas quando Tsipras tenha que convencer os gregos de que o acordo é uma vitória, que devem fazer um esforço para manterem-se dentro da Zona do Euro.

O que não é seguro ainda é qual será a resposta. Nos últimos dias aconteceram algumas manifestações em Atenas sobretudo contra as medidas de austeridade e apoiando o governo do Syriza para que não ceda frente às pressões da Troika. Resta ver se o povo trabalhador grego sai às ruas, indignado contra o governo da entrega, e levanta forte sua voz para dizer: ¡Não ao pagamento da dívida grega!

 
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