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EUA-CUBA
Trump abre uma nova etapa mais agressiva contra Cuba
Diego Dalai

Como se esperava, Trump finalmente anunciou um novo giro norte-americana para impor a ilha uma política de caráter mais agressivo e reacionário, retomando o velho discurso confrontado estilo guerra fria e ratificando o criminoso bloqueio econômico vigente desde 1962.

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Os anúncios tiveram uma boa cota de simbolismo, um discurso feito em Maiami, a cidade norte americana com maior número de exilados cubanos, e rodeado de veteranos da Bahia Cochinos e pelos senadores anticubanos Marco Rubio e Mario Diaz-Balart.

O presidente norte-americano criticou toda a política da administração que Obama fazia com Cuba, que buscava avançar na restauração capitalista pela via de uma negociação, prometeu voltar a uma linha dura contra " o regime" cubano e ate que se deu ao luxo de reivindicar varias figuras emblemáticas da velha "gusaneria" como a jornalista Cary Roque os pilotos dos Irmãos Resgate.

Poucas horas mais tarde se difundiu o decreto firmado por Trump onde especifica aos alcances das novas medidas.

O documento proíbe as transações comerciais com empresas controladas pelas FAR e que relações desse tipo somente tendem ao "setor privado". Também retornaram as restrições as viagens turísticas que Obama tinha flexibilizado, e se condiciona qualquer melhora na relação bilateral a " vontade do governo cubano de melhorar a vida do povo cubano, incluindo a promoção do estado de direito, o respeito aos direitos humanos e a adoção de medidas e as liberdades econômicas".

Repudiar estas medidas agressivas do imperialismo norte-americano e redobrar a luta pelo imediato e incondicional levantamento do bloqueio econômico. A estratégia de chantagem e extorsão contra o povo cubano, mascarada de um falso discurso "democrático" e pelos " direitos humanos", tem como objetivo destruir as conquistas sociais que ficaram da revolução de 59 e restaurar o capitalismo subordinando aos monopólios ianques.

As contradições da nova política imperialista

Trump quis passar a imagem de que a política de aproximação aplicada por seu antecessor Barack Obama está terminada. Não obstante, este novo giro reacionário tem muitas contradições e limites. Em primeiro lugar enfrenta uma opinião publica norte-americana que majoritariamente está indo contra um retrocesso nas relações de uma volta a estratégia de agressão. Incluindo esta opinião também é majoritária entre o exilio cubano que tem sido visto claramente beneficiado com as politicas de Obama.

Também enfrenta a opinião publica internacional que expressa em dezenas de votações contra o bloquei econômico da ONU.

Um olhar mais frio ao decreto mostra que o que ainda esta por ver o grau de "volta atrás" que houve aos acordos diplomáticos e comerciais firmados durante a administração anterior. Muitas das medidas de Obama se mantem no momento, como a abertura das embaixadas, o fim da política migratória de " pés secos, pés molhados" ( ainda que se mantenha a Lei de Ajuste Cubano), o envio de remessas a familiares em Cuba e a inclusão na lista de "países terroristas" entre outras.

A aplicação concreta do decreto tende a discutir os departamentos de Tesouraria e Comércio e isso pode levar meses segundo especifica o próprio documento. Não é nada simples já que não comerciar com as empresas controladas pelas FAR significa praticamente não comercializar com Cuba, pois esse setor da burocracia controla o fundamental da economia. Ao mesmo tempo, tem interesses concretos de empresas norte-americanas sobre tudo vinculadas ao turismo e a indústria alimentícia, que se vê afetando seus negócios.

Todavia não se pode dizer que estamos diante de um regresso liso e plano da estratégia de estrangulamento econômico e agressão que manteve a Casa Blanca durante mais de 50 anos, mas é claro que veremos uma maior ofensiva imperialista contra Cuba. Isto pode levar a mudanças na política da burocracia castrista, que vem implementando um processo de reformas para o mercado desde 2011, em momentos que prepara a saída da geração que dirigiu a revolução dos postos de direção do estado, ainda seguirá controlando o Partido Comunista.

O governo Cubano já rechaçou publicamente as medidas de Trump e sua intenção de intervenção da política local, a vez que reafirmou sua disposição a um "diálogo respeitoso" e que "as mudanças que são necessárias em Cuba os seguirá decidindo soberanamente o povo cubano".

A declaração oficial também assinala que Trump cessou a Diretiva Presidencial de Política de Normatização emitida por Obama em outubro de 2016, na qual "embora não ocultasse o caráter intervencionista da política estadunidense, havia reconhecido a independência de Cuba e o governo cubano como um interlocutor legítimo e igual".

Esta é uma "linha vermelha" para a burocracia que quer ser ela mesma a dirigir o processo de reformas pró-capitalista ao estilo vietnamita ou chinês, e assegurar, mantendo o regime de partido único para garantir seus privilégios e eventualmente converter-se em classe capitalista.

Neste sentido o giro de Trump, dependendo de quão profundo seja, pode abrir cenários políticos novos, mais instáveis, tanto na relação bilateral como no interior do Partido Comunista de Cuba, onde poderia tomar mais força os setores da burocracia reagendo as reformas porque afetam seus privilégios.

Tradução: Tatiane Malacarne

 
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