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Congresso da UNE: Organizar a greve geral ou as Diretas Já?
Tatiane Lima

Na quinta-feira (15) começaram os espaços de debates amplos do 55° ConUNE. Com o tema Democracia foram instalados debates sobre as Reformas e a reivindicação de Diretas Já. Também no dia 16 aconteceu um debate com a Frente Povo Sem Medo para discutir os desafios da Esquerda. Estiveram presentes nesses debates dos dois primeiros dias intelectuais da esquerda, figuras dos partidos e movimentos sociais, entre esses Chico Alencar, Guilherme Boulos estiveram presentes.

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Foto: CONUNE

Diante de toda a discussão vimos que organizações, como o PCdoB e o PT, insistem na separação entre a luta contra as reformas e a saída política que defendem para a crise. Ou ainda, o caso de grupos como o MES-PSOL e o MAIS, que ligam necessariamente a construção da greve geral à “saída” das Diretas Já.

Sabemos que os políticos capitalistas querem resolver entre eles a crise política. Alguns querem dar um golpe dentro do golpe, com uma eleição indireta onde a escolha estaria absolutamente nas mãos do Congresso podre. Outros buscam uma nova figura para levar até o final as reformas, como diz o tucano Dória ou o próprio Fernando Henrique Cardoso, que passou a considerar como via as eleições diretas e gerais. Mas nós não confiamos nestes que querem nos fazer pagar pela sua crise. Não confiamos tampouco no Judiciário que busca arbritar a situação para aprovar as reformas e favorecer os lucros do imperialismo com sua Lava Jato. O MAIS fala em abstrato sobre os erros "da esquerda que faz aliança com a direita e com PMDB, repetindo os erros do passado", chamando a necessidade de uma Frente da Esquerda Socialista, contudo não colocaram uma linha sequer sobre sua própria politica capitulacionista ao construir uma frente ampla pelas diretas já, junto com PCdoB, PT, e partidos burgueses como PSB e PDT.

Nós acreditamos que a derrubada de Temer e a luta contra as reformas são os principais desafios da juventude no país e que esse ConUNE deveria armar os milhares de jovens participantes. Nós, somos parte dos que se levantaram nas jornadas de junho de 2013 e desde então não paramos. Podemos construir junto com a classe trabalhadora uma saída de fato para a crise política e sabemos que o nosso terreno para isso é a luta de classes. Nós fomos para as ruas junto com os trabalhadores e paramos o país no 28A. Ocupamos Brasília no 24 de maio e mostramos disposição para uma luta profunda. Agora temos que concentrar todas as nossas forças para a construção de uma greve geral maior ainda no dia 30 de abril.

Para construir a greve geral nós devemos tomá-las nas nossas mãos! Devemos construir assembleias e comites para nos organizarmos nas universidades, escolas e locais de trabalho para tomarmos nas mãos os rumos do nosso movimento em defesa do futuro.

A história dos últimos quase 40 anos mostrou a que tem servido as direções dos sindicatos, que burocratizaram as ferramentas, que deveriam ser para a luta e organização dos trabalhadores, em prol de favorecer projetos políticos de conciliação com os capitalistas. Na juventude também a direção majoritária da UNE não serviu para organizar respostas radalizadas da juventude contra a sociedade de classes. Por isso não confiamos nas direções do PT, do PCdoB e sabemos que sua defesa da greve geral é da boca para fora, pois não querem que os trabalhadores e jovens sejam sujeitos políticos. Sabemos que possuem um projeto de país que não é o nosso. Mesmo setores que se dizem críticos do PT, como o Levante Popular da Juventude, defendem abertamente que as Diretas Já devem vir como uma reconstrução do “pacto democrático” entre o povo e a ordem política, ou seja, que temos que conciliar com nossos maiores inimigos e nos conformar com sua ordem. Isso mostra como essas organizações são absolutamente impotentes para responder aos direitos e anseios da juventude, porque só podem defender que estejamos reféns daqueles que nos quer trabalhando até a morte e sem o direito ao mínimo descanso nesse sitema podre.

Não coincidentemente vemos o movimento das centrais sindicais em dissolver a greve do dia 30, passando a tratar de um "Junho de lutas" em que o dia 30 é apenas mais um dia rumo a greve geral cada vez mais abstrata. Essa é a postura criminosa das centrais burocráticas, as mesmas cujos representantes fizeram discursos vermelhos na mesa sobre as reformas.

Vimos nestes dois dias de Congresso da UNE que pouco aparece as diferenças políticas entre a direção majoritária da entidade (UJS-PCdoB e PT) e a maior parte da oposição, como o Juntos, RUA e o recém chegado MAIS, pois estão unificados em defesa das Diretas Já. A oposição tenta se diferenciar colocando a necessidade de eleições gerais para todos os cargos e não só para presidente, mas está ainda no marco de reestabilizar o regime e as regras que favorecem os capitalistas. As diferenças não avançam em profundidade e muitos dos milhares de jovens que estão compondo este Congresso devem se perguntar onde está o desafio apaixonante que vieram debater para levar de volta aos seus estados e cidades.

A Oposição de Esquerda não tem uma unidade homogênea porque não parte de debates e acordos programáticos, vemos que dentro dela tem organizaçĩes que sequer reconhecem que hove um golpe institucional no país, como o Vamos À Luta-PSOL, e outras que defendem a Lava-Jato como parte dos aliados da juventude e oprimidos, como o Juntos-PSOL. O que unifica todos é a denúncia ao burocratismo criminoso da direção majoritária, que vemos também nas grandes centrais como a CUT e a CTB. Mas como estão armando de fato a juventude para tomar nas mãos a saída e derrotar esse burocratismo politicamente? Acreditamos que o centro da atuação da Oposição deveria estar em fortalecer a greve do dia 30 e mostrar que não basta mudar os jogadores desse tabuleiro político podre, mas sim que podemos virá-lo e construir um projeto político anticapitalista e socialista para a juventude.

A força da nossa mobilização pode servir para derrubar o Temer e todo o Congresso, e podemos eleger representantes à uma Assembleia Constituinte que seja livre e soberana, para que seja a população quem decida os rumos do país. Essa Constituinte teria como primeira tarefa anular todas as reformas, como a PEC 55 e a Reforma do Ensino Médio, além de abrir um debate sobre como enfrentar a crise sem que sejamos nós que paguemos por ela com o custo de nossas vidas. Os trabalhadores são os únicos que podem resolver o problemas políticos nacionais, como o desemprego, os direitos elementares à moradia, à saúde e até mesmo o direito humano à arte livre e a expressarmos livremente nossa identidade. Nossos interesses e os dos capitalistas são inconciliáveis. Por isso está na ordem do dia tomarmos nas mãos o futuro!

 
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