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GREVE NA ESPANHA
Forte greve dos estivadores espanhóis mostra o caminho
Letícia Parks

Desde o dia 05/06, quando os estivadores espanhóis decretaram greve, vimos ressurgir a luta de um dos setores mais organizados e fortalecidos da classe operária espanhola. A greve vem da negativa dos trabalhadores em aceitar a privatização dos portos, que levaria a que seu trabalho fosse ainda mais precarizado e aponta o caminho que os trabalhadores devem seguir mundialmente na luta contra os ajustes.

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As origens do revide: porque fazem greve os estivadores espanhóis?

Desde o dia 05/06, quando os estivadores espanhóis decretaram greve, vimos ressurgir a luta de um dos setores mais organizados e fortalecidos da classe operária espanhola. A greve vem da negativa dos trabalhadores em aceitar a privatização dos portos, que levaria a que seu trabalho fosse ainda mais precarizado. Há cerca de três meses, o governo, sob a figura do presidente do Estado, Mariano Rajoy, do Partido Popular (PP), tentou aprovar essa exigência ajustadora da União Européia e foi obrigado a assumir uma derrota frente à guerra travada bravamente pelos estivadores, que apenas ao ameaçarem greve, impuseram que o parlamento votasse não em relação a proposta de privatização.

Enquanto quiserem nos atacar, lutaremos

No dia 18 de maio, o governo decidiu declarar novamente guerra aos estivadores quando aprovou sob nova votação a privatização, fantasiada de reforma parcial. Os trabalhadores nao se enganaram com o palavreado de Bruxelas e do governo que os tentavam convencer que o projeto é outro, e a partir dali passaram a convocar a nova greve para o dia 24 de maio, tendo feito ali uma série de mobilizações que culminaram nessa elevação dos rumos da greve, que hoje concentra mais de 6500 trabalhadores mobilizados. Há forte apoio da população, que vê que as medidas privatizantes e precarizantes são a tônica de um governo totalmente submetido à União Européia.

A privatização dos portos está dentro de uma série de medidas de austeridade que a UE vem lançando como exigência para os países mais atingidos pela crise, como medidas de seguir ganhando apesar da dura situação econômica que a Europa enfrenta desde a queda do Lehman Brothers em 2008 e o estouro da bolha imobiliária nos EUA. Algumas dessas exigências dizem respeito a condições mínimas de sobrevivência, como redução de gastos em saúde, educação, previdência, entre outros que mostram que os capitalistas querem fazer com que nós trabalhadores paguemos pela crise que eles criaram. Neste caso, quem sai ganhando é o capitalismo alemão, o mesmo que pela via da Troika (Banco Central Europeu, Comissão Européia e Fundo Monetário Internacional) impôs condições econômicas tão brutais para a Grécia que na prática significaram a recolonização desse país.

Os ritmos internacionais de ataques, resistência e solidariedade

Grécia e Espanha dividem muito mais em comum do que apenas a submissão de seus governos aos interesses econômicos alemães. Foram também palco dos maiores fenômenos de resistencia contra os ajustes desde que a crise se aprofundou na Europa. No país mediterrâneo vimos dezenas de tentativas de ocupação do Parlamento, enormes e intensas manifestações de rua, dezenas de greves gerais. Na vizinha de Portugal, vimos milhões saindo às ruas nas diversas capitais dos diferentes estados do país, uma ocupação na Praça do Sol, vizinha dos centros de poder, em Madrid, e em 2012, a forte greve de mineiros que fez os gigantes europeus tremerem, um espetáculo histórico das forças da classe operária organizada.

Essas lutam resultaram, nos dois casos, em mais um fenômeno em comum entre esses dois países, a fundação de partidos de tipo neorreformista, que dividem em comum também o hábito de, apesar de ser aparentemente radical, serem porta-vozes do discurso derrotista de negociar derrotas com a União Européia, de pactuar com os interesses do capital alemão, tendo no caso da Grécia inclusive assumido a presidência para enfiar em derrota a energia dos trabalhadores que os colocou no poder.

A luta dos estivadores na Espanha mostra que a única forma possível dizer não ao ajuste é através da organização e luta independente dos trabalhadores, não com negociatas a portas fechadas que propõem os neorreformistas e os sindicatos burocráticos, mas com diálogo permanente com a população e com batalhas exemplares que ataquem os lucros dos capitalistas. Novos atores da classe operária entram em cena junto aos estivadores mostrando a possibilidade de que ressurja em cena a classe operária e, talvez, determine novos tempos para os ajustadores e novos horizontes para as massas que vêm que o capitalismo não dá mais.

Apesar de fisicamente distantes, os estivadores estão próximos de nós por sua coragem de desafiar o capitalismo e seus ajustes e por sua decisão em fazer com que os capitalistas paguem pela crise. Os capitalistas não vem fronteiras para a exploração e para dizimar miséria. Com o apoio internacional aos trabalhadores estivadores espanhóis, chamamos todos a mostrar aos capitalistas o que eles temem, que para os trabalhadores também não há fronteiras para resistir a cada ataque, para afirmar nosso direito à qualidade de vida e para fazer com que os capitalistas e os imperialistas paguem pela crise.

 
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