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IMPERIALISMO
Trump encerra uma semana de ataques imperialistas lançando a “mãe de todas as bombas” sobre o Afeganistão
Simone Ishibashi
Rio de Janeiro

Se ainda pudesse haver algum lugar para dúvidas, após essa semana Donald Trump indicou que sua política de intervenção imperialista se aprofundará. Contrariando todos aqueles que analisavam o seu discurso de “American First” como o anúncio de uma política menos beligerante, e fechada sobre suas próprias fronteiras, Trump realizou uma série de ataques que visam mandar recados aos seus oponentes mundo afora, em especial à China e à Rússia.

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O ataque à Síria, apesar de ser o primeiro diretamente feito pelos EUA contra Bashar Al Assad desde que a guerra civil iniciou-se em 2011, teve como desfecho parcial a declaração de imprensa de representações dos governos russo e norte-americano após conferência em Moscou que buscavam amenizar as tensões. Apesar do clima de “tudo certo mas nada resolvido”, já que não se chegou a um acordo sobre como lidar com a questão síria, com a Rússia insistindo em “investigações imparciais” sobre a autoria dos ataques com armas químicas na Síria, ambos buscaram demonstrar ter acordo sobre a “guerra ao terrorismo do ISIS”.

Isso em verdade é uma demonstração de que os objetivos norte-americanos com o bombardeio à Síria eram restritos, já que não são capazes de garantir uma ordem pós Assad, correndo o risco de caso o regime fosse derrubado, abrir-se uma situação similar à Líbia. Após os ataques da OTAN que derrubaram o governo líbio, o país segue mergulhado em um grande caos, e em disputas tribais.

Em meio a isso, se deram também as movimentações militares no mar da Coreia do Norte no dia seguinte ao ataque à Síria, também foi um ponto de tensão internacional da última semana. A escalada da tensão entre a Coreia do Norte, que prepara um novo teste nuclear, e os Estados Unidos têm sido uma fonte de preocupação para a Coreia do Sul, China e o Japão.

Mas o ponto culminante de uma semana de ataques imperialistas, foi o lançamento na última quinta-feira da “mãe de todas as bombas” contra o Afeganistão. Trata-se da bomba não nuclear com maior poder de destruição, usada pela primeira vez pelos Estados Unidos. A bomba GBU-43 Massive Ordnance Air Blast (MOAB) é um imenso projétil que pesa cerca de 10 toneladas, para destruir túneis subterrâneos.

Foi lançada contra a província de Nangarhar, no leste afegão, e próximo à fronteira com o Paquistão, em uma região onde haveria uma base do Estado Islâmico. Na manhã da sexta-feira, o governo norte-americano declarou que o lançamento da bomba teria matado 36 membros do Estado Islâmico na região. Trump declarou que o lançamento da bomba foi “um sucesso”. Já o líder talibã afegão, que também combate o Estado Islâmico, denunciou a ofensiva de Trump, e chamou os Estados Unidos de “criminosos globais”.

Com mais esse ataque, Trump, o presidente norte-americano com o mais baixo índice de aprovação no início de mandato da história, busca aprofundar a aprovação que obteve com a ofensiva contra a Síria. Além de ser um aviso à Rússia e a China, a resposta às ofensivas militares da última semana foram rápidas. Pela primeira vez jornais como New York Times, e porta-vozes dos democratas, bem como a cúpula do Partido Republicano que sempre esteve dividida em relação a Trump, além dos governos das potências europeias declararam apoio à Trump.

Dessa forma, está claro que a solução que Trump buscará para lidar com suas contradições internas é a clássica ofensiva imperialista e militar sobre os países pobres do Oriente Médio. No entanto, da mesma maneira que ocorreu com os governos anteriores, desde os neoconservadores de Bush até Obama, cada qual à sua maneira, essa saída tem alcance absolutamente limitado e não pode responder em profundidade às contradições da perda de hegemonia norte-americana.

A semana de ataques beligerantes de Trump é a demonstração de que seu nacionalismo e protecionismo nada tem a ver com uma mudança da política imperialista militarista. Algo que já havia se demonstrado com o aumento do orçamento militar proposto por Trump, bem como a nomeação de diversos militares para cargos importantes do seu governo. Portanto, as ofensivas de Trump só demonstram que o discurso de que ele seria “ruim para os Estados Unidos e melhor para o mundo”, pois interviria militarmente menos, é falso. É preciso defender abertamente a bandeira do anti-imperialismo, e seus ataques mundo afora, que também expressam a faceta mais reacionária da dominação imperialista. Nenhum bombardeio norte-americano pode ajudar os sírios, afegãos, ou qualquer outro povo do mundo.

 
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