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BALANÇO DA GREVE DOS PROFESSORES
Luta da Educação: as idas e vindas de um combate explosivo
Maíra Machado
Professora da rede estadual em Santo André, diretora da APEOESP pela oposição e militante do MRT

Mal se encerravam as manifestações massivas do último dia 31 e Temer aprovava a Terceirização irrestrita com vetos irrelevantes no projeto. Nesse mesmo dia mais cedo, em assembleia de professores, a direção de Bebel em acordo com a maioria das oposições encerravam a greve de professores que havia começado quatro dias antes.

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A greve foi votada no início do ano, no congresso da CNTE (Confederação Nacional de Educação) que aconteceu em Brasília e que estava longe de alcançar qualquer setor de base dos professores, principalmente porque, mesmo depois desse acordo estabelecido, a direção majoritária da APEOESP teimou em não construir a greve. A resolução tirada por cima, sem estabelecer seus objetivos só poderia seguir o caminho de ir sendo alterada de acordo com os interesses da burocracia. E assim ela fez.

No dia 8 de março, mulheres de todo o mundo pararam num grito unificado contra o machismo e o capitalismo. Nesse mesmo dia, professores do munícipio e estado faziam suas assembleias, na duas o indicativo de greve pro dia 15 foi aprovado e milhares de professores se unificaram em um só ato que se encontrou com a marcha das mulheres, mostrando que a educação é parte da mesma luta.

Nesse mesmo dia, duas escolas estaduais da Zona Norte de São Paulo pararam suas atividades e professoras e professores foram para a assembleia dispostos a lutar pela unidade de professores e mulheres. Essas mesmas escolas foram depois, durante a pequena greve que protagonizamos na última semana, carros chefes do ato organizado por setores da Oposição - com os “Professores pela Base” à frente – que reuniu 400 professores e estudantes numa marcha e depois em uma aula-pública contra a Reforma da Previdência.

Enquanto os professores, organizados desde a base em suas escolas davam exemplo de disposição e combate, que está presente em cada escola mas sem ser colocado em movimento pela política das direções sindicais, Nilcéia – dirigente histórica da subsede Norte 1 parte da direção majoritária da APEOESP – falava pra ninguém no ato de greve que organizou, e olha que levou carro de som e um certo aparato. Não adianta, os professores querem lutar, como já estava claro na primeira assembleia e depois mais ainda no enorme ato do dia 15 de março.

Então vamos para o dia 15. Centenas de milhares de pessoas tomaram as ruas do país e cruzaram os braços para mostrar que não aceitaremos os ataques aos nossos direitos. Metroviários de São Paulo expressaram o desejo de unidade e pararam, ganhando aplausos dos usuários do metrô, que assim como a maioria dos brasileiros sabem que agora é hora de parar tudo. Os professores passaram a manhã se preparando pra esse dia e as 14hs começaram a se juntar na Praça da República para uma enorme assembleia.

Há muito tempo não víamos tanta disposição de luta. Ônibus de todos os estados vinham cheios de professores que queriam marchar contra a Reforma da Previdência. Em Santo André foram 7 ônibus lotados de educadores do estado e município. De Campinas foram diversos ônibus e vans. Quando se viu essa vontade de lutar? Éramos 40 mil na assembleia, momento único para armar um verdadeiro plano de lutas e organização desde a base em cada escola, para unificados com as demais categorias em luta, revertermos a correlação de forças que o governo golpista quer impor.

Ao contrário da disposição marcadamente presente, Bebel e sua corrente majoritária Artinsind defenderem contra a greve. Pior que isso, a maioria da Oposição também, dizendo que a greve não estava preparada e que seria de vanguarda. Todos unificados para iniciar a greve só no dia 28, que começou sem ter ao menos uma assembleia ou ato de rua, mais que isso, isolando os professores municipais que votaram nesse mesmo dia 15 o início de sua greve.

Quando chegamos ao dia 28 estávamos desorganizados, reféns de uma política traidora da burocracia sindical que prefere dar trégua ao governo e organizar paralisações midiáticas e não uma greve geral de verdade que paralise o país. Ao contrário de organizar a greve, Bebel e a direção majoritária da APEOESP adiantavam as eleições sindicais e o RE que antecedeu a greve foi marcado para discutir as comissões eleitorais. Mais uma vez fica a pergunta: para que serve o sindicato se não for para organizar nossas lutas?

Bebel quer garantir seu posto eterno na presidência do sindicato, dificultar a organização das oposições e impedir o protagonismo dos professores de base. Não pode ser que chame a greve e depois se coloque de fora de sua organização. Nos comandos de greve em cada região vimos que todos querem lutar e isso se mostrou no dia 31 quando a greve foi encerrada, mais uma vez a partir de um acordo entre a burocracia e a maioria das oposições.

Mesmo assim, milhares de professores estavam na assembleia e marcharam decididamente contra o governo golpista e suas medidas. Bebel fez um novo chamado a partir das centrais sindicais para o próximo dia 28 de abril, uma nova paralisação nacional contra os ataques de Temer. Poxa, mas tá longe esse dia 28, alguns ataques importantes já foram aprovados, como a terceirização irrestrita, mas ainda está colocado armar um plano real de mobilização para que dia 28 não repita a história de março, mas que seja um ponta pé forte para construir uma verdadeira greve geral.

São muitos dias pela frente e nós professores nem começamos a resolver as nossas demandas. Por isso, precisamos nos organizar imediatamente, conformando comandos de mobilização ativos auto-organizados, com representantes votados em cada escola. Chamando a comunidade escolar a se mobilizar com a gente, construindo comitês de base para lutar contra as reformas.

Nossa preparação tem que ser exigindo que as centrais sindicais rompam com a trégua que deram ao governo e que façam assembleias de base em todas as categorias. Construindo atos, fechamentos de ruas e grandes debates para que todos os trabalhadores mostrem sua força como foi no último dia 15. Para não ficarmos reféns da burocracia e sua orientação conciliadora, precisamos tomar a luta em nossos mãos e dirigir nosso combate.

Com um plano organizado e ativo desde já, as oposições da APEOESP devem romper com qualquer acordo com a burocracia que não parta de exigir um plano de lutas real e a organização desde a base. Podemos construir uma enorme paralisação no dia 28, dando exemplos concretos da disposição de luta em nossa categoria, a partir disso teremos força para impor uma derrota a esse governo golpista com nossa unificação com as demais categorias, lutando para o verdadeira greve geral já.

 
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