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ENCHENTES EM SP
Chuva e enchente em SP fazem vítima fatal: mais um ano, mais uma tragédia social anunciada
Fernando Pardal

A cada ano se repete: as enchentes e alagamentos de verão causam estrago irrecuperável, destruindo casas das pessoas, acabando com tudo o que possuem e chegando a matar pessoas. Mas por mais que a mídia e os governos se esforcem para mostrar as enchentes como "tragédias naturais", qualquer um pode ver que não é assim: as vítimas tem classe, cor, endereço certo. São os negros, pobres e trabalhadores, que moram nas periferias das cidades. A responsabilidade é de quem?

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Na tarde dessa sexta-feira, 24, o estrago causado pelas chuvas em São Paulo foi avassalador. Uma mulher de 46 anos morreu após ser atingida por um muro que caiu no Sacomã, na Zona Sul da capital paulista.

Quatro córregos (da Mooca, Franquinho, Moinho Velho e Ipiranga) e dois rios (Rio Verde e Aricanduva) já transbordaram. O Centro de Gerenciamento de Emergência colocou a cidade em estado de atenção e as subprefeituras de Vila Prudente, Penha, São Mateus, Aricanduva e Itaquera (na zona leste) e Ipiranga, na região sudeste, entraram em alerta.

O granizo caiu em pelo menos três pontos: Artur Alvim, Itaquera e Congonhas. No Aeroporto de Cumbica, rajadas de vento atingiam até 72kh/h. Choveu forte também em Pinheiros, Perdizes, Jardim Paulista e no Itaim Bibi.

Na zona leste, a precipitação foi forte nos bairros de Itaim Paulista, Vila Curuça, Jardim Helena, Lajeado e São Miguel Paulista. Houve alagamentos na avenida Celso Garcia, no Tatuapé, próximo à rua Saldanha Marinho e à avenida Salim Farah Maluf, e também nas avenidas Rangel Pestana (próximo à rua do Hipódromo) e na avenida Prof. Luiz Inácio Anhaia Mello. Na zona norte, choveu forte em Perus e Anhanguera.

No extremo da zona sul, em Parelheiros e Engenheiros Marsilac choveu moderado com pontos fortes. A avenida Interlagos registrou pontos de alagamento próximos à rua Engenheiro Dagoberto Salles Filho.

Por volta das 18h30, eram registrados 27 pontos de alagamento na cidade. Usuários postaram fotos do alagamento de pontos da cidade nas redes sociais, como essa da Avenida Anhaia Melo:

Na imprensa, apenas se retrata isso, o que é verdade, mas é apenas uma parte da verdade. Se é verdade que as chuvas fortes de verão, tempestades com intensidade, ventos, granizo e muito volume de água, são fenômenos naturais, não é verdade que suas consequências sejam.

Uma das características fundamentais da vida dos seres humanos em sociedade é sua luta por dominar a natureza e conseguir não ser vítima de suas circunstâncias. Desde que se abrigava em cavernas, construía ferramentas e fazia fogo, os seres humanos procuram saber fazer uso do que as circunstâncias naturais de seu ambiente apresentam.

Cidades como São Paulo são verdadeiras aberrações do ponto de vista de qualquer racionalidade arquitetônica ou de engenharia. Ela cresceu em demasia e de forma caótica. Mas não foi de forma aleatória; pelo contrário, ela foi muito bem ordenada segundo uma lei que governa ainda hoje a vida de todos que vivem nela. Não foi para assegurar a segurança ou o conforto de todos seus habitantes; nem para garantir que sua vida fosse cômoda. A lógica que regeu o crescimento foi a do lucro, independentemente de que tipo de prejuízo social ou natural isso pudesse trazer.

Quando as chuvas de verão caem, elas caem por toda a parte. Mas é nas periferias que se concentram as mortes, os desabamentos, os deslizamentos, as enchentes e alagamentos. A capacidade de se abrigar dos danos causados por tempestades já foi alcançada por nossos recursos técnicos e tecnológicos há muitos e muitos anos. Mas esses só estão disponíveis para quem pode pagar por eles.

Para esconder essa gritante verdade, de que são os trabalhadores, os pobres, os negros, os moradores das periferias que sofrem as consequências nada naturais das chuvas de verão (essas sim naturais), a imprensa mostra como se a destruição causada pelas águas fosse "democrática", atacando igualmente todas as classes; e como se fossem incontrolável. Mas não vemos empresários milionários ou políticos como Doria e Alckmin sendo arrastados pelas águas, perdendo suas casas ou morrendo de forma bizarra como a mulher que foi soterrada por um muro. Os muros de Alckmin, Doria, Paulo Skaf não caem.

E a miséria que mata e destrói a cada verão com as chuvas é o que sustenta suas mansões. Por isso, a necessidade dos que sofrem as consequências desse roubo e desses verdadeiros assassinatos praticados sob o disfarce de "tragédias naturais" precisam exigir o mínimo: que os lucros dos capitalistas e os privilégios dos políticos sejam confiscados para que se crie planos de obras públicas que possam construir casas decentes, criar áreas verdes, piscinões, e todas as obras necessárias para que as chuvas sejam apenas isso: chuvas. E não mais a representação de morte, sofrimento e pavor a cada ano para a população pobre.

Com cada mansão como a de João Doria, ou cada Palácio como o dos Bandeirantes - completamente imunes às fortes chuvas - poderiam se construir dezenas de casas populares perfeitamente seguras. Poderiam se erguer muros seguros que não despenquem e matem subitamente pessoas que passam por ali azaradamente durante uma chuva. Chega de culpar a natureza por uma tragédia que é social, e cujo causador tem um nome muito conhecido: capitalismo.

 
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