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CONGRESSO CONLUTAS
Falta uma voz independente dos trabalhadores pra construir uma terceira força
Diana Assunção
São Paulo | @dianaassuncaoED

A presidente Dilma, o PT e o Congresso estão unidos para descarregar a crise contra os trabalhadores e a juventude. Na América Latina, o desgaste dos governos “pós-neoliberais” (Brasil, Venezuela, Argentina, Bolívia etc.) está acompanhado de uma recomposição de tendências à direita.

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A presidente Dilma, o PT e o Congresso estão unidos para descarregar a crise contra os trabalhadores e a juventude. Na América Latina, o desgaste dos governos “pós-neoliberais” (Brasil, Venezuela, Argentina, Bolívia etc.) está acompanhado de uma recomposição de tendências à direita. Neste cenário, ganhou força na vanguarda brasileira a necessidade de construir uma “terceira força”, independente do governo (PT, PMDB, PCdoB), mas também das variantes de direita (PSDB, PPS, DEM, PSB etc.). Entretanto os dias 15 de abril e 29 de maio mostraram os limites desta política.

Com o avanço de ataques de Dilma, aumentou a insatisfação popular que já vinha pela corrupção, e a base das centrais sindicais governistas como a CUT e outras pressionou para que fizessem algo. E apesar do corpo mole da burocracia sindical, em especial o dia 29 foi uma importante jornada. Ainda assim, nada justifica o “parabéns” de Luciana Genro (PSOL) para a CUT no dia 15, que somente contribui para embelezar esta burocracia que sabemos que está, ao mesmo tempo, negociando o PPE, Plano de Proteção ao Emprego, com a redução dos salários para garantir os lucros patronais.

Por isso, mais do que nunca é necessário abrir um importante debate no 2º Congresso da CSP-Conlutas e também no 3º Congresso da ANEL sobre a construção de uma “terceira força”, dos trabalhadores ao lado da juventude, independente do governo e também da oposição de direita. A ausência de uma crítica profunda às burocracias, que alertasse os trabalhadores sobre o papel traidor que estas centrais cumprem tentando parecer que “estão a favor da classe”, teria sido decisivo pra fazer uma exigência ainda mais forte sobre um verdadeiro plano de lutas e não o corpo mole de sempre. O caminho estava apontado nas inúmeras greves operárias, em especial a grande luta dos professores e servidores públicos do Paraná.

Viemos debatendo em especial com os companheiros do PSTU, que são a direção majoritária da CSP-Conlutas, o fato de que na agitação política não coloca delimitação clara com as centrais sindicais. Nas “plenárias” unitárias, as intervenções da CSP-Conlutas agitavam a ideia de que aquelas reuniões, com um bando de burocratas traidores, seria um passo fundamental da “greve geral”, tornando essa uma consigna “vermelha” que embeleza a burocracia.

Este é um enorme erro que está sendo cometido também por outras organizações de esquerda como as correntes de esquerda do PSOL, que não colocam seus parlamentares a serviço de uma política independente – inclusive cumprindo um papel nefasto de restrição aos partidos da esquerda com a votação da cláusula de barreira.

Nenhuma corrente de esquerda buscou se diferenciar, e explicar pacientemente aos trabalhadores, porque aquela consigna de “por mais democracia” poderia ser traduzida para “defesa do governo Dilma” ou “defesa do PT”.

A onda de greves no ano passado, as emblemáticas greves deste ano, com destaque para a dos professores do Paraná, em São Paulo e várias cidades, além das lutas em fábricas como GM, Volkswagen e outras, a entrada em cena de um movimento estudantil explosivo que começou no Rio de Janeiro, mostram a enorme disposição de luta e os ouvidos abertos que amplas camadas de trabalhadores e jovens estão para enfrentar os ataques do governo.

Um dia nacional de luta, como foi o dia 29, poderia ter sido o momento especial para ecoar uma voz independente que se expressasse em faixas, cartazes, centenas de milhares de panfletos e vídeos que pudessem desmascarar essa burocracia sindical, pois se paralisamos juntos neste dia 29, devemos marchar separados, já que sabemos que a CUT e os burocratas evitam justamente que o conjunto da classe trabalhadora mostre sua enorme força social e política, paralisando fábricas, empresas, serviços para encurralar o Congresso, o governo Dilma e a patronal. Esta burocracia apenas quer pressionar o governo para negociar “ajustes” dos sindicalistas contra os trabalhadores, como o PPE negociado com Dilma e os empresários.

Os sindicatos da CSP-Conlutas e das intersindicais devem dar exemplos de organização, democracia e combatividade para exigir que as centrais sindicais rompam com o governo e a patronal e aprovem, com assembleias, reuniões, plenárias que os trabalhadores imponham, um verdadeiro plano de lutas ativo, com paralisações e medidas de força capazes de “levantar” a classe trabalhadora para barrar os ajustes e impor conquistas.

É possível construir uma “terceira força” dos trabalhadores, e para isso é fundamental que a classe trabalhadora seja sujeito político unindo e coordenando suas lutas, ao lado da juventude. Nos sindicatos e locais de trabalho é tarefa dos setores de esquerda impulsionar a mais ampla democracia operária e a mais ampla auto-organização dos trabalhadores, colocando nas mãos de seus organismos de base a decisão da política e do plano de lutas.

Não haverá greve geral no país se depender da CUT e demais centrais sindicais; sem que a força organizada dos trabalhadores dos sindicatos da CSP-Conlutas possa influenciar as bases dessas centrais sindicais para impor aos dirigentes a ruptura com o governo e a preparação de uma luta que mobilize milhões, pare as fábricas, empresas, transportes e serviços que faça curvar o governo, o Congresso e a patronal.

Apenas dias de paralisação “para pressionar” negociações, como querem as centrais sindicais oficiais, significará aceitar que os trabalhadores paguem a crise capitalista com empregos, redução de salários e precarização do trabalho. Precisamos de um plano de luta com greves e paralisações efetivas de 24 horas, 36 horas até tempo indeterminado. Só assim a força da nossa classe derrotará os ajustes de Dilma e do PT e os cortes de salários, empregos e direitos dos patrões em negociatas com os burocratas sindicais.

 
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