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JUVENTUDE
Contra Trump e a direita “radical”, a juventude precisa dar a sua resposta em todo o mundo
Francisco Marques
Professor da rede estadual de Minas Gerais

Trump oferece sua resposta à crise econômica, política e social: nacionalismo, xenofobia, machismo e racismo. Para desmascarar e derrotar Trump, a juventude precisa dar uma resposta radical: se juntar à resistência que já existe e apontar que o problema é o capitalismo, a desigualdade e a opressão, mantidas pelos grandes empresários e pelos tradicionais partidos Democrata e Republicano. Quais lições tiramos para o Brasil e o mundo?

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Foto da manifestação de mulheres em Washington

Trump é a resposta radical da direita americana ao fracasso do último grande projeto da burguesia mundialmente: o neoliberalismo. O livre mercado, a globalização e o desenvolvimento tecnológico não melhoraram a vida das pessoas como prometido, mas, ao contrário, esse fracasso aumentou a desigualdade, piorou as condições de vida e mostrou que o sistema capitalista não pode viver sem crises periódicas que causam grandes perdas e sofrimentos à maioria.

As promessas por parte dos políticos de que essa crise seria superada rapidamente mostraram-se falsas ano a ano, e a descrença nos políticos tradicionais foi aumentando. Foi nessas eleições que essa crise de representatividade se expressou com toda força. Trump denunciou na sua campanha os políticos tradicionais, tanto democratas como republicanos (membros do seu próprio partido). Segundo ele, eles não enfrentam os problemas reais, que são os “imigrantes que roubam os empregos no país”, a desindustrialização gerada pela saída de capitais americanos do país e que “os EUA se preocupam demais com o resto do mundo”.

Trump oferece aos “de baixo” uma saída cheia de xenofobia, nacionalismo e racismo. Quer que os americanos se culpem entre si e, principalmente, culpem os imigrantes pelos problemas criados pela própria elite do país. Não à toa nos anos de crise os lucros dos grandes bancos – salvos por Obama com dinheiro público – continuaram aumentando. Essa saída busca que o sistema capitalista e seus fiés guardiões como o Partido Democrata e o Partido Republicano saiam impunes enquanto a responsabilidade cai sobre os mais fracos, como os imigrantes mexicanos e os muçulmanos.

No país mais rico do mundo, 13,5% da população vive na pobreza, o racismo continua matando e encarcerando os negros, a juventude se endivida para chegar à faculdade, o sistema de saúde é inteiro privatizado e existe um alto nível de sub-empregos mal pagos em empresas como MC Donald’s e Wal Mart.

Os movimentos democráticos já vinham denunciando essa realidade, como foi o Black Lives Matter, contra os asssassinatos racistas da polícia, o movimento pelo salário mínimo e as greves nos fast foods e grandes redes de supermercados e o Occupy Wall Street.

Somente com ideias radicais a juventude vai conseguir derrotar Donald Trump

A juventude já mostrou que não vai aceitar esse discurso de ódio. Saiu às ruas quando Trump foi eleito, novamente no dia da posse e também no dia seguinte na grande manifestação de mulheres, que reuniu mais de 2 milhões de pessoas nos EUA contra Trump. É uma enorme força para preparar a resistência.

A extrema-direita de Trump se fortalece porque existe um terreno propício pra isso. Mas não podemos deixar a crítica radical do sistema nas mãos deles. Estes movimentos precisam desmascarar Trump e esta nova direita, mostrando como são parte deste mesmo regime e não oferecem nenhuma resposta de fundo à crise capitalista. O gabinete de Trump é uma mostra clara de que a Casa Branca vai continuar do lado dos grandes empresários, aprofundando a privatização dos direitos e a precarização da vida. É preciso apontar que o problema da sociedade americana é o capitalismo, a desigualdade e a opressão.

A presidência de Obama, por sua vez, apesar do imenso esforço midiático de mostrá-lo como um progressista, deixou um legado recorde de mais de 2,5 milhões de imigrantes deportados, violência imperialista no Oriente Médio e aumento das tensões raciais. A resposta não pode vir por dentro do Partido Democrata nem do capitalismo americano.

Por isso, também, a juventude que tinha apoiado massivamente a candidatura de Bernie Sanders se desiludiu quando este chamou apoio a Hillary Clinton. Esta estratégia de apostar na transformação que tem o voto como a principal arma em um sistema político antidemocrático e controlado pelas empresas jamais pode dar certo. A presença de Bernie Sanders na cerimônia de posse de Trump enquanto os protestos do lado de fora eram reprimidos mostra seu compromisso com a política burguesa.

Bernie Sanders ao lado do Senador John McCain na cerimônia de posse de Trump

A juventude tem esta tarefa fundamental. Com a força que vêm expressando as lutas democráticas e o rechaço ao novo governo, construir um terceiro partido anticapitalista em oposição a democratas e republicanos e organizar a resistência contra Donald Trump. É essa resposta que vai poder reatar ou manter os laços que ainda existem com a classe trabalhadora, que vê Donald Trump com simpatia e votou massivamente por ele. E essa classe trabalhadora é a única que pode colocar em cheque o capitalismo e disputar com a burguesia o controle da sociedade.

Algumas breves reflexões sobre o Brasil à luz do fenômeno Trump

No Brasil vemos a desilusão com o PT por parte da classe trabalhadora e, em menor medida (já que nunca confiou tanto neste partido) da juventude. Após as jornadas de Junho de 2013 o PT mostrou que era totalmente adaptado ao regime político apodrecido e que não era capaz de responder às demandas da juventude; em 2014 e 2015 quando a crise ficou mais forte fez o ajuste fiscal dos empresários e em todos os anos se mostrou envolvido nos grandes esquemas de corrupção. Com o progressivo enfraquecimento do PT uma nova direita surgiu, e ganhou peso inclusive na juventude. A direita se sentiu corajosa a ponto de dar um golpe no nosso país.

Figuras como Bolsonaro também ganham alguma força, e além dele toda uma nova direita que quer se mostrar “radical” e “independente”, como o MBL de Kim Kataguiri e Fernando Holiday. Aqui também aumenta continuamente a polarização e se preparam cenários onde a determinação de luta da juventude vai se chocar cada vez mais forte com os planos do governo golpista e da direita. Pra impedir que o "fenômeno Trump" se repita por aqui não podemos repetir a estratégia falida e conciliadora do PT.

O petismo, com suas entidades como CUT, UNE, UBES e CTB, deixaram passar o golpe e depois a PEC 55 sem radicalizar a resistência. Neste campo das lutas precisamos exigir que estas entidades rompam a trégua traidora com a direita e o governo Temer. E no campo político temos que dar uma resposta radical, de crítica ao capitalismo e ao regime político que o sustenta, como é nossa proposta de uma Nova Assembleia Constituinte Livre e Soberana, imposta com a luta contra este regime dos ricos e corruptos e os políticos de sempre. É assim que construímos no Brasil a Faísca e o portal Esquerda Diário.

 
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