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EDUCAÇÃO PÚBLICA E CRISE PENITENCIÁRIA
Como muitos alunos vão parar nos presídios e a crise penitenciária
Marcella Campos

O começo deste ano ficará marcado pela grande crise penitenciária que eclodiu "na cara" de Michel Temer, com as rebeliões e mortes em presídios no norte e nordeste e que agora começam a se espalhar no Brasil, mostrando mais uma face das enormes contradições geradas pelo capitalismo, a violência.

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Como professora da rede pública algumas perguntas me surgem, o que faz os presídios estarem lotados, por que os governos gastam o triplo de verbas com o encarceramento da juventude do que com a sua educação e por que essa discussão importa aos professores e trabalhadores da educação?

Não posso considerar coincidência que no momento em que mais se ataca a educação pública, principalmente no ensino médio e superior, aconteça uma das maiores crises do sistema prisional brasileiro dos últimos anos, enquanto se mantem a grande farsa da “guerra contra as drogas” dos governos estaduais e federal nas periferias de todo país.

Ao passo que medidas como a Reforma do Ensino Médio de Temer, que abre brecha para ensino a distância e até mesmo o fim de diversas disciplinas escolares, o projeto Escola Sem Partido, que censura os debates na comunidade escolar, e a emenda constitucional, aprovada no final do ano passado, que congela os investimentos em educação, aparecem as escolas se tornam cada vez menos atrativas e viáveis para a nossa juventude. Escolas superlotadas, sem o mínimo da tecnologia disponível e com discussões e conteúdo cobrado pelo governo totalmente desligados do interesse e cotidiano dos jovens. Foi-se o tempo em que os jovens viam na educação uma via para alcançar uma vida minimamente digna. A falência do ensino público vem bem a calhar aos governos burgueses, assim podem esbravejar por aí todo seu desejo de privatizar e vender a educação para os grandes empresários e tubarões que devoram fatias imensas das escolas e universidades. Enquanto eu, professora, vejo cada vez mais nossos alunos abandonando a escola, pois já não enxergam um objetivo.

A precarização sem fim do ensino público e o roubo de seus sonhos e perspectivas é que levam nossos alunos a serem o elo mais frágil de toda uma estrutura sólida do tráfico de drogas, onde estão governantes e a própria polícia, que mata nas favelas, morros e bairros pobres com a desculpa de guerra as drogas.

São milhares e milhares de jovens, em sua maioria negros e pobres, que quando não são brutalmente assassinados pelo Estado, são encarcerados sem julgamento, enquanto os grandes traficantes, em acordo com o Estado e seus políticos, que carregam quilos e mais quilos de pó em helicópteros, por exemplo, estão livres e financiando a matança dentro das cadeias, do lado de fora livres e milionários, onde muitos pagam com a vida a falta de uma educação pública de qualidade e a falha bem orquestrada do sistema prisional e da “ressocialização” dos governos.

A crise penitenciária é o estopim de todo um processo de criminalização da juventude pobre e negra, que têm seus direitos a educação e saúde roubados pelos mesmos políticos que, como o ex-secretário nacional da juventude de Temer, Bruno Júlio do PMDB, declaram todo o entusiasmos com as chacinas dentro dos presídios.

 
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