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"Imperador da seca" paulista, Alckmin faz lobby presidencial com crise hídrica nordestina
André Barbieri
São Paulo | @AcierAndy

Possível candidato a presidente em 2018, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), fez novo gesto político ao emprestar bombas do sistema Cantareira para acelerar a transposição do Rio São Francisco no Nordeste.

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O Ministério da Integração Nacional e o governo paulista fecharam acordo para o empréstimo de quatro conjuntos de motobombas e outros equipamentos da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para o Projeto de Integração do Rio São Francisco; segundo os elaboradores do projeto, os equipamentos deveriam acelerar a passagem da água pelas estruturas do eixo Leste do projeto e permitir que a região de Campina Grande, na Paraíba seja beneficiada no começo de 2017; Ministério estuda a possibilidade de utilização das bombas no reservatório de Campos, em Sertânia (PE).

Em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, nesta segunda-feira (26), o tucano assinou termo de cessão dos equipamentos para a Paraíba e Pernambuco, com discurso nacionalizado.

"É uma oportunidade de retribuirmos aos nordestinos, que tanto que contribuíram para o desenvolvimento de São Paulo", discursou. "O Brasil é um país muito grande, continental. Não podemos ser unitários. Nós temos de fortalecer a federação."

Pernambuco e Paraíba são comandados pelo PSB, sigla do vice de Alckmin, Márcio França, e que cobiça a sua filiação para lançá-lo candidato a presidente. Sem a garantia de conseguir impor-se na luta interna tucana como candidato presidenciável a 2018, não está descartado que Alckmin negocie sua ida ao PSB.

Cinicamente, o tucano disse que o convênio "não tem nenhuma relação" com a questão eleitoral. "Se os governadores fossem do PT, do PP, de qualquer partido, nós iríamos colaborar do mesmo jeito", respondeu Alckmin.

Representando o governador de Pernambuco, o presidente da companhia de saneamento do Estado, Roberto Tavares, fez menção velada a seu projeto nacional. "Quem sabe, no futuro, [Alckmin] possa enfrentar mais de perto esses problemas", disse.

A estratégia de Alckmin é adentrar uma região em que o PSDB carece de apelo popular, aproveitando o desgaste de seu rival Aécio Neves, parte do governo Temer e provável candidato tucano em 2018.

A seca no Nordeste, a pior em 50 anos, afeta diversos estados, dentre os quais a Paraíba é um dos mais afetados. Produtores rurais negociam a prorrogação no pagamento das dívidas e operações de crédito, e a política do governo paraibano degrada mais de 100 fontes de água localizadas no Litoral Sul do Estado (a maioria delas está soterrada e outras tantas estão abandonadas e poluídas). Não há dúvida que com os meios técnicos disponíveis, que deveriam ser permanente e gratuitamente instalados no Nordeste, seria possível aplacar esta crise.

Diante disso, chama a atenção que o governo responsável pela crise hídrica no estado de São Paulo e que continua a privatização da Sabesp, Alckmin, seja o "estratega" da solução. Em SP, Alckmin está gerindo a seca para as famílias pobres e da classe trabalhadora. Segundo o sociólogo Gilson Dantas, "o governo está segurando a água que deveria ir para as famílias da classe trabalhadora, este é o fato. Antes da crise, eram usados entre 33 e 36 m³/s, hoje se usa em torno de 15 m³/s. E sempre é preciso lembrar que as famílias pobres não possuem sistemas de caixas d´água etc, para estocar o líquido vital."

Entende-se que há muitos outros interesses envolvidos. Em primeiro lugar, a da finalização da transposição do rio São Francisco, que afetará comunidades ribeirinhas e o meio-ambiente.

Há inúmeros danos ambientais significativos, como a destruição da fauna e flora resultante do desmatamento; o bloqueio da migração de animais entre ambientes, reduzindo a biodiversidade; o agravamento do processo de desertificação e de processos erosivos; além da diminuição das espécies aquáticas pela mudança do curso dos rios.

Para fazer um paralelo com o trabalho do PSDB em São Paulo: a devastação das matas ciliares [de beira de rio], a destruição das matas de nascente dos rios, a falta de planejamento dos sistemas de coleta e distribuição de água [e de perdas, vazamentos do sistema] e, sobretudo, o fato de a água ter se tornado uma mercadoria, sem controle de sua gestão pelos trabalhadores, são algumas das bases incontornáveis do problema hídrico de São Paulo e do Brasil e que não encontrará a menor sombra de solução nos marcos do poder capitalista.

 
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