Foto: Joana Berwanger/Sul21
Há alguns meses escrevi aqui um artigo que colocava os professores entre a luta e a fome. Foi na ocasião do nono parcelamento de salário. Agora diante do não pagamento do 13° salário muitos professores ultrapassam o limite do desespero.
A professora aposentada que tentou atear fogo no próprio corpo é uma brutal expressão disto. Segundo a imprensa local ela entrou com uma garrafa de água na agência do Banrisul, e começou a derramar pelo corpo. Usuários da agência sentiram cheiro de álcool, e ela puxou um isqueiro. A tempo conseguiram tirar o isqueiro dela e chamar uma ambulância.
Após o episódio a agência continuou operando normalmente como se nada tivesse ocorrido. Não surpreende se continuasse mesmo diante de uma tragédia, afinal, o capital está em primeiro lugar.
Tudo isso ocorre na semana em que os professores, junto a outras categorias do serviço público, protestam diariamente na Praça da Matriz contra o pacotão de maldades do governo. Diariamente também a Brigada Militar cumpre sua função de braço armado de Sartori, e garante os ataques às custas do sangue dos trabalhadores que protestam.
Essa professora aposentada é um terrível exemplo de como a política de calamidade financeira dirigida aos trabalhadores e população mais pobre, adotada por Sartori, causa tragédias. Índices de suicídios, homicídios, depressão, acidentes de trânsito, violência doméstica, enfarto, entre outras ocorrências, aumentaram nos últimos tempos no estado. Com o IPE sendo cada vez mais privatizado, os professores nestas situações não têm nem dinheiro para pagar consultas médicas e se tratar.
Muitos relatos de colegas no negativo, pedindo empréstimos consignados para pagar suas contas, muitos até sem alternativas de suprir suas contas e necessidades básicas de alimentação! O serviço público estadual está desesperado!
Ao mesmo tempo, a RBS veicula propaganda do governo que prega a "modernização" do estado, dando a entender que esses ajustes, extinções de fundações, congelamento e parcelamento de salários, bem como o extermínio do plano de carreira dos servidores gaúchos, são necessários para a tal "modernização". É preciso antes de mais nada entender o conceito de "modernização" que este governo prega. É o neoliberalismo! O totalitarismo mercantil! O capitalismo dos monopólios! Modelo onde os ricos criam mecanismos legais para explorar cada vez com mais eficiência os pobres ficando cada vez mais ricos.
O governo golpista avança contra os funcionários públicos, tendo legalizado até o corre de ponto de grevistas por meio do STF. Uma chantagem que o governo sempre utilizou com os trabalhadores que lutam nas greves, agora pode se tornar regra. Encaminha também Reforma da Previdência, que exigirá que professores comecem a trabalhar com 16 anos para se aposentar aos 65, a Reforma Trabalhista e ajustes fiscais.
Os próximos vinte anos serão com teto para educação e saúde, escolas serão privatizadas para produzir mão de obra barata para a indústria, sem senso crítico. Esse é o tipo de "modernização" que o governo quer, aumentando ainda mais a evasão escolar e a violência nas ruas. Penso que de violência já estamos fartos não? Pois é, mas quando não se investe em educação se tem como resultado o aumento da violência.
Esta semana Sartori reprime violentamente professores e servidores das fundações extintas, para, em um ato antidemocrático, aprovar um pacote de leis que protege o capital e não soluciona todos os problemas da crise, aliás, só disfarça.
"Mas de onde o governo vai tirar dinheiro?" De onde ele mais envia o nosso dinheiro! Para banqueiros e empresários credores da dívida pública! QUE DEIXE DE PAGAR ESSA DÍVIDA E HONRE COM NOSSOS SALÁRIOS! Que evite mais tragédias como o caso desta colega de Pelotas!
Toda solidariedade para esta professora aposentada e para todas as professoras e funcionárias de escola que sofrem com sem seus salários. É hora de unir forças!
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