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EDUCAÇÃO - EUA
O que defende a futura secretária de educação dos EUA?
Mauro Sala
Campinas
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Betsy DeVos, que foi anunciada como secretária da educação de Donald Trump, é uma conhecida defensora dos modelos empresariais e privatistas de reforma da educação. Bem afinada com o discurso de Trump contra as “falhas escolas governamentais”, DeVos é uma defensora dos Vouchers e do modelo de escolas charters. Trump, que em sua campanha já havia prometido destinar U$ 20 bilhões para pagamento de Vouchers, vê em DeVos a pessoa certa para levar a diante essa sangria no orçamento federal da educação dos Estados Unidos, transferindo esses bilhões para a iniciativa privada.

O New York Times apresenta DeVos como uma das pessoas “mais apaixonadas pela ideia de afastar os dólares públicos das escolas públicas tradicionais”, atuando tanto em defesa dos cheques educação quanto da privatização da gestão das escolas. Mesmo as escolas de gestão privada, as chamadas escolas charters, nas mão de Betsy DeVos, tem um acento ainda mais privatizante, com uma clara preferência de concessão para entidades que visam fins lucrativos.

Em Michigan, berço e laboratório da atuação de DeVos nas reformas educacionais, 80% das escolas Charters estão nas mãos de entidades com fins diretamente lucrativos, uma parcela bem maior que qualquer outro lugar dos estados Unidos.

Chamada hipocritamente de “escolha escolar”, o movimento pelas escolas charters e pelos vales educação prometem tomar uma nova dimensão com o governo Trump e a indicação de DeVos para o gabinete que supervisiona o sistema educacional do país.

A experiência de Michigan, capitaneada por DeVos, nos mostra porque temos que ter, no mínimo, cautela com essa nova dimensão.

Mesmo um reformador que “concorda que mais competição e escolha ajudaria muitos pais e estudantes”, assume que DeVos quer “transformar a educação em mais um livre mercado” e que “há evidências claras de que as forças competitivas do mercado, por si só, não impedem escolas ruins. O mercado é muito complicado: os pais e os alunos não podem sempre julgar o que faz uma escola boa e não pode deixar facilmente uma que eles escolheram”.

Em outro artigo do mesmo New York Times podemos ler uma avaliação semelhante: “a Senhora DeVos também será prejudicada pelo fato de que sua filosofia de escolha de escola desregulamentada não foi considerada um sucesso retumbante. Em seu estado de origem, as políticas de escolha do laissez-faire de Detroit levaram a um oeste selvagem de competição e de fracos resultados acadêmicos. Embora exista literatura acadêmica substancial sobre vales escolares e enquanto os debates continuam entre campos opostos de pesquisadores, é seguro dizer que vouchers não produziram o tipo de grandes melhorias na realização acadêmica que os reformadores orientados para o mercado originalmente prometeram.”

Já num outro artigo mais abertamente crítico, podemos ler sobre a experiência de Michigan que teria gabaritado DeVos para o mais alto posto federal da educação nos Estados Unidos:

“Mas se Michigan é um centro de escolha da escola, também está entre os piores lugares para argumentar que a escolha fez escolas melhor. À medida que o Estado adotou e depois expandiu as Charters nas últimas duas décadas, sua classificação caiu em testes nacionais de leitura e matemática. A maioria das escolas charters tem desempenho abaixo da média do estado”.

Agora, como escreveu o The Washington Post, “DeVos está pronta para espalhar sua preferência por vouchers em todo o país. O presidente eleito Donald Trump nomeou-a nesta quarta-feira como sua Secretária de Educação, o que sugere que ele pretende cumprir com as promessas de campanha para expandir o movimento em direção à “escolha da escola” – incluindo vouchers e escolas charters – em um sistema público de educação que ele chamou de ’monopólio governamental’.”

Dado o contexto pós-eleições no país, não me parece que esse movimento se dará de modo muito suave, havendo, pelo contrário, bastante resistência. Mas resta saber que impactos que esse novo ciclo de reformas terá sobre as reformas empresariais no resto do continente.

 
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