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MBL e MPF tentam censurar debate marxista na UFRGS, mas não conseguem…
Guilherme Costa

Desde o início desse segundo semestre de 2016 nós do Esquerda Diário estamos organizando o Ciclo de Debates Marxistas na UFRGS, atividade totalmente independente da reitori. No total, reunimos cerca de 200 pessoas com as três primeiras etapas, em sua grande maioria estudantes, pesquisadores e trabalhadores de distintas áreas que foram prestigiar um debate que, apesar da falsa propaganda liberal, é pouquíssimo presente dentro da universidade: o legado de Marx e Engels (e não Hegel).

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Como diria o poeta popular: “a vergonha, ela não tem limites”.

Nessa semana fui até a direção da minha faculdade a fim de reservar a sala do Pantheon, auditório que vem sendo palco das intensas discussões feitas até então. Eis que me deparei, segundo a própria direção do meu instituto, que a reitoria foi acionada pelo Ministério Público Federal, através de um pedido do MBL (o grupo do Kim Kataguiri e outros liberais que odeiam Marx sem entender direito), para impedir o prosseguimento do Ciclo. Segundo informações concedidas, a “doutrinação marxista” deveria ser proibida dentro da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (!!).

Cheguei em casa à noite e logo fui procurar por algo na internet referente ao pedido. E não é que encontrei em um blog de um político e advogado reacionário ligado ao PMDB a citação de nosso ciclo em um pedido de improbidade administrativa contra o reitor? Tá aqui. O figura é daqueles tipo Reinaldo Azevedo, que na juventude lutaram contra a ditadura militar e hoje se esforçam em digladiar-se contra a esquerda e coisas do gênero. Acho que Freud explica esse tipo de coisa, quando o ressentimento com o presente se transforma em uma necessidade de anular o passado para alcançar algum tipo de compensação simbólica. É quase um movimento infantil, de querer aniquilar seu irmão mais velho por mesquinharia. Mas Marx talvez explique melhor e a acomodação na ascensão social e o bolso cheio falou mais alto desde a filiação ao PMDB e à adesão ao estilo de vida burguês (ou se achar como burguês…). Afinal, “é o ser social que determina a consciência” e não o contrário.

Enfim, a ação do MP falava o seguinte: “a UFRGS segue promovendo eventos sociais travestidos de ‘debates marxistas’, mas que tem como finalidade incitar e promover o desrespeito a ordem, às Leis e a Constituição, conforme se pode constatar no cartaz (imagem) do evento e, em especial, nos detalhes do evento”. A imagem do cartaz era do ameaçador e infame rosto estilizado de Karl Marx… Antes, se referindo ao ato pela democracia organizado na metade do ano pela reitoria, a ação complementa: “estimula a baderna, a arruaça e a prática de crimes, na medida em que uma classe sedizente elitizada de professores universitários incita a violência”.

O advogado responsável pela ação também não deixa a desejar em reacionarismo. Sua página no facebook é recheada de posts e imagens de atos no Parcão e dizeres contra o comunismo e a petralhada (quando eles vão entender que o PT não é comunista?).

Em um momento de forte ofensiva da direita a nível nacional, com a consumação do golpe institucional, as arbitrariedades crescentes do judiciário simbolizados na figura da Lava-Jato e a enormidade de ataques perpetrados pelo governo temer, não é de se surpreender que tentativas de censura ao marxismo surjam agora. São ideias perigosas para o Ministério Público e o poder judiciário como um todo que vêm se alçando como peças chaves da ofensiva contra trabalhadores e a esquerda. Ainda mais a grupos de direita como o MBL. Resistir a essa ofensiva ideológica é mais que necessário.

É curioso o MBL e o MPF acharem que o Ciclo de Debates Marxistas na UFRGS é organizado pela reitoria. Trata-se de uma atividade totalmente independente da reitoria, que trata, entre outras coisas, justamente de debater o caráter de classe da universidade, a ausência de estudos voltados à classe trabalhadora, de pesquisas que sejam em benefício da população e não de grandes empresas e corporações (como é hoje, em função da motivação que a própria reitoria promove, graças à ingerência de inúmeras fundações privadas e empresas multimilionárias que lucram com aquilo que deveria ser público). Não é possível fazer nada em conjunto com uma reitoria que exclui a maior parte da população da universidade, escancara sua faceta racista ao tentar diminuir as cotas na UFRGS, promove a terceirização que explora e humilha trabalhadores todos os dias. A lista é longa.

É disso que se trata o Ciclo, bem como se aprofundar na vasta literatura marxista que até hoje segue sendo atualíssima vista a enorme crise capitalista que vem assolando o globo terrestre e trabalhadores de distintos países.

Mas o que mais impressiona é a vergonha a qual se submetem os correligionários de Hayek e Mises. Censura pega mal até entre os liberais, pelo menos os dos costumes. Tentativa derrotada de censura então, quando vem da molecada do MBL, não tem preço. Eles fazem isso (tentam, na verdade) justamente porque sabem que o marxismo é um perigo para seus objetivos. Para quem não sabe, o MBL foi criado pelos Estudantes Pela Liberdade, grupo financiado por alguns dos donos do mundo, como os irmãos Koch. Quando falamos de intervenção imperialista, não é teoria da conspiração, basta pesquisar no google as palavras-chave MBL, Atlas Network, Fabio Ostermann, Kim Kataguiri, Koch Foundations e outros palavrões similares que logo se faz o link. Esse pessoal busca realmente extirpar o comunismo da face da terra num bom e velho estilo Guerra Fria para disseminar o livre mercado e outras fantasias neoliberais. Como já dizia um de seus guias espirituais (e financeiros) George Soros, “a luta de classes existe e a minha está ganhando”. Para que continuem ganhando, é necessário combater desde os principais centros de produção intelectual teorias como as de Karl Marx, Lenin, Trotksy, etc. Elas sim configuram ameaça real à burguesia mundial.

No final das contas, mesmo se o MPF e o MBL tivessem vencido essa batalha, nós teríamos continuado com o ciclo mesmo assim. Censura nenhuma iria nos deter. A necessidade de se debater Marx hoje em dia é maior do que os anseios neoliberais de grupos que nem esses. Continuaremos debatendo Marx na UFRGS, nas escolas, nas salas de aula, nas garagens, no chão de fábrica, no facebook (sim, no facebook!!), nas ruas e em todos os lugares possíveis até que o capitalismo seja extirpado da face da terra.

Ademais, aproveito o momento para fazer propaganda da próxima etapa do ciclo. Dessa vez discutiremos, no mês de comemoração dos 99 anos da maior obra da classe trabalhadora da história, a Revolução Russa e o processo de burocratização da URSS. Não somos stalinistas, então fica mais difícil pra reaçada combater nossos argumentos. Fica o convite a todos! Será no dia 26 de Outubro, às 18h, no Pantheon do IFCH, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Para mais informações, acompanhe o Esquerda Diário e informe-se pela esquerda.

https://www.facebook.com/events/1658454391059848/

 
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