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Os trabalhadores e a juventude podem dar uma resposta para a crise política e ajustes

O começo de 2016 já mostra o que os governos e os patrões reservam aos trabalhadores e a juventude. Enquanto “nas alturas” os setores de direita querem impor um impeachment pra implementar um plano de ajustes ainda mais duro, Dilma consegue se manter no governo e responde essa pressão aumentando seus ataques. O pano de fundo de tudo isso, além das demissões, é o verdadeiro caos da saúde pública e o surto de zika vírus, além dos cortes na educação, transporte, salários e direitos. Ameaças de privatização das estatais são cada vez mais fortes.

Diana AssunçãoSão Paulo | @dianaassuncaoED

sábado 20 de fevereiro de 2016 | Edição do dia

Para que os trabalhadores não aceitem que a crise seja descarregada sobre suas costas é preciso retomar as experiências de resistência mais avançadas. Sem dúvidas os estudantes secundaristas de São Paulo mostraram um caminho que poderia ser seguido e generalizado, a nível nacional, não somente na luta em defesa da educação, mas contra o plano de ajustes do governo Dilma e pra avançar a resolver os grandes problemas do país.

Essa espontaneidade da luta dos estudantes, mais uma expressão das jornadas de junho de 2013, foi o questionamento mais profundo que surgiu, a nível de massas, de forma independente do PT e também da oposição de direita, o PSDB.

Novas lutas começaram a surgir mostrando que se avança na resistência operária. Os operários das fábricas MABE de Campinas e Hortolândia ocuparam suas fábricas contra o fechamento e as demissões, em São Paulo os operários da Mecano Fabril estão em greve e as terceirizadas da Higilimp, empresa que faliu, se organizaram com piquetes e atos de rua pra garantir seus direitos. Estas são algumas das primeiras lutas operárias do ano que podem estar antecipando a necessidade que o movimento operário vai ter de, apesar das burocracias sindicais, se mobilizar pra defender seus empregos e direitos.

A unidade entre a explosiva juventude com os trabalhadores é um caminho decisivo para vencer.

Construir um movimento nacional contra os ajustes

O Movimento Revolucionário de Trabalhadores, que impulsiona o jornal Esquerda Diário, chegando a centenas de milhares pela internet, mas também com uma versão impressa, vem desde o ano passado defendendo a necessidade de construir um forte movimento nacional contra os ajustes, articulando os sindicatos da esquerda anti-governista em exigência às centrais sindicais que hoje estão atuando como braço direito do governo e só se preocupam em defender Dilma, Lula, seus privilégios e não os trabalhadores.

Como parte da CSP-Conlutas consideramos fundamental que esta encabece os principais processos de resistência, não deixando nenhuma luta para trás. Infelizmente, o PSTU, direção majoritária da CSP-Conlutas que também está na direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos está deixando passar sem luta a demissão de 517 operários da GM. Em 2012 a fábrica tinha 7500, agora 4700, nesse processo os trabalhadores mostraram disposição de luta mas faltou uma direção decidida.

A ocupação da MABE em Campinas e Hortolândia coloca urgência em uma ação coordenada que possa ser um passo decisivo para criar este movimento nacional contra os ajustes, articulando as entidades estudantis e operárias em solidariedade transformando em um exemplo nacional de como enfrentar, com os métodos da classe trabalhadora, os ajustes do governo Dilma e dos patrões. A partir dessa, devemos fazer o mesmo em outras lutas unindo e coordenando a resistência às demissões.

A Juventude Às Ruas, impulsionada pelo MRT, a partir das entidades em que faz parte junto a centenas de estudantes independentes, está lutando pra construir uma nova juventude revolucionária a serviço desta perspectiva, buscando o caminho da luta de classes e não do sindicalismo rotineiro do PSTU, como estamos vendo na GM, ou do eleitoralismo do PSOL que é incapaz de colocar as forças de seu partido em uma luta operária e coloca peso em se unificar com a burocracia da CUT e CTB numa chamada Frente Povo Sem Medo.

Devemos lutar contra as demissões, contra o plano de proteção ao emprego (que protege os patrões) e contra a precarização e terceirização do trabalho, todas estas maneiras de descarregar a crise sob nossas costas.

É o momento dos setores da esquerda como PSOL e PSTU reverem essa política de passividade frente aos ajustes e a esquerda colocar toda sua força, seja com os sindicatos da CSP-Conlutas, Intersindical ou os parlamentares do PSOL e suas respectivas militâncias em uma grande solidariedade ao conflito da Mabe e outros conflitos operários. Este movimento tem de ser articulado em base à resistência aos ataques capitalistas, em exigência às burocracias sindicais da CUT, da CTB, da Força Sindical, que saiam de sua paralisia completa e convoquem um plano de luta unificado em todo o país.

Por uma resposta independente dos trabalhadores para a crise política
Os trabalhadores e a juventude não podem aceitar a divisão de tarefas que os sindicatos e entidades estudantis burocráticas querem impor: que lutemos apenas por salários e direitos, e não busquemos uma resposta de fundo aos grandes problemas políticos do país. É preciso rechaçar qualquer saída pela direita, como o impeachment de Dilma que reacionários como Eduardo Cunha e os políticos do PSDB querem fazer, ao mesmo tempo em que é necessário enfrentar o governo Dilma e seus ajustes, com um programa que questione esta democracia dos ricos e seus privilégios
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Que a população possa decidir a permanência ou não dos políticos eleitos através da revogabilidade dos mandatos e que todos os políticos, funcionários de alto escalão e juízes ganhem o mesmo salário de uma professora. Para avançar nestas demandas, seria necessário lutar por uma nova constituição, diferente da constituição de 1988 que foi tutelada pelos militares da ditadura, mas sim uma que seja imposta pela força da mobilização e que avance pra encarar os grandes problemas brasileiros, desde a necessária estatização da Petrobrás e da Vale do Rio Doce sob controle dos operários, passando pela legalização do direito ao aborto até impor por exemplo o não pagamento da dívida pública para que este dinheiro seja utilizado em planos de obras públicas e em um sistema único de saúde estatal.

Convidamos os leitores do Esquerda Diário, os jovens que estão atuando com a Juventude Às Ruas, as companheiras mulheres que reivindicam o Pão e Rosas e todos os trabalhadores que atuam em agrupações com o Movimento Nossa Classe e o MRT a debater estas opiniões em seus locais de trabalho e estudo, a se organizar e lutar com estas ideias.




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