Considerações sobre o marxismo “oriental”

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Guillermo Iturbide

 

No suplemente teórico, no dia 14 de abril deste ano, Nicolás Torino, a partir de uma critica ao “Em que sentido volta e tem que voltar o marxismo?”, de Juan Dal Maso abriu um debate sobre a relação do marxismo atual com a Ásia, e em que medida o primeiro incorpora em suas perspectivas estratégicas esse continente, particularmente a China, e desenvolvendo uma visão particular sobre um “marxismo asiático” e uma possível estratégia diferenciada, retomando a velha discussão sobre a divisão entre Oriente e Ocidente [1]. Aqui vamos desenvolver uma resposta a essas questões.

 

Em primeiro lugar, começamos por um problema correto que Nicolás levanta no final de seu artigo:

“Hoje a China e a Índia contam com a maior quantidade de operários do mundo, quase todos concentrados em megacidades. Na China, em particular, a classe trabalhadora ocupa majoritariamente uma pequena franja do sudeste do país […]. Esse desenvolvimento tem aumentado a importância da Ásia como “centro de gravidade”, sobretudo, porque os trabalhadores dessa região se converteram no grande motor do crescimento econômico mundial. Para o marxismo revolucionário no Ocidente, essa situação coloca, então, como cada vez mais imperiosa, a necessidade de começar a pensar concretamente qual é a melhor maneira de poder materializar uma presença na Ásia que pode se colocar tanto como alternativa para os regimes lá existentes, como dos partidos comunistas stalinistas e maoístas”.

Isso está totalmente correto e se deve aprofundar na análise do continente asiático e buscar as vias para estruturar o marxismo ali, para o qual todos os recursos são bem-vindos. Não obstante o quão insuficiente isso pode chegar a ser, é necessário matizar ao menos um pouco a distância entre o que Nicolás chama de “marxismo ocidental” e Ásia, já que se pode encontrar elaborações sobre o tema, seguramente não com toda a assiduidade que desejaríamos, tanto no La Izquierda Diario quanto na Estratégia Internacional, assim como em publicações marxistas dos EUA e da Europa, como a New Left Review, que Nicolás cita, e em alguns livros escritos por autores asiáticos. Nicolás defende:

“O marxismo no Ocidente raras vezes se pergunta pelos sujeitos que deveriam fazer a revolução na Ásia: o que sentem? O que pensam? Como fazem política? Perguntas cujas respostas são uma condição básica para o desenvolvimento de uma estratégia que inclua esse continente”.

Esse é outro ponto importante. Muitas vezes é difícil alcançar, a partir daqui, uma avaliação de “subjetividade”. A distância que marca está atravessada por problemas reais, como a barreira da língua, um pouco mais relativa no caso da Índia, onde o inglês – mais acessível ao Ocidente – é uma das 23 línguas oficiais e é amplamente utilizado na Internet, na imprensa, em livros e publicações políticas e culturais, mas muito mais sério quando se trata da China e do Sudeste Asiático. Na esquerda argentina, ainda há poucos pesquisadores, especialistas ou militantes que conhecem o mandarim ou outras línguas-chave da região, como o coreano (quem escreve estas linhas também não é contado entre eles).

Contudo, fundamentalmente, a principal barreira é o hermetismo ligado à natureza fortemente repressiva da maioria dos regimes: pensemos na Coreia do Norte, o país mais fechado do mundo e com um regime policialesco, a própria República Popular Chinesa, com fortes sindicatos “comunistas”, onde a burocracia funciona diretamente como apêndice de um regime ditatorial, onde muitas vezes as tentativas de estabelecer contatos dentro dela ou de fundar um núcleo marxista revolucionário se chocam com um aparato brutal e repressor massivo, que, diferentemente de regimes opressores como os da própria China anterior a 1949, contam agora com uma grande sofisticação, fruto do desenvolvimento de espionagem informática no país. Em uma das passagens, Nicolás assinala “[…] na realidade o índice de aprovação do Partido [comunista chinês] ronda os 80%, o dobro do que a maioria dos regimes ocidentais”.

O autor não indica a fonte desses dados, mas é, pelo menos, estranho: a China é um país onde, a partir da própria Constituição, embora formalmente declare a existência de um “sistema multipartidário”, na realidade, decreta ali mesmo o domínio do PCCh, e os únicos partidos oficialmente legais são pequenas associações aliadas ao Partido Comunista, do qual dependem e não podem fazer outra coisa além de “consultá-lo”, e se apresentam nas eleições mediante um sistema totalmente burocrático como parte de uma lista única[2] e, logicamente, obtendo 100% dos votos, sendo, tanto esses partidos, como o próprio Congresso Nacional do Povo, uma mera fachada que simplesmente se dedica a referendar as decisões do Politburo do partido dominante. Nesse sentido, não é mais que uma variante de outros regimes políticos stalinistas, como os da antiga URSS e da Europa Oriental, que ostentavam a suposta “unidade” e “altos níveis de aceitação”.

 

Marxismo asiático?

Queremos passar agora a uma série de questões que nos parecem centralmente problemáticas da defesa de Nicolas, começando pelas caracterizações do que é um “marxismo asiático”. Ele diz:

 

“Uma análise política que tenha em conta as perguntas antes mencionadas leva de forma necessária a conclusão de que o marxismo não pode voltar à Ásia porque nunca se foi de lá [destaque nosso]: há cinco países (Coreia do Norte, China, Laos, Nepal e Vietnam) que contam com governos de partidos comunistas maoístas, sob os quais vivem 1.5 bilhão de pessoas, 20% da população mundial. No ocidente é costumeiro depreciar esse fato.”

 

Ao nosso ver, trata-se de uma afirmação sumamente impressionista, em que se coloca um signo igual entre marxismo e correntes políticas que são diversas variantes de stalinismos que poderíamos caracterizar, se cabe, inclusive como sumamente aberrantes. Ao mesmo tempo, se agrupam em uma mesma categoria, Estados e regimes de distintos tipos e origens, desde a Coreia do Norte, onde na Guerra da Coreia (1953-56) o exército guerrilheiro local junto com o Exército Popular de Liberação chinês avançou expropriando o capitalismo e estabelecendo o poder a uma casta militar brutalmente burocrática que hoje está avançando na restauração, passando por países como China e Vietnã, onde o capitalismo foi restaurado há décadas, contudo mantendo o regime stalinista, até o Nepal, onde não houve nem uma insurreição maoísta nem uma revolução triunfante [3], mas sim uma guerra civil, depois da qual se pactuou com a burguesia e com a ONU uma transição a uma república, e há 11 anos as distintas facções “comunistas” do país entraram e saíram de distintos governos, mas onde não houve expropriação do capitalismo de nenhum tipo. Nessa enumeração, faltaria agregar os distintos partidos maoístas indianos, que governam desde há muitos anos nos estados de Bengala Ocidental e Kerala, sendo simplesmente um gestor do capitalismo dependente do país. Além de ter certa imagem de maoísmo, não parece um tanto romântico e mais “clássico” dos movimentos armados (como a tomada do maoísmo antes de 1959 e perto das guerrilhas dos 50 e 60), hoje essa corrente, onde governa, geralmente combina a gestão do capitalismo com a profunda “expertise” que possui os gulag e os “campos de reeducação” que estão em sua ADN.

Desde já, parece ficar claro no artigo que Nicolás não propõe relegar o trotskismo em favor de uma estratégia maoísta (ele escreveu artigos muitos bons sobre a história das origens do marxismo na China), contudo, sua proposta de pensar uma estratégia diferenciada para Ásia e a ideia de um “marxismo asiático”, somado ao discutido acima, parece ter apontado no sentido de alguma espécie de “síntese” entre elementos do trotskismo e do maoísmo. O acento na “persistência de distintas formas de marxismos na Ásia” parecia abonar essa ideia.

A divisão que faz Nicolas entre um “Oriente” que hoje abarcaria centralmente o sudeste asiático, e um “Ocidente” que compreenderia o resto do mundo é um esquema um tanto arbitrário que foi colocado de distintas formas, inclusive na atualidade, onde segue existindo correntes de pensamento na esquerda que postulam, por exemplo, que a América Latina é majoritariamente “oriental” em termos de formações econômico-sociais, sujeitos sociais e tradições culturais, e também, portanto, havia que ter algum tipo de “estratégia diferenciada”.

 

Nos passos de Perry Anderson e Isaac Deutscher?

Sob o subtítulo de “eixos estratégicos”, Nicolás faz uma referência a esses “distintos marxismo asiáticos” e continua:

 

“Perry Anderson, no prefácios de Considerações sobre o marxismo ocidental, afirma sobre Vietnã, Cuba e China que “Nestes países se coloca a difícil pergunta de ‘fechar’ o período a partir do qual uma revolução política pode ser considerada um objetivo político  oportuno e não utópico”.

As linhas que cita Nicolás se inscrevem na crítica que faz o historiador britânico da teoria de Trotski, no caminho de algumas posições que Isaac Deutscher havia delineado em sua grande biografia do revolucionário russo. Sinteticamente, Anderson levanta que o “axioma da ‘revolução permanente’ deve se considerado não como demonstrado até agora, como uma teoria geral” [4], porque as revoluções nas colônias e semicolônias, como as da Argélia e da Bolívia, ou a independência da Índia, a desmentiram. Mais adiante, antecedendo a frase que cita Nicolás, Anderson levanta também uma crítica ao conceito de Trotski de revolução política.

Este, como parte da dinâmica da revolução permanente na URSS burocratizada pelo stalinismo, colocava desde meados da década de 1930, que havia que ser feito ali uma nova revolução que tirasse do poder a burocracia estatal e partidária que havia se encastelado desde 1923-24, sendo necessário recriar os conselhos operários “ (sovietes) e levá-los ao poder, contudo mantendo as bases da economia nacionalizada que havia  sido criada pela Revolução de Outubro de 1917, e era necessário, para isso, fundar um novo partido bolchevique oposto aos PCUS que lutasse por essa perspectiva. Posterior a Segunda Guerra Mundial, a Quarta Internacional estendeu a perspectiva da revolução política aos novos Estados onde havia sido expropriada a burguesia (Europa Oriental, China), mas onde, diferentemente da Revolução Russa, desde o começo, não havia existido instância de auto-organização do tipo de conselhos operários, mas sim uma burocracia que havia tomado o poder.

Para Anderson, nos países como China, Vietnã e Cuba, “a ideia de uma ‘revolução política’ parecia historicamente muito menos convincente, dada a ausência de sovietes iniciais para restaurar” [5] e a raiz disso levanta o problema de a partir de quando é oportuno e não utópico chamar pela revolução política nesses países. Agora, as possibilidades e o momento de levar adiante uma revolução contra a burocracia nesse tipo de Estado dependia de muitos fatores e de relações de força, contudo, Anderson, ainda assim, negava sua necessidade, apesar de que, longe de uma perspectiva utópica, ao longo de várias décadas, se deram processos revolucionários em vários países do bloco da URSS que, apesar de ali não ter havido os sovietes, tenderam a questionar o poder da burocracia, mas não para ir ao capitalismo, e sim para ir a um sentido de uma economia planificada democraticamente, como no caso do levantamento na Alemanha Oriental em 1953, ou, paradigmaticamente, com a Revolução Húngara de 1956 e seus conselhos operários[6], entre várias outras.

Perry Anderson compartilha da ideia de Deutscher de que o maoísmo é, de alguma maneira, a expressão necessária que adota um marxismo “de periferia” [7] e de que o próprio stalinismo, apesar de seu conteúdo reacionário que atuou internamente na URSS, havia jogado, no plano internacional, um papel objetivamente revolucionário[8]. Mais recentemente, no seu artigo na New Left Review, “Duas Revoluções” [9], onde compara a Rússia e a China, Anderson dá um passo a mais nessa ideia e termina colocando que o stalinismo foi, em última instancia, a forma necessária que adotou a revolução burguesa e a modernização capitalista nos países atrasados.  Não nos estenderemos mais sobre isso, por agora, já que um aprofundamento crítico sobre o assunto da visão de Perry Anderson sobre a teoria da revolução permanente e o stalinismo mereceria por si só um trabalho a parte que, em outra ocasião, poderia ser um bom tema a este suplemento.

 

E quanto às “várias formas de marxismo”?
Longe da visão de uma coexistência eclética de “várias formas de marxismo”, a única estratégia que era consistente com uma perspectiva que enfrentara a burocracia stalinista e combinara uma economia nacionalizada com um governo democrático dos trabalhadores, que os fatos mesmo levantavam, foi o trotskismo. Nesse sentido, uma oposição ao governo que também se reivindica maoístas [10]  é estrategicamente impotente como uma alternativa, por duas razões: primeiro, porque na República Popular Chinesa foi restaurado o capitalismo e, portanto, volta a estar colocada a perspectiva não de uma revolução política, mas diretamente de uma revolução social, em que uma oposição maoísta, com sua teoria de “bloco das quatro classes” em aliança com “progressista” da burguesia é incapaz de levar a cabo uma estratégia anti-capitalista consequente [11]; segundo, porque compartilham a mesma concepção burocrática do Partido-Estado do atual PC chinês. Na China, diferentemente da maioria dos outros países mal chamados de “socialistas”, se dá o paradoxo de que o capitalismo foi restaurado sem tocar o regime stalinista, que ainda continua dizendo ritualmente que é um “socialismo com características Chinesas”. Isso, naturalmente, não é mais do que levantar o problema em si e, obviamente, não resolve o problema de como colocar de pé um partido marxista revolucionário anticapitalista consequente contra qualquer ilusão de recriar um “maoísmo esquerda”.

O maoísmo clássico, uma corrente inimiga do marxismo e da revolução operária, teve sua atração após o triunfo da Revolução de 1949 devido a circunstâncias excepcionais que até negaram sua própria estratégia. A partir daí, e da ruptura de Mao com a URSS, o maoísmo foi visto como a possibilidade emergente de uma nova estratégia para fazer a revolução na Ásia, com um novo sujeito: o campesinato, isso sim, mantendo a ortodoxia stalinista de aliança com a “burguesia progressista” e a revolução em etapas, construindo uma “muralha da china” entre a revolução burguesa e uma revolução socialista que nunca chegaria. O próprio Mao continuou a aconselhar esse modelo para seus seguidores em outros países. Houve aqueles na Ásia que queriam adotá-lo nos anos 60 e 70, como o Partido Comunista Indonésio (PKI), que estava alinhado com a China na disputa com a URSS. Esse partido foi, na época, o maior PC do mundo depois dos da URSS e da China. Aplicou ortodoxamente a estratégia maoísta de aliança com o nacionalismo burguês de Sukarno, que desarmou completamente sua base e levou-o a confiar no exército, que terminou  dando um golpe com o general Suharto em 1965, que matou nem mais nem menos do que 500 mil comunistas e estabeleceu uma ditadura de 33 anos. Há também o caso do Camboja, onde o Khmer Vermelho de Pol Pot, os seguidores do “Bando dos quatro” (o que restava da fração maoísta na China após a morte de Mao) estabeleceu um regime stalinista monstruoso, que assassinou cerca de um quarto de sua população e fisicamente destruiu a classe trabalhadora, aumentando exponencialmente o atraso do país. O maoísmo, em circunstâncias excepcionais, como as da China em 1949, poderia permitir a tomada do poder, mas não era um caminho para o comunismo, e sim o deixava bloqueado [12].

Se na Ásia hoje continuam predominante as sociedade majoritariamente agrárias e com peso campesino, como era ainda na época “dourada” do Terceiro Mundo, no meio do século passado, poderia entender-se a insistência sobre a proposta de um “marxismo asiática” e uma “estratégia diferenciada” que, de alguma forma, “dialoga” com o maoísmo. De qualquer forma, isso parece errado para nós, tanto na época em que a Ásia era um continente atrasado quanto na situação atual em que há muito tempo deixou de sê-lo.
Na atualidade, com a restauração capitalista na China e no Vietnã, juntamente com a plena integração da gigantesca e antigamente fechada economia indiana ao mercado mundial, tem-se “ocidentalizado” da região – com seus limites e caminhos tortuosos, é certo, mediante a adoção acelerada da produtividade da técnica capitalista e do choque com suas antigas formas sociais – produzem uma paisagem majoritariamente urbana e assalariada onde predomina o peso social da classe trabalhadora. Isso, objetivamente, facilita a capacidade dessa última de jogar um papel hegemônico articulador, mostrando como uma perspectiva muito mais realista e uma estratégia baseada na teoria da revolução permanente, diferentemente das velhas estratégias maoístas e populista que argumentavam que, pela predominância do campesinato e o atraso, a classe trabalhadora deveria diluir-se em “partidos populares operário-camponeses” [13] dirigidos pela burguesia nacional, contra os “atrasos feudais”. Nesse sentido, o artigo de Nicolás não saca todas as conclusões que se depreendem do que ele mesmo coloca a respeito de a maioria da classe trabalhadora mundial atual estar concentrada no sudoeste asiático. Isso terminava deixando como um dado objetivo a mais, sem correspondência com que tipo de estratégia faz falta ali.

Finalmente, apesar da observação de que na Ásia e na China o marxismo “nunca se foi”, que, como está claro neste artigo, não compartilhamos, há o paradoxo de levantar outro problema certo: como construir um partido marxista em países onde, supostamente, o marxismo governa. Esse problema é real e não restrito ao “oriente”, mas também o que o autor considera como parte do “Ocidente”, ou seja, a Rússia e os países da ex-URSS e da Europa Oriental, onde por décadas a reputação do marxismo foi identificado com regimes totalitários. É verdade que, nesses países, não há mais governos “comunistas”, ao contrário da China e do Vietnã, mas, ainda assim, a direita continua instrumentalizando a suposta identidade entre campos de concentração com socialismo, que, desde já, é um obstáculo adicional para a propaganda revolucionária.  No entanto, acreditamos que Nicolas aqui também adota uma visão excessiva de “identidade” do socialismo: a reivindicação de Marx, das bandeiras vermelhas ou cantar a Internacional são o único que, superficialmente, eles podem chegar a ter em comum os burocratas megamultimilionários do PC chinês e os trotskistas [14]. O verdadeiro marxismo chinês terá que ser recriado e deverá re-emergir após um lapso de sete décadas de stalinismo, na experiência da luta classe, na tentativa de organizar sindicatos independentes e organizações revolucionárias. Uma maneira de começar a resolver problemas é, pelo menos, procurar representá-los da maneira mais realista possível.
[1] Ver Nicolás Torino, “[DEBATE] El marxismo y Asia”, IdZ Semanario, 14/04/2019.
[2] Ver o site oficial do governo chinês: China’s political system. IV. The System of Multi-Party Cooperation and Political Consultation
[3] A respeito, dos artigos de Achin Vanaik en New Left Review“The New Himalayan Republic”NLR II, 49, janeiro-fevereiro 2008, y “Nepal’s Maoists in Power”NLR II 92, março-abril 2015.
[4] Perry Anderson, Consideraciones sobre el marxismo occidental, México DF, Siglo XXI, 1987, p. 144.
[5] Ibídem, p. 146.
[6] Ver Peter Fryer, Balasz Nagy y Pierre Broué, Hungría del ’56, Buenos Aires, Ediciones IPS-CEIP, 2006.
[7] “Ao carecer de todo antecedente marxista nativo, eo comunismo chinês descende diretamente do bolchevismo. Mao para sobre os ombros de Lenin”, en Isaac Deutscher, “Maoism, its origins and Outlook” (1964), marxists.org. Ao respeito, ver também Perry Anderson, “Trotsky’s interpretation of Stalinism”New Left Review I, 139, maio-junho 1983.
[8] Isaac Deutscher, “Ideological trends in the USSR” (1967) marxists.org
[9] Perry Anderson, “Two revolutions”New Left Review II, 63, janeiro-fevereiro 2010.
[10] Porque com a morte de Mao, em 1976, termina derrotada sua própria fração burocrática, que lança dez anos antes da chamada “revolução cultural” –que causou estragos brutais consequências sociais e a hiper-burocratizada e deformada economia chinesa – contra a fração rival de Deng Xiaoping, que terminou impondo-se. Los atuais dirigentes chineses são herdeiros desta última, ainda que as formas e rituais sigam reivindicando Mao. Esto levou a que os maoístas “puros” passassem a oposição.
[11] Donde incluso es altísimamente improbable que hoy una fuerza maoísta repita la excepcionalidad histórica de romper con la burguesía y expropiar, como la que llevó a Mao Tsetung a tener, muy a su pesar, que romper, en 1949, el bloque con el Kuomintang.
[12] Aquí remitimos al capítulo 6: “Estrategia militar y objetivos políticos”, parte 3: “El bloqueo al objetivo del comunismo”, p. 389 de Emilio Albamonte y Matías Maiello, Estrategia socialista y arte militar, Buenos Aires, Ediciones IPS-CEIP, 2017.
[13] Ver al respecto León Trotsky, Stalin, el gran organizador de derrotas. La III Internacional después de Lenin, Buenos Aires, Ediciones IPS-CEIP, 2011, Obras Escogidas de León Trotsky, vol. 1.
[14] Nicolás menciona el hecho de que en todas las universidades chinas haya, dentro de la currícula oficial, cátedras de marxismo. Salvando las diferencias, durante décadas la URSS y todo el bloque oriental hicieron exactamente lo mismo, donde, por ejemplo, se editaban, leían, citaban y hasta exportaban en lenguas extranjeras permanentemente textos como “El Estado y la revolución” de Lenin, que planteaba que el Estado obrero es la socialización de las funciones políticas, donde “toda cocinera puede gobernar” y que debía ir extinguiéndose a medida que se avanzara hacia el comunismo, lo cual contrastaba con el discurso oficial de que el comunismo ya se había alcanzado o se estaba por alcanzar mediante el desarrollo de la técnica “socialista”, a pesar de la experiencia cotidiana de una burocracia totalitaria, un aparato ingente de delación y espionaje y el Gulag.

 

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