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LANÇAMENTO DO PORTAL | Viva o ESQUERDA DIÁRIO!

terça-feira 31 de março de 2015 | 01:26

Wanderson Santana da Silva é Prof.Dr. Laboratório de Metais e Ensaios Mecânicos - DEMat-CT - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Natal-RN).

É com enorme alegria e emoção que recebo o lançamento do Diário Eletrônico Esquerda Diário. Não poderia vir em melhor hora esta fundamental empreitada militante dos companheiros revolucionários da Liga Estratégia Revolucionária – Quarta Internacional.

Os enfrentamentos em andamento e tantos outros, ainda mais agudos, que se aproximam, exigem das organizações da esquerda, independentes, profundamente enraizadas no seio da classe operária e da juventude, ousadia, tenacidade, superação, compromisso com a construção de um novo patamar militante para a classe que emancipará a humanidade das amarras e misérias do capitalismo. E não resta dúvida de que esta iniciativa demonstra, inequivocamente, que estas qualidades tão caras correm nas veias da jovem, mas pujante LER-QI.

Vivemos, é certo, uma crise profunda do regime de dominação econômica e política no Brasil! Muitos já dão como certo o fim do ciclo da chamada Nova República. Do ponto de vista estrutural econômico, uma aguda desindustrialização, redução da produtividade, acompanhada de elevada inflação, desvalorização cambial trarão grandes pressões sobre as massas operárias e pobres, para os quais, uma vez mais a burguesia buscará transferir o ônus da crise. As políticas compensatórias e de contenção baseadas nos programas de módica transferência de recursos públicos para os mais pobres mostram sua exaustão. A corrupção desenfreada em todas as esferas do regime (empresas públicas e privadas, parlamentos, executivos, justiça) colocam questionamentos ao secular fisiologismo que vem sustentando os diferentes governos. Do ponto de vista político, verifica-se uma total desmoralização das estruturas de poder e a ascensão de setores conservadores à cena política. Neste contexto, os valorosos serviços prestados à burguesia pelo lulo/petismo e por todos os seus desdobramentos (no governo, no parlamento, nos sindicatos, nas organizações estudantis) são abertamente questionados à direita e à esquerda. Saltam aos olhos o acirramento da homofobia, da violência contra a mulher, da violência contra os jovens negros e pobres, do ataque à autodeterminação cultural, territorial e religiosa das comunidades negras e indígenas, levado à cabo pelo obscurantismo religioso cristão de forte apelo fascista, de um aparato policial gigante e sem controle, com salvo conduto para matar. As massivas manifestações do dia 15 de março, capitaneadas por setores liberais e conservadores foram apenas uma demonstração organizada destes recorrentes signos anti-operários que veem se fortalecendo. Se o mote principal foi o ataque ao governo (o qual não sucinta o menor apoio por parte de nós, ativistas honestos e independentes), o pano de fundo é um ataque ao conjunto dos trabalhadores, através da exigência por mais repressão, privatização, precarização ainda maior das relações de trabalho, redução de direitos...
Todo o panorama rapidamente delineado acima está diretamente associado aos mais de trinta anos de construção do petismo – que absorveu os melhores anos de praticamente toda a esquerda brasileira – que, através de sua opção não só pela convivência pacífica, mas por ser parte direta dos diferentes elementos do regime de dominação burguesa, deixa como saldo uma miséria ideológica, uma classe operária desarmada, desamparada, à mercê dos acontecimentos e da pata dura da repressão. Afinal, ao longo destes anos, o que fizeram a maioria de seus dirigentes sindicais e políticos, seus parlamentares, prefeitos, governadores e presidentes petistas??

Por seu turno, as diferentes organizações da esquerda brasileira (PSTU, PCO...), salvo honrosas exceções, nada fizeram além de atuarem como meras colaterais do petismo, em que pese sua atuação à esquerda. Seus diferentes esforços esbarraram na falta de clareza estratégica, impedindo as de se tornarem alternativas concretas para amplos setores dos trabalhadores e juventude. De outro lado, iniciativas como as do PSOL têm demonstrado ser nada além de uma desastrada tentativa de “requentar” o petismo das origens. Trata-se, pois, também de uma crise da esquerda!

O desafio é, pois, para todos os militantes honestos empreender um árduo trabalho de profunda reorganização da classe trabalhadora brasileira. Não seria exagero afirmar: o desafio é reinventar o jeito de militarmos no Brasil, superando o burocratismo, o “aparatismo”, o “prestigismo”, o oportunismo, as influências do reformismo, da igreja, a convivência pacífica com a burguesia, portanto, o jeito lulo/petista de militar e governar.

Para tanto, as ferramentas para este recomeço veem sendo construídas ao longo dos últimos 160 anos, com a fundação do socialismo científico por Marx e Engels, continuados ao longo da história por Lenin, Trotsky, Rosa Luxemburgo, Gramsci.... e tantos outros valorosos e imprescindíveis militantes menos aclamados, mundo afora.

Debates acalorados “sobre o que fazer” no próximo período, diante da crise do regime e por consequência também do lulo/petismo, estão se espalhando no seio da esquerda. Muitos são os “cantos das sereias” pela refundação de novas “utopias”, eufemismo para neo-reformismos.

Em que pesem as dificuldades, diversos setores dos trabalhadores, ainda que minoritários, assumiram papel de vanguarda e indicam o caminho para todos nós. Os insuperáveis Garis do Rio de Janeiro (clara influência aos Garis paulistas), os tenazes professores no Paraná, Metroviários de São Paulo, os trabalhadores da USP, os metalúrgicos do ABC, os professores em luta no estado de São Paulo, mesmo contra a corrente, em muitos casos superando as vacilações de suas direções cavaram trincheiras que não podemos abandonar. É preciso que ousemos e transformemos essa nossa trincheira na única alternativa de que dispomos: a fundação de um grande partido marxista socialista e revolucionário, de massas, internacionalista, com um programa claro, anti-burguês, que encerre em suas fileiras todos os militantes operários honestos, que defendem sem vacilações os trabalhadores e suas lutas, os direitos e auto-determinação das mulheres, os direitos e autodeterminação dos negros, os direitos e auto-deteminação de gays, de lésbicas, de bissexuais e de transexuais, as subjetividades da juventude, enfim que defendem sem vacilações a emancipação da classe trabalhadora e do povo pobre no Brasil e no mundo.

Que o Esquerda Diário seja uma nobre caixa de ressonância dos sentimentos rebeldes e dos sinceros anseios emancipatórios, uma tela para a exposição das dores e lutas dos jovens, pobres das periferias, dos negros, dos trabalhadores, dos estudantes, homens e mulheres, dos LGBT. Mas não apenas no sentido da denúncia, mas principalmente com a responsabilidade de ajudar a construir e indicar o caminho para a defesa daqueles que lutam no dia-a-dia, em cada sala de aula, em cada local de trabalho, em cada comunidade das periferias, em cada greve, em cada enfrentamento por moradia, por trabalho, por terra, por direitos fundamentais, em cada embate com a polícia fascista, corrupta e assassina.

Encerramos estas breves palavras com uma apaixonada saudação à iniciativa do Esquerda Diário. Que estes valorosos jovens que o impulsionam continuem demonstrando estarem à altura deste recomeço inevitável da organização dos operários e juventude no Brasil, se constituindo num polo inexpugnável da continuidade histórica desta bela empreitada humana que é a permanente luta pela construção do socialismo em todo o mundo.

Viva o ESQUERDA DIÁRIO!


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