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LULA E DILMA | Vamos ter de apertar o cinto e já começamos, diz Dilma no ABC Paulista

Nesta quarta-feira, 14, a presidente Dilma Rousseff fez um discurso no 1º Congresso Nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e disse que não haverá retrocessos em políticas destinadas a dar suporte à agricultura familiar e à pequena agricultura. No entanto, apesar do discurso os números não mentem: segundo o Tribunal de Contas da União, dos 40 bilhões de reais oriundos das chamadas "pedaladas fiscais", menos de 7,9 bilhões foram destinados para o crédito rural. A maior parte, quase 20 bilhões, foram para os empresários e seus lucros privados.

quinta-feira 15 de outubro de 2015 | 05:14

Um dia antes, na terça-feira (13), Lula disse que as “pedaladas” seriam para o programa “Minha Casa, Minha Vida” e outros benefícios sociais, mas neste caso também, o montante destinado a estes programas – 12,5 bilhões - não chegaram sequer à metade do valor total. As informações são do Jornal Folha de S. Paulo.

Ainda mais discrepante é a comparação quando de um lado está o montante total advindo das pedaladas fiscais para questões sociais, somado o total que foi destinado aos programas sociais com o que foi destinado ao crédito para a pequena produção agrícola, e de outro o valor total destinado ao lucro de banqueiros e empresários quando somados o valor apenas neste ano destinado ao pagamento da dívida pública para banqueiros nacionais e internacionais, 773 bilhões, com o total direcionado aos empresários pelas pedaladas fiscais, 19,6 bilhões. Ou seja, em comparação, o valor destinado a questões sociais advindos das pedaladas fiscais corresponde a apenas aproximadamente 2,6% do destinado aos ricos pelo governo do PT.

Talvez por isso até mesmo a própria Dilma teve de dizer que “sabemos que vamos ter que apertar (os cintos) e já começamos a apertar”.

Os cintos dos trabalhadores faltou dizer, pois não há dúvidas de que são estes os que vem sendo os maiores afetados com a crise. Apenas em 2015 o país passou por mudanças que dobraram o tempo mínimo requisitado para a aquisição do seguro desemprego (de 6 meses para um ano), o desemprego aumentou consideravelmente, o governo, junto das empresas e dos “burocratas sindicais” vem diminuindo salários de trabalhadores e sua jornada de trabalho para supostamente frear o desemprego, mas na verdade para a patronal rebaixar o nível geral dos salários, através do Programa “PPE”. A patronal após demitir faz cada trabalhadora e cada trabalhador ter de fazer o serviço de três. Para voltar à ativa, só como terceirizado, podendo perder o emprego a qualquer momento e correndo risco de ficar sem o seguro desemprego.

Dados mostram que o poder de consumo vem diminuindo e o endividamento das famílias aumentando, as contas de luz e água aumentam, o transporte aumenta e a alimentação também.

Muitos jovens têm de abandonar os estudos e as faculdades apenas para trabalhar, ou para trabalhar em dois empregos. As verbas para a educação, bolsas e os programas de assistência estudantil vêm sendo fortemente contingenciados. As mulheres, as pessoas negras e LGBT`s são os que sofrem em dobro com tudo isso.

E todas estas questões são fruto direto das políticas do governo do PT e seus aliados reacionários, seu plano de ajuste fiscal e a prioridade que ganharam estas medidas, unânimes entre todos os ricos (e seus partidos, como o PSDB, PMDB etc), os que “sempre tiveram tudo”, para usar uma expressão da própria Dilma em sua fala.

Lula e Dilma: Palavras de mudança, política não

Continuou Dilma, (o governo teve de) "olhar para o orçamento e apertar um pouco o cinto". "Mas apesar das reduções de despesas, e nós fizemos reduções, nós preservamos os programas sociais", declarou a presidente, mencionando algumas das medidas já adotadas pelo governo, como a extinção de oito ministérios e a redução de 10% no seu próprio salário e na remuneração dos ministros e do vice-presidente Michel Temer.

No dia anterior, Lula afirmou que seria necessária uma mudança no governo, pois não poderia haver contradição entre as promessas nas eleições e o governo na prática. A estratégia é uma tentativa liderada por Lula para Dilma se aproximar do apoio social dos trabalhadores e do povo pobre nesse momento de instabilidade política e de pressão por seu afastamento da Presidência.

Por isso, o que não dizem é que a redução de 10% no salário significa ainda permanecer com um ordenado mensal de quase 28 mil reais. Além disso, falta Lula explicar como fazer uma mudança no governo sendo que o mesmo Lula foi o principal articulador de uma reforma ministerial que deu forças para o PMDB e sua ligação fisiológica ao poder federal , seus privilégios de super salários e a possibilidade de permanecerem em cargos de alto escalão do Estado sem chance de serem retirados pelos trabalhadores e pelo povo quando questionada sua representatividade. Nisto não há mudança, desta forma os setores reacionários que os petistas dizem estar causando uma onda conservadora terão plenas condições de continuarem no poder, junto do governo do PT.




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