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DEMISSÕES EM MG | VALLOUREC anuncia pelo menos 214 demissões em 45 dias

Flavia ValleProfessora, Minas Gerais

quinta-feira 23 de julho de 2015 | 00:30

As demissões na Vallourec em sua unidade do Barreiro (BH/Contagem - MG) não param. Semana passada o sindicato divulgou que a planta conta com 3789 trabalhadores efetivos e que serão protocoladas ao menos 214 demissões no período de 01 de julho a 14 de agosto deste ano. Contando as cerca de 160 demissões de trabalhadores efetivos que foram realizadas na empresa nos primeiros 17 dias desse mês de julho, seriam pelo menos outros 54 trabalhadores demitidos até meados de agosto. Isso sem contar as demissões entre as empresas terceirizadas.

Segundo as denúncias que chegaram ao Esquerda Diário, os trabalhadores ficam sabendo de um ou dois operários demitidos a cada dia, o que gera um sentimento de insegurança entre os trabalhadores sem saber quem será o próximo. Enquanto isso, o sindicato aparece como uma força impotente para barrar as demissões, já que sua direção, ligada à CUT, apenas defende outras formas de ataques, como banco de horas, suspensão do contrato, licença remunerada, lay off.

A empresa Vallourec passa por uma perda de caixa, assim como a crise na economia, no setor petrolífero e as denúncias que envolvem os casos de corrupção e desvio de dinheiro na Petrobrás (destino de parcela importante da produção da empresa). E nesta situação a patronal da Vallourec joga a crise sobre as costas dos trabalhadores, por via das demissões e da tentativa da implementação do banco de horas.

Como parte de manter a lucratividade dos empresários, o governo de Dilma do PT anunciou nessa terça feira as regras para adesão ao chamado PPE, Plano de Proteção ao Emprego, que visa manter a lucratividade das empresas, usando fundo público para isso. Assim, os trabalhadores teriam sua jornada reduzida com redução de salário e o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) usado como parte de "amparo" à patronal. Além disso, os trabalhadores não poderiam ser demitidos senão por justa causa durante a vigência do plano (máximo 12 meses) mais um terço do tempo de duração do programa após seu término.

A empresa Vallourec, porém, já anunciou que não vai aderir ao PPE uma vez que a empresa tem perda de caixa e precisa não apenas manter a lucratividade (como fará o governo com parcela da patronal). Frente à crise, a patronal aposta em recuperar seus lucros por via da reestruturação produtiva e enxugamento do quadro. Os planos do governo e da patronal são, portanto, vias diferentes para os mesmos objetivos: descarregar nas costas dos trabalhadores a crise gerada pelos capitalistas.

Frente essa situação de crise na indústria as empresas deveriam ter suas contas abertas para todos os trabalhadores e para a população, para que os trabalhadores possam ver para onde está indo o valor produzido em sua jornada de trabalho e assim poder decidir sobre os rumos da empresa. Se há crise em setores estruturais da indústria, não é culpa dos trabalhadores, por isso a jornada de trabalho deve ser reduzida sem redução de salário e os trabalhadores terceirizados devem ser imediatamente incorporados aos quadros da empresa, com os mesmos direitos de um trabalhador efetivo. Apenas uma alternativa como essa, organizada desde a base dos trabalhadores em seus locais de trabalho, é que pode ser um plano capaz de barrar as demissões.

Uma saída operária é a única que pode golpear os planos de reestruturação produtiva e de demissão da patronal, assim como golpear o plano de manutenção da lucratividade dos empresários por parte do governo de Dilma e do PT, que é apoiado por sindicatos governistas como a direção do Sindicato de Metalúrgicos de Belo Horizonte e Contagem, dirigido pela CUT.




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