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CRISE NA EDUCAÇÃO | Universidade Federal de Juiz de Fora suspende semestre letivo da graduação por corte de verbas

Devido ao corte orçamentário do governo federal e à greve dos técnico-administrativos, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) decidiu, nesta terça-feira (28), pela suspensão do calendário letivo do 2º semestre de 2015 para os alunos da graduação, presencial e à distância.

Francisco MarquesProfessor da rede estadual de Minas Gerais

quinta-feira 30 de julho de 2015 | 01:55

Em reunião do Conselho Superior da instituição nesta terça-feira (28), a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) decidiu pela suspensão do calendário letivo do 2º semestre de 2015 para os alunos da graduação, presencial e à distância. A suspensão inclui todos os campi de Juiz de Fora e de Governador Valadares. A reitoria e o Conselho Superior da universidade alegam como motivo, além do corte orçamentário, a greve dos funcionários técnico-administrativos.

As aulas, que estavam previstas para começar na próxima segunda-feira (3), só voltarão caso haja “suplementação da verbas” por parte do governo federal, segundo a reitoria. Enquanto isso, cerca de 17 mil estudantes desta universidade estão sem desenvolver suas atividades. Neste cenário, é absurdo o tom da reitoria de “diálogo” com o Ministério da Educação e com o governo federal, sem denunciar claramente o corte orçamentário que impede a universidade de funcionar e sem posicionar-se pelo atendimento das reivindicações dos trabalhadores em greve.

Em todo o país, a greve nacional dos servidores afeta 67 instituições federais, e a proposta do governo federal é de corte nos salários da categoria, pois ofereceu 21,3% de reajuste ao longo de quatro anos, sendo que inflação está hoje prevista para mais de 9% só em 2015; esse reajuste proposto na verdade significaria um ofensivo arrocho salarial, contando também que todas as previsões para a economia do país são de piora do quadro, com maior recessão e aumento da inflação. As demandas centrais dos trabalhadores grevistas são o reajuste salarial de 27,3% (com reposição das perdas salariais para inflação desde janeiro de 2011), melhora na carreira e contratação de mais funcionários.

É escandaloso que o governo Dilma prefira manter o superávit primário e os lucros dos grandes bancos e empresários enquanto estudantes precisam ficar sem aulas. Neste ano, os cortes em gastos sociais já totalizam quase 80 bilhões tirados da saúde, educação, etc.; a inflação vem rapidamente diminuindo o poder de compra da população, batendo o “recorde” dos últimos 12 anos; o aumento nas contas de luz foi de quase 40%. Isso tudo para manter em dia o ajuste neoliberal, custe o que custar aos trabalhadores e ao povo.

A suspensão do semestre na UFJF (o que já aconteceu na UFRJ e outras federais) mostra o que pode vir para estudantes de outras universidades. A UFMG, por exemplo, já teve suas matrículas adiadas e não há previsão de volta às aulas. A greve dos servidores é forte e fez com que as aulas não possam voltar, mas o próprio reitor da UFJF confessou que “se não houver uma suplementação de verba na universidade, não teríamos como terminar o ano se começássemos agora”, mostrando como o problema é profundo.

Os trabalhadores da UFJF e das universidades federais de todo país terão que derrotar a intransigência de Dilma, Joaquim Levy (Ministro da Fazenda), Renato Janine (Ministro da Educação), das reitorias e de toda esta aliança reacionária para conseguir suas demandas. Os estudantes devem apoiar ativamente a greve, pois é junto a estes trabalhadores que poderão impedir a precarização e privatização ainda maior das universidades públicas.




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