SUPER SALÁRIOS NA UNICAMP | Unicamp paga super salários a 800 contratados acima do teto permitido

Foto: Site oficial da Unicamp

Enquanto reitor, procuradores e alto escalão administrativo que decidem os rumos da Universidade em órgãos antidemocráticos como CONSU ganham dezenas de milhares, este ano foi o ano no qual ingressou o menor número de estudantes provenientes de escolas públicas desde 2007, o que possibilitou a permanência da UNICAMP no posto de uma das universidades mais elitizadas do país.

O Tribunal de Contas da União rejeita as contas da Instituição desde 2013, justamente pela existência dos super salários, que configuram escândalos desde este ano. As contas da Unicamp, já foram rejeitadas mais de 6 vezes.

Para a população, além da UNICAMP não oferecer mais os recursos médicos que oferecia, com o fechamento da UTI pediátrica e de outras estações de tratamento, fica cada vez mais claro que a partir dela altos cargos têm vidas luxuosas com o dinheiro dos impostos da população.

Ártemis Lyrae, estudante de Midialogia na instituição, comentou "É essa mesma burocracia que faz que continuemos sem Teatro para o Instituto de Artes, além de uma estrutura precária para a nossa formação, não permitem que a população tenha direito à arte que queremos produzir!”.

Guilherme Negão, estudante de Engenharia Mecânica e membro do Núcleo de Consciência Negra da Unicamp, disse "É um absurdo que vivam com esses salários enquanto a limpeza, alimentação e outros serviços essenciais para o funcionamento da Universidade sejam terceirizados. São mulheres negras que trabalham e vivem dentro da maior produtora de patentes do Brasil o drama da precarização do trabalho”.

Ainda que os dados expressem o absurdo que são estes altos salários, essa lista com os salários não é uma abertura de contas da UNICAMP. Estas permanecem restritas à Reitoria e ao Conselho Universitário, que mandam e desmandam ao bel-prazer do Governo do Estado e das empresas que lucram com o financiamento público para seu desenvolvimento de pesquisa e tecnologia. Sobre isso, Cássia Rodrigues, coordenadora do Centro Acadêmico de Ciências Humanas (CACH), afirmou "Precisamos abrir as contas da Universidade para demonstrar através de dados onde está a crise. A comunidade acadêmica e a população que mantém a universidade com impostos precisa ter o retorno das contas”.

A universidade se encontra em ampla crise, e os que são mais afetados por ela são justamente os setores mais precários da sociedade, que já não usufruem do conhecimento produzido, muito menos tem o seu direito ao estudo garantido, ainda sim sofrem com os cortes do orçamento seja nos HCs, ou seja, com o aumento da precarização do trabalho dentro da universidade. Hoje, os salários correspondem a um total de 93% do orçamento da universidade, e o escândalo dos super salários só serve para mostrar que a crise que passa as universidades não é somente uma crise econômica, mas uma crise de gestão da universidade, que só serve para privilegiar alguns setores e atacar os trabalhadores e juventude.

Num cenário nacional que apresenta elementos de um fim de ciclo lulista nas universidades, onde depois de cortes orçamentários milionários contra a educação pública a nível federal, os pequenos direitos conquistados anteriormente já se encontram em retrocesso, como mostra a crise do Fies, o corte de vagas no PRONATEC, e diminuição do repasse as universidades federais, a UNICAMP decide manter os super salários, se apoiando numa liminar judicial obtida pela Associação de Docentes (Adunicamp) que se recusa a diminuir os salários até o teto já estabelecido.