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LANÇAMENTO DO PORTAL | Uma grande notícia para a esquerda latino-americana

Matías MaielloBuenos Aires

terça-feira 31 de março de 2015 | 02:13

Desde o último dia 15 está online o Esquerda Diário Brasil. O Esquerda Diário se estende aos milhões de trabalhadores e jovens brasileiros. Será o primeiro diário latino-americano editado integralmente em português e espanhol.

O Esquerda Diário surge no Brasil para expressar a voz de tudo aquilo que a grande mídia silencia, para enfrentar o senso comum criado pela mesma a serviço da burguesia, como O Globo, Estadão, Folha de São Paulo, revista Veja, assim como o aparato midiático do governo do PT.

O Esquerda Diário, enquanto diário latino-americano, ganha espaço em um país continental com mais de 200 milhões de habitantes.

As perspectivas do Esquerda Diário são promissoras. Impulsionado pela Liga Estratégia Revolucionária, organização irmã do Partido de Trabajadores Socialistas da Argentina, o lançamento do diário se baseia no importante portal Palavra Operária que é, nos dias de hoje, o site mais visitado de toda a esquerda brasileira, segundo o ranking Alexa, com dezenas de milhares de visitantes mensais.

O Esquerda Diário está disponível em versão para celulares, aproveitando as possibilidades atuais da tecnologia para estar à disposição de todos seus leitores. Se trata de um novo diário para se informar pela esquerda sobre política, economia, movimento operário, cultura, arte e vida cotidiana. Com uma cobertura especial da realidade dos sindicatos, movimentos sociais, de mulheres, LGBTs, juventude e movimento negro. Suas páginas estarão abertas aos trabalhadores e colaboradores. Contará com a participação de periodistas e colunistas e aposta na contribuição coletiva de dezenas de correspondentes no Brasil, que se somam aos correspondentes do Esquerda Diário da América Latina, Europa e Estados Unidos.

Mais oportuno que nunca

O lançamento do Esquerda Diário se dá em um momento muito particular do Brasil. A menos de 3 meses da posse de Dilma Rousseff, sua popularidade se encontra entre as mais baixas de um presidente desde Collor de Melo, com 13%. O escândalo de corrupção na Petrobrás, que atinge o Partido dos Trabalhadores, o PMDB (principal aliado do governo) e o PSDB (principal partido de oposição, os chamados "tucanos"), se dá no marco de um amplo questionamento do regime.

Isto coincide com os primeiros sinais do ingresso da economia brasileira em um período de recessão e estagnação. Apesar de suas promessas de campanha, Dilma vem impulsionando uma série de medidas antipopulares (ajuste fiscal, cerceamento de direitos trabalhistas, de seguro desemprego e temporários, aumento do preço do transporte, etc.) que pouco deixa a desejar da oposição neoliberal do PSDB.

Estas medidas se chocam com as aspirações das grandes massas que irromperam no cenário brasileiro desde as jornadas de junho de 2013, e que, com a juventude à frente, protagonizaram a luta contra o aumento no preço do transporte público e por sua gratuidade para os estudantes. Naquele momento, a luta se combinou com o descontentamento generalizado com o estado dos serviços públicos, a corrupção e as perspectivas da chamada "nova classe C", um eufemismo que oculta se tratar em grande parte de trabalhadores assalariados, que já não queriam apenas manter suas conquistas como, também, melhorar suas condições de vida.

Após as jornadas de junho, vimos a entrada do movimento operário protagonizando importantes lutas de vanguarda, como a luta dos garis no Rio de Janeiro, dos metroviários, dos professores e trabalhadores da Universidade de São Paulo, dos motoristas de ônibus e, mais recentemente, dos professores do Paraná. A elas se somaram, no início de 2015, a entrada de setores chave do movimento operário brasileiro, como os trabalhadores das montadoras Volkswagen e General Motors, que frearam as demissões massivas que impostas pelas patronais.

A recente mobilização do dia 15 de março, protagonizada majoritariamente pelas classes médias, foi hegemonizada pela direita graças à "militância" dos grandes meios burgueses e do PSDB. Mas hoje o que se sustenta vai muito além desta manifestação pela direita, é a insatisfação aberta em junho de 2013 que não se encerrou. Esta se expressou pela direita no 15M mas também pela esquerda, como vimos no início do ano com diversas greves e mobilizações estudantis.

Neste março surge o Esquerda Diário Brasil para criar uma corrente de opiniões que ofereça uma perspectiva independente do PT e de sua oposição de direita, com o objetivo de contribuir com a formação de uma nova geração militante, socialista e revolucionária, no movimento operário e na juventude.

A luta pela união dos trabalhadores do Brasil e Argentina

A crise do PT é também um símbolo da crise de todo um setor que se reivindicava de esquerda e que se aglutinou por trás do fórum de São Paulo. Durante anos brandiram o discurso de integração latino-americana nas mãos de "bons" setores das burguesias locais. Este discurso, de diferentes tonalidades, tem sido comum a todos os chamados governos "pós neoliberais", desde o chavismo e Evo Morales, até Correa e o próprio kirchnerismo. O desenvolvimento do Mercosul muitas vezes foi apresentado como um passo rumo a esta integração, mas o que ocorre é que em todos esses anos foi caracterizado o "toma lá, da cá" de disputas comerciais entre as burguesias argentina e brasileira. O mesmo podemos dizer da UNASUL que, desde sua constituição, em 2008, não tem servido para nada além de dar declarações. Impotente frente ao imperialismo, ela deixou passar as bases norte-americanas na Colômbia em 2009, o golpe de Honduras no mesmo ano e o golpe cívico no Paraguai em 2012.

Por sua vez, o imperialismo norte-americano busca retomar a iniciativa na região. O estabelecimento de relações com Cuba tem o objetivo de aprofundar a inserção imperialista na ilha, terminar o processo de restauração capitalista e obter novos negócios. Combinando uma política de "coopta ou reprime", o maior Estado do mundo ataca a Venezuela, declarando-a uma "ameaça para a segurança dos Estados Unidos" e impondo-lhe sanções. A isso ainda se soma agora o reforço do imperialismo britânico nas Ilhas Malvinas.




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