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MOVIMENTO ESTUDANTIL | Uma geração de estudantes que precisa lutar contra os cortes de Dilma e defender seu futuro

Carolina CacauProfessora da Rede Estadual no RJ e do Nossa Classe

quarta-feira 3 de junho de 2015 | 08:13

Em três das quatro universidades federais do Rio, e em várias outras em todo o país há greves estudantis. Elas acontecem junto a greves de técnicos-administrativos e de professores. Na UERJ também há mobilização estudantil e nesta universidade além da precarização que está atingindo toda a educação no país, ali se enfrentam com um absurdo autoritarismo do reitor Vieiralves, isto exige uma imediata campanha contra a repressão naquela universidade.

A geração que está começando a se levantar expressa sua raiva de ter entrado nas universidades e não poder continuar nelas por bolsas de miséria, falta de moradia, falta de bandejão, ou nas privadas onde por falta de financiamento (FIES) não podem continuar. A esta geração foi prometido o mundo, e entregue quase nada, e agora mesmo este pouco está sendo arrancado por Dilma e pelos governos estaduais dos mais diversos partidos. A crise que passam as federais e várias estaduais no país também é vivida nas privadas pelo corte no FIES feito também por Dilma. É uma crise de todo o sistema universitário. O tamanho dele já não é o que a elite e os governos brasileiros querem.

E, para piorar, com toda a ofensiva contra os direitos da classe trabalhadora (ver outros artigos neste jornal), e com o aumento do desemprego, é uma geração que corre o risco de ter um futuro mais parecido aos jovens da primavera árabe e do sul da Europa, uma geração diplomada, mas sem futuro. Além de sofrer na própria pele este movimento estudantil também não está deixando de ver o que acontece com os negros nas universidades, sobretudo às mulheres terceirizadas, que tem sofrido demissões e cortes de salário país a fora, mostrando como os negros e as mulheres são os primeiros afetados pelos cortes que Dilma e governos estaduais tem feito na educação.

Não dá para estudar com alguém passando fome

De norte a sul do país os estudantes começaram a se mobilizar porque não aceitam mais continuar estudando enquanto os terceirizados e outros estudantes passam fome. É assim na UFRJ, na UFF, na UERJ, e outras. Também não aceitam que tudo fique igual enquanto os cotistas, os bolsistas, não tem vagas nos alojamentos, recebem 400 reais de bolsa permanência em uma cidade caríssima como o Rio, como acontece na UFRJ. Não há creche para as mães trabalhadoras e estudantes, que é também uma das pautas da mobilização da UERJ.

As universidades expandiram muito nos últimos anos, mas se mantém como estruturas elitistas e racistas. Na sua primeira crise mostraram sua velha cara. Para garantir as condições de vida dos que estudam e trabalham nas universidades é preciso que este novo movimento estudantil levante a defesa de toda a população que já está na universidade, sem defender os que já estão não iremos avançar a garantir o livre acesso e que as universidades sejam colocadas a serviço dos trabalhadores e do povo. Portanto, é necessário o imediato pagamento de todos salários e direitos dos terceirizados, também sua incorporação sem concurso às universidades para acabar com esta divisão da classe trabalhadora, e por fim, o livre acesso desses trabalhadores e seus filhos na universidade.

Defender as universidades dos “ajustes”

Precisamos partir da intransigente luta contra os “ajustes”, para lutar para acabar com os muros das universidades, abri-las e dar condições dignas aos trabalhadores e todos estudantes. Frente a recessão do país, os governos encontraram uma desculpa para desenvolver seus planos de esfacelar a universidade pública; nesse sentido, precisamos unir o movimento estudantil e coordenar as lutas da educação tendo como eixo a luta contra os cortes orçamentários da educação e os ataques as universidade.

Nesse sentido, além de defender direitos dos trabalhadores na universidade e condições de vida e trabalho dos terceirizados, é preciso defender a permanência dos estudantes além de moradia e bandejão e creche conforme a demanda local, mas também que exista bolsas a todos estudantes que precisam, e que nenhuma bolsa pague menos que o salário mínimo. Nenhum jovem pode se sustentar com menos que o mínimo miserável que é garantido aos trabalhadores do país.

Da luta pelas condições de vida dos terceirizados e bolsistas e todos estudantes precários devemos avançar a uma luta que questione como as universidades também são elitistas em seu acesso.

Lutar para transformar as universidades radicalmente

Os representantes dos governos, seus funcionários nas universidades, cortam os salários dos terceirizados, ou cortam nossas bolsas, deixam os bandejões e creches tão necessários no papel, e um longo etc. Reitores, diretores, e toda uma camada de privilegiados, super-bem remunerados, que chamamos de “burocracia acadêmica”, nas mãos desta burocracia as universidades seguirão elitistas e racistas. O conhecimento seguirá sendo usado como moeda de troca em parcerias com a Petrobrás na UFRJ com a imperialista Airbus na Unicamp, ou para ajudar em projetos repressivos como as UPP para as quais a UERJ tem diversos convênios.

Precisamos refundar as universidades, fazer processos estatuintes que levem a governos verdadeiramente democráticos, dos três setores da universidade com maioria estudantil. Assim poderemos instituir novos currículos, ter livre acesso, e libertar o conhecimento das amarras dos governos e capital para coloca-lo a serviço da população, além de implementar as cotas proporcionais, atacando o racismo ainda presente na maioria delas.

“É preciso arrancar alegria ao futuro”, dizia V. Maiakovski. A crise que estamos vivendo em muitas universidades é um sintoma de uma crise mais geral do sistema universitário que se combina a recessão e “ajustes” da economia promovidos por Dilma. Precisamos garantir nossas condições hoje. Mas também precisamos olhar para a situação da juventude no mundo e ver que há pouco que o capitalismo tem a nos oferecer. Ter diplomas e piores empregos, terceirização. Garantir o “meu” mas olhar a decadência ao redor. Não. Precisamos de uma nova juventude que arrance alegria ao futuro. Uma juventude que atualize para 2015 um grito do maio francês de 1968: “questionamento da universidade de classes ao questionamento da sociedade de classes”!




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