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GREVE DA USP | Um exemplo que vem da juventude, uma faísca pra incendiar a USP

A juventude Faísca –Anticapitalista e Revolucionária, atuou lado a lado dos trabalhadores da USP em defesa da Universidade, da Educação, da Saúde e dos Trabalhadores. Seu exemplo deve ser seguido em todo o país.

Patricia GalvãoDiretora do Sintusp e coordenadora da Secretaria de Mulheres. Pão e Rosas Brasil

terça-feira 26 de julho de 2016 | Edição do dia

A greve de trabalhadores da USP duro 68 dias. Deflagrada no dia 12 de maio, a principal preocupação dos trabalhadores era combater a política nefasta do reitor Marco Antônio Zago de desmonte da universidade, afetando inclusive os aparelhos de Saúde como os centros escolas e o Hospital Universitário, e a lógica privatista e elitista de universidade que tanto reitor quanto a burocracia acadêmica tem desejado. Para isso, sempre nos foi claro, a defesa da universidade e dos nossos empregos não dependeria somente da luta dos funcionários era preciso unificar com estudantes!

Assim como nós, os ataques vindos da reitoria também têm como alvo programas voltados aos estudantes. Falta de professores, corte de bolsas, fechamento vagas nas creches, a recusa em ampliar a moradia estudantil, ausência de uma política de cotas raciais tornaram os estudantes mais pobres, filhos da classe trabalhadora, os principais afetados. Unificar era preciso!

Buscando a unidade foi fundamental a participação ativa da juventude Faísca, colocando-se na luta com os trabalhadores, dando exemplos de combatividade e de solidariedade. Faltou muito ainda para que uma real unidade entre trabalhadores e estudantes acontecesse amplamente. Mas onde esteve a Faísca essa unidade foi forjada.

Estudantes ocupantes do curso de Letras, onde também está a Faísca, fizeram uma linda mesa de café da manhã para os trabalhadores da FFLCH. Neste dia, nós, os funcionários, pudemos ver um prédio didático diferente, mais vivo e aberto que nunca. Tudo organizado, comissões de alimentação e limpeza funcionando à pleno vapor. Sentamos, nos apresentamos, ouvimos, falamos, como nunca antes. Trabalhadores que nunca haviam tomado a coragem de falar em uma reunião, por vergonha, se sentiram a vontade naquele ambiente. Choramos também, quando uma estudante trans nos contou sobre eu eterno sufocamento pela sociedade, mas que ali, naquele embrião de unidade, sentia seus pulmões se encherem de ar. Todos os dias, bem cedo nos piquetes na FFLCH, chegava um café recém passado por esses estudantes. E todos os dias, até nos fins de semana, os trabalhadores davam aquela passadinha na ocupação, preocupados se nada estava faltando aos estudantes.

Nos piquetes da prefeitura e SAS, desde muito cedo, às vezes junto com o sol, estava lá o grupo de estudantes, o lindo rosa choque brilhante, colocando sua força a serviço dos trabalhadores. No frio ou na chuva, ouvindo as histórias de outros professores, os da vida e da luta. Havia comida, havia café e sobrava solidariedade. Rolava até jogos de dominó, baralho e um bate-bola!

Nas lutas, nos atos até onde fosse –Palácio dos Bandeirastes, CRUESP, MASP – ou nos trancaços, também se via aquelas lindas bandeiras cor de rosa choque, aquela agitação. E em qualquer possibilidade de repressão aos lutadores, também se via um cordão humano, prestes a lutar ombro a ombro contra qualquer repressão.

Uma juventude como nenhuma outra que, coloca o sustento dos trabalhadores, contra o corte de salários imposto pela reitoria e acatado por seus carrascos, como prioridade na luta. Pude ver essa juventude ao lado dos trabalhadores da FFLCH quando a direção da Faculdade de Letras tentou nos chantagear, ameaçando nosso direito de greve e nossa subsistência.

Depois de um duro combate, quando o corte de salários já devastava a vida nossos companheiros, quando decidimos retornar ao trabalho e suspender a greve, foi essa mesma faísca que também junto com os primeiros raios de sol estava nos portões do bandejão da física, do restaurante central, prefeitura e creche central, com faixas e panfletos de apoio e solidariedade, porque entendiam como era amargo aquele retorno. Estavam mais uma vez lá, ao lado dos lutadores e lutadoras da USP para dizer que ninguém fica pra trás.

Uma juventude que será a Faísca que incendiará esse sistema de miséria e construirá, ao lado da classe trabalhadora um mundo novo!




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