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CÂMARA DOS DEPUTADOS | Um congresso reacionário que não muda com a saída de Cunha

O afastamento de Eduardo Cunha da presidência da câmara dos deputados coloca um grande problema: oito dos 11 citados para substituir Cunha respondem a processos ou tem condenações na justiça.

terça-feira 12 de julho de 2016 | Edição do dia

O presidente interino, Waldir Maranhão é citado na Lava Jato e pelo doleiro Alberto Youssef como receptor de pagamentos que variam entre 300.000 e 50.000 reais e também responde processos no Supremo Tribunal Federal, por lavagem de dinheiro e ocultação de bens.

O segundo na linha de sucessão de Eduardo Cunha é Fernando Giacobo. Atualmente existe um inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal por crime contra a ordem tributaria, mas também outras ações penais que incluem crimes como sequestro e cárcere privado. Em 2011 respondeu por crime de falsidade ideológica e formação de quadrilha. Em 2010, o deputado do PR respondeu por crime contra a administração publica

O primeiro secretário da câmara é Beto Mansur. Ele é um veterano em ações no Supremo. Em novembro de 2012 o grupo móvel de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego encontrou vinte e dois trabalhadores em condições análogas à escravidão em uma propriedade do deputado no interior de Goiás. Já em 2014, o Tribunal Superior do Trabalho o condenou a pagar uma indenização de 200.000 reais por dano moral coletivo a trabalhadores rurais que enfrentavam condições degradantes nas fazendas de Mansur.

O 2º secretário da mesa é o deputado Felipe Bornier do PSD. Ele é acusado em processo que corre no Tribunal Regional Eleitoral do Rio por uso indevido de meio de comunicação social nas eleições do ano passado.

Com as eleições convocada para presidente da câmara este problema está longe de se resolver. Dos seis candidatos favoritos à sucessão na presidência da Câmara, quatro enfrentam processos judicial, um foi citado na Lava Jato e o sexto não responde mais a ações porque os crimes dos quais eram acusado prescreveram. Entre os que ainda respondem, há acusações como peculato.

A figura mais cotada para a disputa é o candidato do Centrão, o deputado Rogério Rosso, investigado por peculato e indiciado por corrupção. Este está concorrendo com o primeiro secretario da Câmara, Beto Mansur. Outro candidato que aparece com boas chances, o deputado Rodrigo Maia teve seu nome citado na Lava Jato por Léo Pinheiro, da empreiteira OAS. Já Fernando Giacobo escapou de duas ações penais no STF. Também na disputa, o deputado Heráclito Fortes teve as contas das ultimas eleições reprovada pelo Tribunal Regional Eleitoral e o deputado do PTB, o goiano Jovair Arantes foi condenado pelo TER por utilizar funcionário publico em seu comitê de campanha em 2014.

A renúncia do reacionário e odiado deputado Eduardo Cunha, mostra mais uma vez de que não adianta trocar os jogadores, mas sim temos que acabar com este jogo sujo que é a política burguesa. O Eduardo Cunha, que ficou conhecido por ser contra o direito ao aborto, por dar prioridade à absurda votação da redução da maioridade penal, faz parte de um Estado que funciona na base de suborno e da corrupção, pois está a serviço dos grandes empresários e banqueiros.

Conforme denunciamos anteriormente neste site, Eduardo Cunha só foi cassado porque queriam dar uma aparência democrática para o golpe institucional articulado pela direita reacionária, da qual o peemedebista faz parte. Além disso, o deputado carioca do PMDB foi desgastado com a atual crise política que vive o país e no atual momento não está sendo mais interessante manter Eduardo Cunha no seu cargo.

A renúncia de Eduardo Cunha pode ser vista como uma grande farsa. Conforme denunciamos neste artigo o centrão, conforme diz a própria imprensa burguesa, foi braço de sustentação de Eduardo Cunha e uma ala do parlamento que o próprio peemedebista controlou. A farsa é tão grande que as eleições da câmara certamente terá um dedo do peemedebista afastado.

Este centrão é composto por partidos como o PP de Paulo Maluf e do governador interino do Rio de Janeiro Dornelles, pelo o PSC de Bolsonaro e Marco Feliciano, o PSD de Kassab, o PR e outros partidos menores. Sabemos que estes nomes são uma párea disputada com o Eduardo Cunha no que diz respeito ao reacionarismo, mas também no que diz respeito aos escândalos de corrupção. São estes partidos que personalizam o toma lá da cá da suja política burguesa.

É compreensível que milhares de jovens e trabalhadores comemorem a queda de Eduardo Cunha, pois tem um sentimento legitimo de repúdio ao seu reacionarismo, porém ele é a expressão mais clara deste podre sistema político e é isso que precisa ser questionado. O único jeito de acabar com este jogo da barganha, de grandes empresários que investem milhões em campanha e políticos corruptos que tem como o seu único interesse atacar os direitos dos trabalhadores, negros, LGBTT e mulheres é uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana imposta pela força da mobilização dos trabalhadores e setores populares da sociedade. Só assim iremos questionar e combater efetivamente este sistema que cria seus Eduardo Cunha e outros políticos corruptos.




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