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UBER NÃO É ANTIRRACISTA! | Uber faz campanha antirracista enquanto continua a explorar o trabalho da população negra

No dia 10 de junho, a Uber iniciou uma campanha de marketing onde, cinicamente, chama os seus trabalhadores e usuários a serem aliados no combate contra o racismo. Fala de combate ao racismo estrutural, entretanto, utiliza-se dele para explorar cada vez a força de trabalho negra, rebaixando de conjunto a condição de vida da classe trabalhadora.

segunda-feira 21 de junho de 2021 | Edição do dia

A campanha de Marketing da Uber tem como alvo tanto os seus motoristas quanto passageiros e consiste em duas fases: uma primeira que tem como objetivo a promoção de conteúdo educativo dentro do aplicativo, com cartazes em pontos de ônibus e denúncias de racismo sofrido por motoristas que durante as corridas. Com isto, tenta reforçar que esses comportamentos não são aceitáveis e que podem acarretar em punição para os trabalhadores. E, em um segundo momento, realizará vídeos para demonstrar como essas frases fazem parte do racismo estrutural. Pura hipocrisia de uma empresa que é conhecida em cancelar os trabalhadores sem motivo, não garante direitos mínimos, o trabalhador é obrigado a arcar com todos os custos da manutenção de seu veículo, além de eles serem obrigados a trabalhar durante 10 ou 12 horas de trabalho para ter o mínimo para sobreviver.

Quando falam de racismo estrutural de qual estrutura essas empresas falam? A estrutura na qual o racismo faz parte não sobrevoa nas nuvens ou existe apenas nas palavras, esta estrutura é uma relação material, que é este modo de produção capitalista, que utiliza-se do racismo para explorar cada dia mais a classe trabalhadora, e tirar até os últimos centavos do trabalho desses trabalhadores.

A Uber é uma das empresas que mais explora seus trabalhadores, tanto seus motoristas, quanto seus funcionários internos, que no Brasil tem como centro da precarização a população negra. No quadro de motoristas da Uber que só cresce com a profunda crise social e sanitária no qual vivemos, é grande o número de trabalhares negros, que, para não enfrentar o desemprego, enfrentam essas jornadas extenuantes de trabalho, para receber baixos salários sem nenhuma seguridade trabalhista.

Entretanto, a população negra, junto com o conjunto da classe trabalhadora demonstrou seu potencial explosivo como foi o exemplo do levante nos EUA contra o assassinato de George Floyd pela polícia. Fato que levou a setores da burguesia tentar canalizar o sentimento antirracista de massas para dentro do regime, com medo de que a revolta negra e possíveis novas explosões da luta de classe se transformasse se transformar numa luta contra a fonte de seus lucros do capitalistas. Esse é o caso da Uber, mas não só, também da Rappi, Ifood, 99 entre outras empresas que tentam vender uma estética “progressista” enquanto mantém seus lucros intactos, ou seja, a exploração das camadas mais precarizadas da classe trabalhadora.

Isto fica mais esdrúxulo quando entendemos que essas empresas, na verdade, não veem esses motoristas como seus funcionários, justificando a total falta direitos destes trabalhadores. Isto, somada a reforma trabalhista aplicada em 2017 pelo golpista Temer que, dentre os seus muitos ataques, legalizou o trabalho intermitente, abriu um ataque profundo à classe trabalhadora, em sua maioria negra no Brasil. Além de todo o regime do golpe institucional que aprofunda ainda mais esses ataques. Portanto, não se pode falar de uma luta contra o racismo estrutural sem questionar o modo de produção capitalista. Não podemos nos enganar com essas empresas que fazem disso apenas mais uma jogada de marketing para aumentar seus valores na bolsa ou para “pagar” de antirracista para quando a luta de classes retomar a cena, como foi agora na Colômbia, ela se preservarem dos conflitos sociais. Com isso queremos deixar claro que dentro do capitalismo, não existem respostas viáveis contra o racismo, a misoginia e a lgbtfobia, o capitalismo é o sistema que utiliza destas opressões para para aumentar o nível de exploração e alimentar a sede de lucro dos capitalistas.

Não podemos alimentar ilusões com um antirracismo empresarial e capitalista, a única forma de superar este sistema opressor e explorador é através da luta histórica da classe trabalhadora, que são aqueles que têm a força para destruir este sistema. Por isso, a luta da população negra contra a violência policial e o capitalismo, não pode ser desviada para dentro do próprio sistema que o criou, é necessário realizar uma luta unitária onde as pautas do movimento operário, movimento negro, movimentos feministas e LGBTQIA+, convirjam para atacarem com um único só punho esse sistema de morte.




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