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MOVIMENTO ESTUDANTIL | UNE confirma Ciro Gomes para BIENAL, mas não confirma um plano de lutas para os estudantes

Marie CastañedaEstudante de Ciências Sociais na UFRN

segunda-feira 4 de fevereiro de 2019 | Edição do dia

Ciro Gomes é um coronel burguês, que no segundo turno foi para Europa, que no inicio desse ano declarou que deveríamos esperar 100 dias para emitar alguma opinião para o governo abertamente machista, conservador e contra os direitos da classe trabalhadora de Jair Bolsonaro, e que recentemente deu o aval para que ajudar o governo a aprovar a Reforma da Previdência, mãe de todas as reformas, permitindo que seu principal assessor durante a campanha presidencial debatesse a Reforma da Previdência com Bolsonaro, como denunciamos aqui.

Ainda assim, ele será um dos grande convidado do BIENAL da UNE esse ano - mesmo durante as eleições mais antidemocráticas da histórica recente do país ele tendo sido totalmente conivente com a prisão de Lula e outras manipulações feitas a torto e a direito pelo judiciário de Sérgio Moro, e que agora não se importa se os trabalhadores e a juventude não poderão se aposentar. Posando de alternativa progressista, em defesa do desenvolvimento, com um programa de privatizações, precarização do trabalho e Reforma da Previdência., Ciro recolheu seu progressismo logo após o 1º turno, no qual Bolsonaro quase levou a vitória, e foi à Paris, de férias, recusando-se a opinar sobre o pleito, enquanto as manipulações do Judiciário, a tutela das Forças Armadas, enquanto a estratégia meramente parlamentar da oposição petista (que por acaso é a direção da CUT e da UNE), buscava canalizar toda força e disposição expressa no movimento #EleNão para um impotente estratégia de se aliar com burgueses e golpistas de todo tipo, como PSDB, Rede, entre outros. Uma estratégia que impediu que o movimento se massificasse em cada local de estudo e trabalho, sendo impotente para impedir Bolsonaro se elegesse,.

Nos perguntamos se a direção da UNE também está esperando 100 dias de ataques sistemáticos para convocar um plano de lutas. Hoje, mais do que nunca, precisamos de toda a unidade na ação para enfrentar Bolsonaro, construída desde as bases de cada local de trabalho e de estudo, porque ele prometeu, em Davos, entregar o futuro da juventude aos capitalistas é “filho” do golpe institucional que causou o assassinato de Marielle e proclamador da morte do Mestre Moa de Katendê, promete muitas Marianas e Brumadinhos com seu projeto privatista de entrega das riquezas nacionais aos parasitas internacionais, e quer aprovar a Reforma da Previdência para garantir aos imperialistas e à burguesia nacional que será a classe trabalhadora brasileira que seguirá a pagar as contas da crise em nova escala.

Tragicamente, a unidade que a direção majoritária da UNE quer propor ao conjunto de delegados e estudantes presentes no CONEB é a mesma expressa pela “resistência parlamentar” proposta pelo PT, priorizando encontrar aliados dentre partidos diretamente burgueses, como Ciro Gomes e o PDT, que junto ao PSDB, declinou à proposta petista no Congresso. Não é preciso ir longe para ilustrar, basta lembrar que o recém eleito presidente da câmara, Rodrigo Maia, foi apoiado não apenas pelo PDT de Ciro Gomes, mas também pelo PCdoB de Manuela Dávila, partido que impulsiona a UJS, que por sua vez dirige a UNE junto ao PT. É essa a unidade que propõem aos estudantes, apoiar o mesmo candidato do PSL de Bolsonaro, ao inves de batalhar em cada escola e universidade desse país por um plano de lutas que nos coloque ao lado da classe trabalhadora.

A unidade que devemos defender só pode significar uma somatória de forças se ela se dá no terreno da luta de classes, não uma aliança com setores que são contrários a que a juventude se organize ao lado da luta dos trabalhadores a partir de cada local de estudo e trabalho, com um programa que conduza a emancipação das mulheres, negras e negros, indígenas, LGBTs. A proposta da direção da UNE perpetua a velha lógica de que política se faz entre os de cima, e cabe aos estudantes ouvir o que o “Cirão da Reforma da Previdência” tem a dizer, resultando na domesticação do movimento estudantil, com DCEs, D.A.s, C.A.s e Grêmios servindo à estratégia parlamentarista e eleitoral protagonizada, principalmente, pela UJS, Levante Popular da Juventude, Kizomba e outras correntes reformistas , quando essas entidades deveriam ser verdadeiras armas contra a direita.

É preciso deixar claro que a Oposição de Esquerda, composta majoritariamente pelo PSOL, acaba cubrindo pela esquerda essa mesma estratégia parlamentar, ao comemorar alianças com a REDE e o PSB (organização de Jonas Donizette, prefeito de Campinas que está à frente de implementar a reforma da previdência nos municípios do país), quanto na manutenção de uma política que não denuncia nem faz exigências às Centrais Sindicais, “passando pano” para a política do PT e PCdoB de manter na passividade os milhares de jovens e trabalhadores que dirigem. Ao invés de aproveitarem o espaço eleitoral que conquistaram nas últimas eleições para desmascarar a estratégia de “resistência democrática” (que na verdade não passa de um “acordão parlamentar”) do PT, endossam essa estratégia no Congresso, o que impede que possam ser alternativa à majoritária da UNE, pois também não cumprem, desde às entidades que dirigem, o papel de ser um fator para que uma parcela dos estudantes rompa com a passividade e atropelem a burocracia estudantil encastelada na UNE desde antes de estarem na oposição ao governo, desde quando eram um braço dos governos do PT.

O CONEB não foi construído amplamente nas escolas e universidades, com debates vivos com os estudantes de base e com eleições democráticas de delegados que levassem ao Conselho a posição da maioria dos estudantes. Exigimos que a UNE disponibilize todos os meios necessários para que todos os estudantes que queiram possam ir ao CONEB, com disponilização de ônibus e outros auxílios. Defendemos que sejam realizados debates profundos entre os que estarão presentes, passando pela necessidade de construir um movimento estudantil à altura dos desafios que o governo Bolsonaro coloca para a juventude: um movimento estudantil anti-burocrático, combativo, e aliado aos trabalhadores, no qual os estudantes tomem os rumos de suas escolas e universidades para levantar uma resposta antimperialista e de independência de classe, superando o freio que têm sido a própria direção da UNE e das Centrais Sindicais.

A unidade mais forte que podemos construir nesse momento é com os trabalhadores em luta nos mais diversos cantos do país. Como os servidores e professores municipais em greve em São Paulo, uma categoria majoritariamente feminina, que está na linha de frente da luta contra a reforma da previdência da Covas, Dória e Bolsonaro. Os metroviários de São Paulo contra a privatização. Os trabalhadores da GM contra a implementação da reforma trabalhista nas fábricas. Os servidores da saúde do Rio Grande do Norte, em greve a partir dessa terça feira. O CONEB e a BIENAL da UNE precisa preparar os estudantes para debater e lutar lado a lado com esses trabalhadores. Cada estudante que for nesse espaço precisa sair de lá com um plano de lutas claro, que possa unificar todas entidades estudantis do país, ampliando a organização do conjunto do estudante, socializando e democratizando todos os debates e preparando um forte plano de lutas para poder se aliar com a classe trabalhadora.

Desde a juventude Faísca e o grupo de mulheres Pão e Rosas acreditamos que a força do movimento internacional de mulheres, que no Brasil se expressou também no protagonismo de diversas lutas importantes nos últimos anos, como é agora com as professoras de São Paulo, pode ser um enorme ponto de apoio para que com as mulheres a frente, o movimento estudantil possa estar na linha de frente da luta contra os ataques de Bolsonaro, começando por organizar desde as calouradas um forte plano de lutas rumo a construção de grandes atos no dia 8 de março. Batalhando em cada curso pela unidade dos estudantes com os trabalhadores.




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