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ENSINO REMOTO EMERGENCIAL | UFRGS adere ao Microsoft Teams para aplicar o excludente ERE e garantir lucro aos empresários

A UFRGS assina contrato com a plataforma Microsoft Teams, multinacional gigante na educação privada, para servir de plataforma para o Ensino Remoto Emergencial excludente e racista, mostrando que a precarização do ensino público estará a serviços do lucro dos capitalistas.

sábado 8 de agosto de 2020 | Edição do dia

O Ensino Remoto Emergencial (ERE), imposto pela reitoria aos estudantes da UFRGS por uma votação do CEPE (Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão), sem ser amplamente debatido com os estudantes se queriam aderir a esse modeli precário de ensino. Com a aprovação do projeto, as aulas devem iniciar já no dia 19 de agosto.

O Ensino Remoto é mais um ataque à educação, da agenda privatista do governo Bolsonaro e de Mourão, que avança a passos largos em meio a pandemia e que privilegia o lucro dos grandes empresários em vez da qualidade de ensino. O ERE é um EaD (Ensino a Distância) “mascarado”, assim como já está sendo implementado também em diversas escolas da rede pública e em outras universidades em várias regiões do país, concretizando ainda mais esse projeto privatizador. O ERE vem para precarizar e mercantilizar ainda mais o ensino superior público, abrindo espaço para a iniciativa privada dentro das universidades, implementando suas plataformas de EaD e aumentando seus lucros enquanto alunos são excluídos por não conseguirem acompanhar as aulas.

É o que aconteceu com a adesão da grande multinacional Microsoft com a sua plataforma online Microsoft Teams para ser utilizada com o novo modelo de aulas. A assinatura feita pela reitoria para a utilização da plataforma Teams da Microsoft aconteceu antes mesmo da aprovação do CEPE, sendo que a universidade já dispunha de um programa de software livre que já estava sendo utilizado. Com essa parceria público-privada, abre espaço para aumentar a utilização da verba pública para o setor privado, favorecendo os grandes empresários, fazendo assim, até mesmo o “direito” à educação se tornar mais uma fonte de lucros para essas empresas, enquanto aplicam formas cada vez mais precárias de ensino e métodos de EaD.

Além disso, a Microsoft Teams coleta dados pessoais dos usuários para a comercialização (informação que consta nas páginas de privacidade na microsoft). Isso quer dizer que, com essa adesão, os dados dos estudantes, dos professores e dos técnicos serão utilizados comercialmente pela Microsoft. Dados demográficos, de localização, de dispositivo, rastreamentos, histórico de navegação, interesses, favoritos, dados de mensagens de texto, digitação ou imagem, contatos. Isso tudo irá possibilitar a entrega de dados pessoas da comunidade acadêmica para a empresa. Até mesmo dados de pesquisas que forem trocados por professores e alunos que utilizarem a plataforma ficarão armazenados em computadores da empresa nos Estados Unidos.

O projeto do ERE se mostra completamente exclusivo e racista na medida que expulsa de dentro da universidade, justamente os setores que já tem dificuldade de entrar. Aqueles que conseguem perfurar o verdadeiro "filtro social" que é o vestibular: a juventude negra, indígena e trabalhadora; além de excluir todos aqueles que por inúmeros motivos não tiverem a possibilidade de acompanhar as aulas online, tornando mais elitista ainda o acesso à educação. Muitos alunos não têm condições materiais, como acesso à internet ou espaço físico para estudar; nem condições psicológicas devido ao impacto da pandemia em suas vidas; ou estão cuidando de seus filhos que muitas vezes também estão tendo que fazer aulas EaD em casa; ou então porque estão trabalhando na linha de frente e nos serviços mais precarizados expostos ao coronavírus todos os dias. Todos esses alunos terão dificuldade ou ficarão impossibilitados de participar da aulas de disciplinas obrigatórias fundamentais da formação.

Ao aprovar esse projeto excludente e elitista, a reitoria da UFRGS mostra a quem realmente está a serviço: dos capitalistas e seus lucros, da precarização do trabalho e contra os estudantes. É um ataque que acontece no marco de todas as outras reformas contra a classe trabalhadora de Bolsonaro e seus ministros, aprofundando a precarização do trabalho no país como um todo, ainda mais com a proposital exclusão das camadas mais pobres da população de dentro da universidade.

É um absurdo que medidas assim estejam sendo aplicadas mesmo com o Brasil se tornando um epicentro de coronavírus no mundo, graças a política negacionista do governo Bolsonaro, mas também de todo o descaso das outras alas do regime como o Congresso, STF e os governadores. A universidade poderia estar girando todo o teu contingente de pesquisas, além de recursos materiais e humanos à serviço de salvar vidas. O potencial da universidade pública é enorme dada a sua capacidade de suprir a real necessidade da população nesse momento que é o combate à pandemia. Pesquisas como a da UFPEL são um exemplo, considerada o maior estudo brasileiro sobre os efeitos e prevalência da pandemia na população, evidenciando o fator da subnotificação das estatísticas dos dados oficiais. Além disso, a universidade possui em seus laboratórios recursos para a produção de testes de covid-19, máscaras e EPIs entre outras pesquisas que poderiam estar sendo feitas para combater o vírus. Todo esse potencial poderia está sendo utilizado ao invés de aplicar um modelo precário de ensino apenas para cumprir o cronograma do semestre.

Para colocar a universidade a serviço dos trabalhadores e a serviço de combater a pandemia, é preciso se enfrentar com o poder burocrático da reitoria e a estrutura arcaica da universidade que a sustenta e que permite que a universidade esteja a serviço o lucro dos capitalistas.




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