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Forças repressivas | UERJ lança parceria com Operação Segurança Presente que reprime o povo pobre e trabalhador

A que propósito e serviço está essa mediação que se propõe a UERJ com as forças repressivas do Estado, lançando um processo seletivo para a contratação de extensionistas universitários para a participação do projeto "Observatório Social da Operação Segurança Presente"?

quarta-feira 18 de agosto de 2021 | Edição do dia

O Rio de Janeiro é um dos estados do Brasil onde o contexto de crise social, junto do desemprego, a fome e a Covid-19, mais mostram a falência que é fruto da irracionalidade do sistema capitalista. O Brasil governado por Bolsonaro e Mourão com apoio e suporte dos militares e toda a corja que compõe esse regime apodrecido, faz somar aqui no Rio de Janeiro de Cláudio Castro, esses elementos. De junho de 2019 a maio deste ano, 856 mortes por operações policiais foram registradas no estado.Outras 727 pessoas ficaram feridas nessas ações atrozes, e ainda há as nefastas ocorrências de chacinas, onde aqui no Rio registra-se 92 casos, como a recente operação policial realizada no Jacarezinho, que assassinou 28 pessoas.

É nesse cenário, que vimos tornar-se mais presente em vários bairros a Operação Segurança Presente, que a título de informação, é mais uma extensão da atuação da Polícia Militar do Rio de Janeiro, intensificando as forças repressivas do Estado, que agora conta com o apoio da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), lançando um processo seletivo para a contratação de "extensionistas universitários" "em mediação social e cidadania" para a participação do projeto "Observatório Social da Operação Segurança Presente". Em outras palavras, apesar das brechas do edital do processo seletivo, a UERJ se propõe a organizar um projeto conjuntamente, seja direta ou indiretamente com a Polícia Militar, essa mesma polícia que reprime e mata negros trabalhadores e pobres.

De acordo com o reitor Ricardo Lodi Ribeiro, essa é uma forma de "ampliar estratégias que podem inspirar o conjunto da sociedade", "a Uerj está empenhada em ser uma instituição fomentadora de políticas públicas inovadoras, capazes de promover equidade e inclusão social". Mas que inspiração para o conjunto da sociedade pode-se encontrar na manutenção da lógica de humanizar o que não é humanizável? Onde está a inovação dessa política pública que promove opressão diretamente ligada a atender os interesses da burguesia? Como se afirma a promoção de equidade e inclusão social fortalecendo as forças repressivas do Estado?

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Nada como encarar de frente a realidade para mensurar a demagogia que coincidiu os propósitos deste processo seletivo. Uma evidência da abstração que é o debate de equidade e cidadania para Ricardo Lodi e o governo do Estado emoldurando o discurso falacioso, fica explícito no fato de que a universidade está ajudando a legitimar esse tipo de programa como o Operação Presente que recolhe pessoas em situação de rua, que cumpre um papel de controlar e reprimir o povo pobre e trabalhador. A verba destinada a esse projeto, por exemplo, poderia ser utilizada para a efetivação das trabalhadoras terceirizadas sem concurso público, que durante toda a pandemia, em meio ao risco de se contaminar, trabalharam sem EPIs, sem direito à quarentena, com salários de miséria que não acompanham os preços altos dos alimentos, dos aluguéis e contas. A universidade poderia estar envolvida em um projeto que atendesse às vítimas da violência do Estado da polícia que mais mata. É necessário marcar também que a juventude negra e pobre que deveria estar dentro da Universidade, é também reprimida por essas operações.

Os limites impostos pela lógica capitalista de produção, que também se refletem na universidade, produzem uma enorme contradição entre o conhecimento acumulado e a resolução de problemas elementares da sociedade. Esse fato pode ser observado escancaradamente em meio à crise sanitária que atravessamos, quando, a universidade que poderia, e deveria, colocar todos os seus recursos científicos à serviço do combate ao coronavírus, das necessidades da classe trabalhadora e de toda a população, cumprindo um papel fundamental na produção de respiradores, pesquisas para desenvolvimento de testes massivos, a capacidade de que todo o conhecimento em desenvolvimento nos laboratórios e salas de aula pudessem se voltar para salvar vidas, na realidade teve sua capacidade e potencialidade limitada pela contradição de uma sociedade onde o conhecimento e a ciência nunca são neutros, e estão separados da classe trabalhadora e da população, para satisfazer o desejo da classe dominante.

A universidade poderia cumprir, também, papel fundamental na luta contra todo o sucateamento da educação, que na verdade, se voltou à implementação e imposição de um modelo de precarização do ensino que é o EAD e ERE, num país em que apenas 48% da população mais pobre tem acesso à internet e que mais de 31 milhões não têm nem direito à água potável. Bem como poderia organizar nossas forças para lutar contra todos os ataques de Bolsonaro e o regime do golpe institucional, combatendo a individualização e fragmentação imposta pelo ensino remoto. O papel da universidade de conjunto é estar à serviço da classe trabalhadora.

Para combater o problema de segurança pública é preciso cortar o mal pela raiz, fortalecendo a auto organização dos trabalhadores para lutar contra todos os ataques do governo Bolsonaro, Mourão e todo o regime, mas indo por mais, questionando a fundo a lógica de opressão e exploração da sociedade capitalista, batalhando por uma universidade que esteja a serviço de toda a população, lutando pelo fim do filtro social racista e elitista do vestibular, pela estatização dos monopólios do ensino superior, se ligando profundamente com as demandas dos trabalhadores e da juventude que frequenta e trabalha nessas instituições, construindo uma unidade efetiva contra a divisão que os capitalistas e o Estado burguês nos impõem.

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