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GOVERNO TEMER | Tucanos intensificam pressão a Temer, mas o alvo são os trabalhadores

Enquanto avança a consolidação do golpe com a votação do impeachment no senado, endurece ainda mais o discurso tucano em ameaça a Temer. Caso o interino, uma vez deixada essa condição, não mostre a que veio contra os trabalhadores, pode ter que enfrentar a dupla oposição de PT e PSDB, por mais inusitado que pareça esse cenário.

Evandro NogueiraSão José dos Campos

sexta-feira 26 de agosto de 2016 | Edição do dia

A reforma da previdência, que ainda não existe como proposta oficial, e a PEC que limita os gastos do governo de modo bastante rígido e por um bom tempo, são as medidas da austeridade brasileira exigidas pelo tucanato para continuar apoiando o governo Temer. Fazem parte desse pacote a renegociação das dívidas dos estados e a conturbada proposta de aumento para servidores públicos - entre os quais um de 17% para os juízes superpoderosos do STF, o que implicaria em toda uma cadeia de aumentos para a carreira em estados e municípios, que somados se estipula chegarem a cerca de 5 bilhões.

Sobre isso, o ministro Henrique Meirelles, que recentemente foi alvo de insatisfação tucana, declarou que "Esperamos que até o final do ano tenhamos esta aprovação já concluída pelo Congresso. [...] Mas, se não for possível por alguma razão [votar neste ano], certamente o ano que vem o mais cedo possível". Contudo, a votação sobre a renegociação da dívida dos estados já teve que ser adiada uma vez por falta de quorum, apesar do apelo feito por Temer para que os deputados comparecessem, como um esforço concentrado.

Como parte do jogo tucano, o senador Aécio Neves, se deixou ser flagrado pelo jornal Folha de São Paulo, em conversa informal, na qual disse, “Queremos romper com o governo? Se for isso, temos bom motivo. Melhor botar a bola no chão e falar depois do impeachment”.

Completando o meio de campo, o Instituto Teotônio Vilela, órgão ideológico tucano, publicou texto com uma farsesca metáfora sobre a a situação econômica de uma família que passa por dificuldades financeiras e precisa economizar, aludindo à situação da economia brasileira, no qual terminam da seguinte forma, “É estranho, para dizer o mínimo, que num dia o presidente em exercício diga com todas as letras que não vai mais avalizar aumentos de salários para o funcionalismo e, no outro, parte de sua base partidária no Congresso aja em direção contrária. O país não precisa de um governo que queira só ficar bem na fita. Precisa de um governo que faça as mudanças e as reformas necessárias, que a toda população – e não apenas algumas poderosas corporações – cobra.”

Como a expectativa é que após a votação do impeachment as casas do legislativo se esvaziem em função das campanhas eleitorais nos municípios, já estão aparecendo editoriais e comentaristas se perguntando se Temer não teria perdido o momento de impor os ajustes, enquanto ainda tinha o apoio certo do PSDB.

Enquanto se desenvolvem as contradições do governo Temer, a estratégia petista vai se delineando mais claramente. A cúpula do partido, após se reunir essa semana, tanto se negou declarar poio à proposta de plebiscito sobre antecipação das eleições presidenciais de 2018, feita por Dilma em sua carta, quanto também indicou uma possível volta de Lula à presidência do partido. As duas medidas vão no sentido de preparar a figura de Lula como nome forte para as eleições, aproveitando o tempo até lá para que o governo Temer se afunde na missão de impor os duros ataques exigidos, ou perdendo sua base e não conseguindo governar. Lula e o PT querem voltar a ser os preferidos dos capitalistas, para imporem eles mesmos os ataques aos trabalhadores.

O que é certo para os trabalhadores é que o desemprego segue castigando duramente, inclusive entre os setores mais precários, como mostrou o próprio Meirelles, ao defender sua proposta de PEC, entre os 10% mais ricos, a taxa está em 1,9%, e entre os mais pobres, o desemprego chega a 20,6% (de acordo com dados do IBGE). A OIT, por outro lado, acaba de divulgar pesquisa que mostra expectativa de aumento significativo do desemprego entre os jovens na América Latina, passando de 8,5 para 9,3 milhões, superando os 17% no próximo ano. O Brasil é o país mais afetado.

As medidas que o tucanato exige cada vez mais duramente de Temer, são para aprofundar essa situação, impondo um empobrecimento generalizado de amplas camadas sociais e a retirada de direitos históricos, para que haja um barateamento da mão de obra nacional, atraindo investidores que teriam sua lucratividade ampliada. É uma farsa a história de que todos estão apertando os cintos, os trabalhadores é que estão pagando pela crise. Contra essa corja de políticos e juízes corruptos, parasitas, e contra a retirada de direitos dos trabalhadores e o empobrecimento generalizado de amplas camadas da população, é preciso construir fortes lutas, organizadas pelos locais de trabalho, que imponham uma Assembleia Constituinte capaz de retirar os privilégios dessa corja, instituir a revogabilidade de todos os políticos e juízes, aumentar o salário mínimo e garantir empregos para todos.




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