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GRÉCIA | Tsipras oferece novas concessões antes da reunião do euro

O ministro alemão de Finanças, Wolfgang Schäuble, disse nesta segunda-feira que sem propostas substanciais por parte da Grécia não é possível preparar uma cúpula de chefes de Estado e de governo seriamente, por isso nesta segunda-feira não haverá possibilidades de um acordo entre Atenas e os credores internacionais.

André Barbieri São Paulo | @AcierAndy

segunda-feira 22 de junho de 2015 | 11:38

Em sua chegada à reunião extraordinária dos ministros das Finanças, Schäuble disse "Não conheço nenhuma proposta nova. A situação é a mesma quena quinta-feira passada”.

"Uma declaração para a cúpula não é possível. A situação não mudou desde quinta-feira. Não há nada novo salvo que durante o fim de semana muitos tentaram publicamente criar expectativas sem estar autorizados a gerar expectativas", acrescentou.

"Primeiro são as instituições as que devem comprovar as propostas conjuntamente e seriamente e uma vez que tenham feito, poderemos analisar com a Grécia no Eurogrupo", disse.

O ministro alemão ressaltou que o Fundo Monetário Internacional (FMI) "também não recebeu nada", em referência a uma nova proposta grega.

"Não temos as condições para preparar algo e sem uma preparação, a cúpula servirá para relativamente pouco".

O ministro finlandês de Finanças, Alexander Stubb, disse que tem poucas expectativas para hoje. "Não veremos uma grande novidade".

Stubb disse entrar no Eurogrupo com uma "mente bastante fechada" porque "não há nenhum papel oficial sobre a mesa e as instituições não puderam examiná-lo".

"A contraproposta grega chegou no meio da noite de ontem ou nesta manhã muito cedo e não foi discutida pelas instituições. Neste sentido ,acho que as discussões serão realmente muito breves", disse.

O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, também afirmou nesta segunda-feira que é "impossível" ter uma análise definitiva da proposta grega nas conversas de hoje, por isso que verá se serve de base "para passar a conversas definitivas" sobre um acordo entre Grécia e seus parceiros da zona do euro.

"Deixo em mãos das instituições divulgar opinião sobre as propostas primeiro. Tomara que possam nos dar uma primeira impressão hoje. As propostas gregas só chegaram muito recentemente, de modo que será impossível ter uma análise definitiva. Mas veremos se (a proposta) é uma base para proceder às conversas definitivas", assinalou.

O comissário europeu de Assuntos Econômicos e Financeiros, Pierre Mocovici, disse por sua vez, durante sua chegada ao Eurogrupo extraordinário sobre a Grécia prévio à cúpula dos chefes de Estado e do governo da zona do euro, que "hoje é um dia muito importante para o futuro do euro e da Europa".

"Nosso parecer é que as propostas da Grécia são um passo adiante, uma base, mas também resta muito por fazer", disse Moscovici.

Esta reunião "nos vai permitir progredir e desenhar um plano de trabalho que permita finalizar um acordo que todo o mundo espera. As instituições abordam esta discussão de maneira positiva, exigente e comum com a vontade de chegar a um acordo", disse.

A proposta de Tsipras

O governo de Alexis Tsipras apresentou neste domingo uma nova proposta de reforma para conseguir um acordo com os sócios na cúpula europeia de hoje. Segundo a rede de televisão Mega, o novo plano manteria os três tipos de impostos sobre o valor agregado (IVA), de 6,5%, de 13% e de 23%, propostos pelo Executivo, mas desta vez Atenas estaria disposta a mudar a imposição sobre alguns produtos ou hotéis para aumentar os ingressos fiscais, como pede a Troika.

Quanto às pensões, que é junto ao IVA uma das questões em que existem maiores desacordos, o governo de Tsipras estaria disposto a abolir as aposentadorias antecipadas a partir de 2016, assim como reduzir as pensões complementares mais elevadas de alguns funcionários. Mantém a posição de não cortar as pensões mais baixas (que já foram reduzidas pelo governo anterior do PASOK-Nova Democracia), concedendo um corte no sistema de aposentadorias de conjunto.

A nova proposta grega foi qualificada como “proposta de qualidade” pelo ministro das Finanças francês, Michel Sapin. Durante o final de semana houve diversos contatos telefônicos entre Tsipras, Angela Merkel, Jean-Claude Juncker e Christine Lagarde, chefe do FMI.

Neste domingo, milhares de gregos saíram às ruas da praça Syntagma para expressar o seu rechaço ao plano de austeridade e aos cortes da Troika, ao mesmo tempo em que esperavam a possibilidade de um acordo com a UE. Segundo o Instituto Public Issue, 65% da população rechaça a saída do euro, frente a 31% que prefere retornar ao dracma (moeda grega).

É neste marco de extrema tensão e de chantagem das instituições europeias que se desenrolará esta reunião chave do eurogrupo para a Grécia, ao que tudo indica, com mais uma concessão do governo do Syriza, cujas distintas alas se negam a impulsionar a luta de classes no país contra a extorsão que significa o pagamento da dívida.




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