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IMPERIALISMO | Trump encerra uma semana de ataques imperialistas lançando a “mãe de todas as bombas” sobre o Afeganistão

Se ainda pudesse haver algum lugar para dúvidas, após essa semana Donald Trump indicou que sua política de intervenção imperialista se aprofundará. Contrariando todos aqueles que analisavam o seu discurso de “American First” como o anúncio de uma política menos beligerante, e fechada sobre suas próprias fronteiras, Trump realizou uma série de ataques que visam mandar recados aos seus oponentes mundo afora, em especial à China e à Rússia.

Simone IshibashiRio de Janeiro

sexta-feira 14 de abril de 2017 | Edição do dia

O ataque à Síria, apesar de ser o primeiro diretamente feito pelos EUA contra Bashar Al Assad desde que a guerra civil iniciou-se em 2011, teve como desfecho parcial a declaração de imprensa de representações dos governos russo e norte-americano após conferência em Moscou que buscavam amenizar as tensões. Apesar do clima de “tudo certo mas nada resolvido”, já que não se chegou a um acordo sobre como lidar com a questão síria, com a Rússia insistindo em “investigações imparciais” sobre a autoria dos ataques com armas químicas na Síria, ambos buscaram demonstrar ter acordo sobre a “guerra ao terrorismo do ISIS”.

Isso em verdade é uma demonstração de que os objetivos norte-americanos com o bombardeio à Síria eram restritos, já que não são capazes de garantir uma ordem pós Assad, correndo o risco de caso o regime fosse derrubado, abrir-se uma situação similar à Líbia. Após os ataques da OTAN que derrubaram o governo líbio, o país segue mergulhado em um grande caos, e em disputas tribais.

Em meio a isso, se deram também as movimentações militares no mar da Coreia do Norte no dia seguinte ao ataque à Síria, também foi um ponto de tensão internacional da última semana. A escalada da tensão entre a Coreia do Norte, que prepara um novo teste nuclear, e os Estados Unidos têm sido uma fonte de preocupação para a Coreia do Sul, China e o Japão.

Mas o ponto culminante de uma semana de ataques imperialistas, foi o lançamento na última quinta-feira da “mãe de todas as bombas” contra o Afeganistão. Trata-se da bomba não nuclear com maior poder de destruição, usada pela primeira vez pelos Estados Unidos. A bomba GBU-43 Massive Ordnance Air Blast (MOAB) é um imenso projétil que pesa cerca de 10 toneladas, para destruir túneis subterrâneos.

Foi lançada contra a província de Nangarhar, no leste afegão, e próximo à fronteira com o Paquistão, em uma região onde haveria uma base do Estado Islâmico. Na manhã da sexta-feira, o governo norte-americano declarou que o lançamento da bomba teria matado 36 membros do Estado Islâmico na região. Trump declarou que o lançamento da bomba foi “um sucesso”. Já o líder talibã afegão, que também combate o Estado Islâmico, denunciou a ofensiva de Trump, e chamou os Estados Unidos de “criminosos globais”.

Com mais esse ataque, Trump, o presidente norte-americano com o mais baixo índice de aprovação no início de mandato da história, busca aprofundar a aprovação que obteve com a ofensiva contra a Síria. Além de ser um aviso à Rússia e a China, a resposta às ofensivas militares da última semana foram rápidas. Pela primeira vez jornais como New York Times, e porta-vozes dos democratas, bem como a cúpula do Partido Republicano que sempre esteve dividida em relação a Trump, além dos governos das potências europeias declararam apoio à Trump.

Dessa forma, está claro que a solução que Trump buscará para lidar com suas contradições internas é a clássica ofensiva imperialista e militar sobre os países pobres do Oriente Médio. No entanto, da mesma maneira que ocorreu com os governos anteriores, desde os neoconservadores de Bush até Obama, cada qual à sua maneira, essa saída tem alcance absolutamente limitado e não pode responder em profundidade às contradições da perda de hegemonia norte-americana.

A semana de ataques beligerantes de Trump é a demonstração de que seu nacionalismo e protecionismo nada tem a ver com uma mudança da política imperialista militarista. Algo que já havia se demonstrado com o aumento do orçamento militar proposto por Trump, bem como a nomeação de diversos militares para cargos importantes do seu governo. Portanto, as ofensivas de Trump só demonstram que o discurso de que ele seria “ruim para os Estados Unidos e melhor para o mundo”, pois interviria militarmente menos, é falso. É preciso defender abertamente a bandeira do anti-imperialismo, e seus ataques mundo afora, que também expressam a faceta mais reacionária da dominação imperialista. Nenhum bombardeio norte-americano pode ajudar os sírios, afegãos, ou qualquer outro povo do mundo.




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