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Um final explosivo: escândalos, trocas de acusações e guerra de pesquisas. Se estreita a diferença entre Clinton e Trump e tudo aponta para um resultado voto a voto. Quem se elegerá para a Casa Branca?

Celeste MurilloArgentina | @rompe_teclas

segunda-feira 7 de novembro de 2016 | Edição do dia

Um final de campanha que ninguém sonhou no começo de 2016. Uma campanha presidencial que esteve atravessada de princípio ao fim pela crise do sistema bipartidário e o descontentamento com o establishment político e financeiro. Esta crise se transformou na vantagem de Trump e no obstáculo de Clinton.

Depois de derrotar 16 concorrentes nas primárias republicanas, Donald Trump se transformou no candidato e o porta-voz da revolta antiestablishment.

Hillary Clinton não teve o caminho de rosas que havia imaginado que seriam as internas democratas, pelo contrário, enfrentou uma dura batalha com o senador Bernie Sanders, que despertou o entusiasmo da juventude, comparável (inclusive mais importante) com o que gerou Barack Obama em 2008.

O partido democrata conta com o apoio de setores eleitorais chave como as mulheres, a juventude e as comunidades latina e afroamericana. Mas tem uma candidata questionada e marcada como a personificação do establishment político: ex primeira-dama, ex senadora, ex secretária de Estado; o que parecia ser um ativo para Clinton, sua experiência, se transformou em seu contrário à luz da crise política.

Nos últimos dias, os democratas usaram toda sua “artilharia pesada”, incluindo Michelle e Barack Obama, as duas figuras mais populares que possuem o partido. O próprio Obama se pôs em campanha por Hillary nos principais estados ainda em disputa, como Carolina do Norte e Florida. Ainda que em seus dois governos não tenha cumprido as promessas de reforma migratória nem melhorado a situação da comunidade negra que, pelo contrário, vive as piores consequências do racismo institucional, Obama chamou os setores que o levaram ao poder em 2008 a confiarem em Clinton.

A principal, e quase única, vantagem da campanha de Clinton foi, é e será até o 8N, Donald Trump, e seu principal problema, Hillary Clinton.

O partido republicano chegou rachado à campanha presidencial. As primárias terminaram de selar a profunda crise que atravessa o partido, que se viu acelerada desde o surgimento do movimento Tea Party há alguns anos. Donald Trump, que despontava como azarão nas primárias, terminou nomeado, mas sem o apoio do establishment e com várias figuras proeminentes do partido anunciando que votariam em Clinton.

Sua retórica, tendo em vista o eleitorado, se baseou em se dirigir aos setores que perderam com o neoliberalismo, especialmente aos setores brancos, trabalhadores e pobres que se sentiram relegados e desprestigiados pelas elites de Washington e Wall Street. Mediante seu discurso misógino, xenófobo e racista, Trump explora os piores medos e prejuízos desses setores.

Trump se transformou no principal medo dessas elites e do establishment, não só republicano, mas também das altas esferas do poder político e econômico. Por esse motivo, vimos durante toda a campanha ex assessores de confiança, ex funcionários, legisladores e empresários expressarem suas preocupações e seu apoio a Clinton.

As últimas pesquisas mostram que os resultados do 8N não estão assegurados. Ainda que Clinton lidere as pesquisas nacionais, entretanto a disputa segue em muitos estados (que são chave no sistema americano por ser uma eleição indireta com Colégio Eleitoral).

A campanha democrata tem dilapidado grande parte do capital político que representa o medo que Trump ganhe, que apesar de haver caído após a enxurrada de acusações de assédio e abuso sexual, se mantem competitivo e soube capitalizar o último escândalo (será mesmo o último?) com o anúncio do FBI da investigação sobre novas trocas de e-mail de Clinton.

As matemáticas eleitorais prometem uma noite sem definições rápidas nem resultados antecipados.




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