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Trump defende "direitos concedidos por Deus" em marcha anti-aborto

"Tristemente, a extrema esquerda esta ativamente trabalhando para apagar nossos direitos concedidos por Deus, fechar instituições de caridade baseadas na fé, banir fiéis da praça pública e silenciar Americanos que acreditam na santicidade da vida". Discursou o presidente dos Estados Unidos.

sexta-feira 24 de janeiro de 2020 | Edição do dia

O presidente Donald Trump, que na sua campanha eleitoral escancarou seu machismo e misoginia contra as mulheres, participou hoje da Marcha Pela Vida, reunião anual de manifestantes antiaborto dos EUA. Foi o primeiro presidente da história americana a comparecer ao ato.

Várias vezes, desde que se elegeu, em 2016, Trump afirmou ser "pró-vida", mas favorável à interrupção da gravidez em casos de estupro e incesto. Esse comparecimento do presidente é já pensando sua recandidatara.

A decisão de Trump foi anunciada no momento em que os Estados Unidos têm aprovado duras restrições a procedimentos de interrupção da gravidez. O fato de um presidente dos EUA comparecer à Marcha Pela Vida reforça a divisão no país em relação ao tema, justamente em um ano eleitoral, quando a polarização sobre diversos assuntos deve dominar a campanha pela Casa Branca.

Trump decidiu discursar pessoalmente no evento, diferentemente de seus antecessores, que se comunicaram com os líderes da manifestação por telefone ou enviaram vídeos de saudações. A manifestação que coincide com o 47º aniversário da decisão Roe v. Wade, de 1973, em que a Suprema Corte dos EUA estabeleceu o direito ao aborto.

Em ritmo de campanha - apesar de a disputa presidencial ser apenas em novembro -, Trump vem tentando reforçar o vínculo com grupos conservadores que se opõem ao aborto. Em retribuição, no começo do mês, Susan Anthony List e seu grupo antiaborto anunciaram que doariam US$ 52 milhões para ajudar na reeleição do presidente e trabalhar para proteger a maioria republicana no Senado.

Os ativistas pelos direitos ao aborto acusam Trump de promover uma agenda contrária à interrupção voluntária da gravidez e manifestam sua preocupação com o que consideram uma ameaça à decisão histórica da Suprema Corte.

A Marcha pela Vida começou em 1974, um ano após o caso Roe v. Wade, e passou a incluir vários eventos associados, entre eles missas católicas, um serviço nacional de oração e uma conferência e uma exposição.

Hoje, a manifestação em Washington começou com o discurso de Trump. Em seguida, a marcha seguiu em direção à Suprema Corte. Em 2017, logo após a posse, Mike Pence se tornou o primeiro vice-presidente a participar do ato - na ocasião, Trump apareceu em um vídeo via satélite para uma multidão de 100 mil pessoas - uma drástica queda de público em relação a anos anteriores. Em 2018 e 2019, ele também enviou vídeos.

"Olhamos nos olhos de uma criança recém-nascida, vemos a beleza e a alma humana e a majestade da criação de Deus. Sabemos que toda vida tem sentido", disse Trump, no vídeo de 2019, antes de listar as ações antiaborto de seu governo e prometer rejeitar qualquer lei que "enfraqueça os esforços para impedir o acesso ao aborto".

Neste ano, seu pronunciamento durou 15 minutos, nos quais além de atacar os democratas, se disse perseguido pela extrema-esquerda.

"Tristemente, a extrema esquerda esta ativamente trabalhando para apagar nossos direitos concedidos por Deus, fechar instituições de caridade baseadas na fé, banir fiéis da praça pública e silenciar Americanos que acreditam na santicidade da vida". Complementou dizendo que "Eles estão me perseguindo porque eu luto por vocês, e nós estamos lutando por aqueles que não têm voz, e nós venceremos porque nós sabemos como vencer."

Trump havia prometido nomear apenas juízes da Suprema Corte contrários ao aborto, até agora nomeou dois dos nove magistrados. A presidente da Marcha Pela Vida, Jeanne Mancini, e outros líderes antiaborto disseram que pretendiam diversificar os participantes e convidaram "qualquer pessoa que se oponha ao aborto" para a marcha deste ano.

A última pesquisa nacional do Instituto Gallup indica que apenas 21% dos americanos são contra o aborto em qualquer circunstância Do lado oposto estão os 25% que são a favor em qualquer circunstância. No meio, 53% defende o aborto em determinados casos. Apesar de variações ao longo dos anos, os números são parecidos com os registrados em 1975, quando a pesquisa começou a ser feita.

Jeanne Mancini elogiou o apoio dado por Trump. "Desde a nomeação de juízes e trabalhadores federais, passando pelos fundos dos contribuintes para abortos, até pedindo o fim dos abortos tardios, o presidente tem apoiado consistentemente a nossa causa e seu apoio à Marcha Pela Vida tem sido inabalável", disse. (Com agências internacionais)

Em muitos países as mulheres não tem direitos de decidirem quando e como serem mães. Apesar de haver a proibição ao aborto, isso não significa que ele ainda não aconteça em condições inseguras e clandestinas, provocando a morte das mulheres mais pobres. Aquelas que têm a sorte de sobreviver a esta situação dramática geralmente sofrem sequelas irreparáveis para sua saúde. E ainda por cima o acesso aos diversos métodos anticoncepcionais segue sendo difícil.

As marchas "em defesa da vida" ocorrem por todo mundo, contudo o movimento de mulheres também vem mostrando sua força ao denunciar que os que defendem a criminalização do aborto, nada mais acabam por defender que mulheres continuem a morrer por abortos clandestinos. A pauta foi um grande tema na "Maré Verde" que cobriu a Argentina em em 2018 e seguiu com força pelo ano de 2019 pelo direito das mulheres ao seu próprio corpo e com certeza inspira as mulheres americanas a não aceitar os interesses reacionários dos conservadores religiosos.




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