O presidente dos Estados Unidos voltou a ameaçar o México, reiterando que poderá fechar a fronteira se o presidente mexicano não detiver os imigrantes.
quinta-feira 25 de abril de 2019 | Edição do dia
Com duas mensagens no Twitter, Trump ameaçou fechar imediatamente a fronteira com o México por conta do "bom trabalho" que, na sua opinião, o governo mexicano esteve fazendo na detenção de imigrantes que chegam da América Central.
Trump exigiu do México mais medidas contra os imigrantes que passam pelo país rumo aos Estados Unidos, e em recente artigo revelou um leve incidente na fronteira entre soldados mexicanos e estadunidenses. "Uma caravana muito grande de mais de 20 mil pessoas começou a subir pelo México. Conseguiu reduzir em tamanho, mas continua chegando. O México deve deter o restante ou seremos obrigados a fechar essa sessão da fronteira e chamar o Exército", disse Trump.

A very big Caravan of over 20,000 people started up through Mexico. It has been reduced in size by Mexico but is still coming. Mexico must apprehend the remainder or we will be forced to close that section of the Border & call up the Military. The Coyotes & Cartels have weapons!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 24 de abril de 2019
O presidente adendou que alguns "soldados do México recentemente empunharam armas contra os efetivos da Guarda Nacional estadunidense".
Mexico’s Soldiers recently pulled guns on our National Guard Soldiers, probably as a diversionary tactic for drug smugglers on the Border. Better not happen again! We are now sending ARMED SOLDIERS to the Border. Mexico is not doing nearly enough in apprehending & returning!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 24 de abril de 2019
O incidente militar a que se refere o presidente dos Estados Unidos foi revelado na sexta-feira passada à revista Newsweek e ocorreu em 13 de abril, quando cinco ou seis soldados mexicanos se aproximaram do veículo de dois efetivos do Exército terrestre estadunidense perto de Clint (Texas) e lhes apontaram suas armas, exigindo que abandonassem o automóvel.
O Pentágono afirma que investigou o incidente e concluiu que "os militares mexicanos acreditaram equivocadamente que os soldados estadunidenses estavam ao sul da fronteira com o México, mas estavam em território estadunidense", segundo a agência Efe.
A chancelaria mexicana assegurou, nesta quarta-feira em um comunicado, em tom de desculpa, que o ocorrido se deveu a que nessa zona "os limites da fronteira não são claros por conta da sua geografia", e salientou que esses incidentes são algo "comum" e não têm "consequências para ambos os governos".
As declarações de Trump até o momento não passaram da ameaça, ou, se muito, de uma confirmação dos planos para reforçar prontamente a missão militar, que já está há um ano ativa.
O Departamento de Defesa confirmou que o número de efetivos na fronteira ronda os 5 mil - dentre os quais 2.900 militares são ativos e 2 mil reservistas da Guarda Nacional.
Enquanto Trump exige mais ações do governo do México, o certo é que o presidente López Obrador (AMLO) endureceu sua resposta à chegada de imigrantes, e mantém detidos milhares de imigrantes da América Central há meses perto da fronteira com a Guatemala.
AMLO justificou em uma conferência de imprensa na manhã de terça a sua política de contenção dos imigrantes centro-americanos, para evitar que cheguem aos Estados Unidos. A declaração chegou depois da detenção nesta segunda-feira de 367 centro-americanos em Chiapas por membros do Instituto Nacional de Migração e da Polícia Federal.
Por trás de um discurso de suposto cuidado com os imigrantes, está o verdadeiro objetivo de atuar em comum com Trump: “Não queremos brigar com o governo dos Estados Unidos, não queremos confronto, temos uma relação de amizade”, disse durante a conferência de imprensa.
López Obrador insiste em sua colocação de que o governo estadunidense apoia o desenvolvimento na América Central com financiamento, evitando dizer que é justamente a ingerência imperialista dos Estados Unidos na região, junto às políticas dos organismos financeiros internacionais, como o Fundo Monetário Internacional, as causadoras da miséria e da violência das quais fogem os imigrantes centro-americanos.
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