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RIO GRANDE DO SUL | Transformar a greve dos professores do RS em uma grande causa popular

Os educadores do estado do Rio Grande do Sul se levantaram. A parcela de R$ 350 no início do mês foi a gota d’água, mas a greve que começou forte não para de crescer. De um lado, Temer, Sartori, Marchezan, com suas reformas, parcelamentos e pacotes de privatização. Do outros os professores e junto com eles seus alunos, as comunidades, os trabalhadores, a esmagadora maioria. Essa luta é de todos nós.

terça-feira 19 de setembro de 2017 | Edição do dia

Os professores do RS já se cansaram de tanta humilhação depois de quase dois anos de parcelamento, se cansaram do jogo de cena do sindicato. A greve que já pipocava aqui e ali antes mesmo de ser decretada se estendeu rapidamente pelo estado depois do dia 5/09. A Secretaria da Educação afirma que a greve é de 40%, o que já seria um número alto, mas tende a ser ainda maior e com espaço para crescer.

O apoio e a solidariedade com que contam os professores é enorme. São inúmeras as mostras de apoio dos estudantes e da comunidade escolar e não é a toa. A educação está sendo destruída à luz do dia e não são só os professores que são prejudicados. A contundência da greve e do apoio direto que recebe impede que o governo tente colar o discurso de que a greve é política da oposição ou coisa do PT.

Com a força da greve e todo esse apoio, é possível derrotar o governo Sartori e golpear ao mesmo tempo o governo Temer, mas é uma batalha difícil que os professores do RS não podem ganhar lutando sozinhos. Não é uma simples luta redistributiva, a crise é real e o que está em jogo é quem vai pagar por ela.

Nesse momento, o salário dos servidores está sendo usado como moeda de troca na assinatura do acordo de recuperação fiscal com o governo Temer. Porém esse acordo não resolve o problema estrutural da dívida com a união, apenas o empurra para a frente, em troca da privatização de boa parte do patrimônio publico do estado o que sequer garante que o estado vai superar sua crise e honrar com os salários nos próximos anos.

Os professores corretamente colocaram como parte da sua pauta de greve o rechaço a esse pacote de privatizações. Não caíram no engodo de ter o seu salário em troca de rifar o patrimônio público. Não podemos aceitar que a crise seja paga pelos professores e servidores, tampouco que quem pague a conta seja todo o povo gaúcho. Os mesmos políticos, empresários e banqueiros que são os responsáveis pela situação em que estamos é quem deve pagar a conta.

Basta de parcelamento de salários e cortes de verbas da saúde e educação. Com o dinheiro da divida com a União, com o fim das isenções de impostos às grandes empresas e com o confisco dos bens dos grandes sonegadores seria possível não só pagar os salários em dia mas acabar com a falta de professores com novas contratações e em obras públicas (como a construção de escolas e hospitais por exemplo) para combater o desemprego.

Essa greve é dos professores e representa uma luta que é de toda a classe trabalhadora gaúcha. Mas todo esse apoio que existe precisa se transformar numa grande corrente de solidariedade, num grande movimento de apoio aos professores e levar a uma mobilização unificada de todo o povo gaúcho contra Sartori e Temer.

A direção do sindicato dos professores, o Cpers, porém não leva adiante essa perspectiva. Não fez isso quando era possível em 2015, não fez isso nós últimos dois anos, e agora, frente a uma nova oportunidade, não está fazendo de novo.

É preciso que o Cpers e todos os sindicatos de servidores encabecem a convocação de um ato unitário, que envolva todos os sindicatos e organizações da juventude e coloque dezenas de milhares nas ruas de Porto Alegre. Um ato com 20, 30, 50 mil pessoas pode alterar a correlação de forças atual e de fato emparedar o governo, bem como retomar o caminho aberto pelo dia 28 de abril. É possível e necessário que o Cpers faça uma grande agitação, com dezenas de milhares de panfletos, cartazes, carros de som percorrendo as ruas, publicidade paga nos ônibus, trens e jornais. Temos que mostrar a força do povo gaúcho ao lado dos professores e fazer Sartori e Temer tremerem.

Um ato como esse já mudaria a situação que a grande mídia está tentando impor, de silenciar a força da greve. Ele poderia ser acompanhado de outras iniciativas, como invadir as redes sociais com o apoio aos professores através de uma campanha de fotos em cada escola e em cada comunidade, em cada local de trabalho, como parte também de juntar recursos para um grande fundo de greve. E toda essa campanha poderia culminar numa grande dia de greve geral no estado, convocado pelas centrais sindicais, unificando a luta contra Temer, Sartori e Marchezan.

Ao mesmo tempo que apontamos essa perspectiva, sabemos que esse não é o interesse da cúpula das centrais sindicais – que traíram ou esvaziaram o movimento desde a paralisação de 30 de junho, nem da direção majoritária do Cpers. A partir do Movimento Nossa Classe, da Faísca e do Pão e Rosas e do MRT, colocamos nossas forças nessa batalha, abrindo as páginas do Esquerda Diário para a luta dos professores. Nos dirigimos também aos parlamentares do PSOL que podem colocar seus mandatos e serviço da luta dos professores ajudando a mobilizar a população, a construir o fundo de greve e a furar o bloqueio da mídia. Nos dirigimos aos núcleos de oposição, em particular os de Porto Alegre e região, pelo peso político da capital e a centrais sindicais combativas como a Conlutas, a tomar essa perspectiva em suas mãos e exercer uma pressão efetiva sobre o Cpers e as centrais para concretizar essa batalha. É possível vencer.




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