Nesta terça-feira, 15, trabalhadores da saúde mental ocuparam a Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas no DF exigindo a revogação da nomeação de Valencius Wurch como novo responsável pela área.
terça-feira 15 de dezembro de 2015 | 23:58
A ocupação ocorre após o Ministro da Saúde Marcelo Castro ter nomeado Valencius Wurch, que foi diretor do maior manicômio privado do Brasil, a casa Dr. Eiras, que foi fechada após diversas denúncias de maus tratos a pacientes e a intervenção federal. Além de sua atuação nessa instituição conhecida por suas relações íntimas com a ditadura e o tratamento desumano a pacientes, Wurch também tornou-se conhecido por ser um notório adversário da luta antimanicomial, que, após décadas de mobilização, conquistou a reforma psiquiátrica durante o governo de FHC – uma das mais importantes modificações na saúde mental do país na batalha contra o modelo carcerário e desumano de tratamento de pacientes psiquiátricos.
A nomeação de Wurch gerou reação imediata dos trabalhadores da saúde mental, com um manifesto divulgado no mesmo dia. A ocupação que ocorreu nessa terça foi uma iniciativa de diversos movimentos sociais da saúde mental, como a Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial (RENILA), o Movimento Pró-Saúde Mental do Distrito Federal, a ONG Inverso, a Liga Acadêmica de Saúde Mental e Cultura (Lasmec - UnB), o Clube dos Amigos da Saúde Mental do Distrito Federal, a TV Sã, em conjunto com trabalhadores da saúde mental, familiares e pessoas atendidas pela Rede de Atenção Psicossocial (Raps).
Na segunda-feira, 14, ocorreu uma primeira manifestação coordenada no país, em cerca de 80 cidades brasileiras, o "Abraça RAPS", em que foram realizados abraços simbólicos às instituições desta rede, que representa a transformação ocorrida em oposição aos manicômios.
Após a ocupação desta terça, uma audiência pública foi realizada com o Ministro da Saúde e diversas lideranças do movimento pela revogação da nomeação de Wurch. Contudo, o ministro não cedeu e a nomeação persiste. Portanto, a Coordenação permanece ocupada, mesmo tendo sido isolada pela polícia, que impede a entrada de pessoas ou mantimentos. A atualização do movimento pode ser acompanhada pela página da ocupação no Facebook.
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